quarta-feira, 3 de julho de 2024

O percurso dos campeões europeus: Grécia em 2004

Grécia chocou o continente ao vencer o Euro 2004
Apesar de os seus principais clubes serem relativamente competitivos nas competições europeias, a Grécia só tinha marcado presença em duas fases finais até 2004: Euro 1980 e Mundial 1994. Mas as coisas começaram a mudar ainda durante a fase de apuramento para o Campeonato da Europa realizado em Portugal, com a seleção helénica a vencer o Grupo 6 de qualificação, à frente de Espanha e da Ucrânia.
 
Ainda assim, os gregos aparentavam ser o patinho feio do Grupo A da fase final, mesmo reencontrando Espanha. Portugal era a seleção anfitriã e a Rússia tinha mais experiência nestas andanças.
 
A campanha helénica começou precisamente no jogo inaugural do torneio, frente a Portugal no Estádio do Dragão. Depois de uma cerimónia de abertura com pompa e circunstância, que contou com Nelly Furtado a cantar “Força”, o hino do Euro 2004, a Grécia entrou praticamente a ganhar, graças a um golo de fora da área de Georgios Karagounis logo aos sete minutos. O selecionador português Luiz Felipe Scolari trocou Rui Costa e Simão Sabrosa por Deco e Cristiano Ronaldo ao intervalo, mas uma das primeiras ações de Ronaldo no encontro foi precisamente cometer um penálti sobe Seitaridis que Basinas converteu em golo (51’). O melhor que Portugal conseguiu até ao apito final foi reduzir a desvantagem, por Cristiano Ronaldo, que se elevou mais alto do que toda a gente na área helénica para marcar de cabeça ao cair do pano, na sequência de um canto de Figo (90’).
 
“Não quero exagerar, mas esta foi a maior vitória de sempre da Grécia. Amanhã é domingo e todos os gregos certamente que enfeitarão as janelas das suas casas com muitas bandeiras do país”, afirmou o selecionador Otto Rehhagel após a partida.
 
 
 
No encontro seguinte, a Grécia voltou à Invicta, desta feita para defrontar Espanha no Bessa. La roja até começou melhor, com Morientes a abrir o ativo à passagem da meia hora (29’). Contudo, Charisteas estreou-se a marcar nesse Europeu aos 66’, empatando a partida.
 

 
Com quatro pontos e perante o Espanha-Portugal da última jornada, só uma conjugação muito desfavorável é que afastaria a Grécia dos quartos de final. Os gregos até sucumbiram no Estádio Algarve diante da Rússia, perdendo por 2-1. Kirichenko inaugurou o marcador com aquele que na altura se tornou o golo mais rápido dos Europeus, aos 67 segundos, e Bulykin fez o 2-0 aos 17 minutos, mas Vryzas reduziu a desvantagem aos 43’. Caso o resultado final tivesse sido 2-0, e tendo em conta a vitória de Portugal sobre Espanha pela margem mínima, a seleção helénica teria sido eliminada devido ao saldo de golos. Assim, a Grécia passou com quatro pontos e 4-4 em golos, enquanto os espanhóis foram eliminados com quatro pontos e 2-2 em golos.
 
 
 
Se a Grécia já era a grande surpresa do torneio, consolidou esse estatuto nos quartos de final, quando eliminou a campeã europeia França, à qual nunca havia ganho e que vinha de nove partidas sempre a marcar em Europeus. Charisteas apontou o único golo do encontro disputado em Alvalade aos 65 minutos.
 
 
 
As meias-finais marcaram o regresso da Grécia ao Estádio do Dragão, desta vez para defrontar a também sensacional República Checa, que havia vencido todos os jogos do seu grupo, que incluía Holanda, Alemanha e Letónia, e cilindrado a Dinamarca nos quartos de final (3-0).
 
Depois de um empate a zero no final dos 90 minutos, a decisão foi adiada para o prolongamento. O central Dellas inaugurou o marcador aos 105 minutos e instantes depois soou o apito final, uma vez que estava em vigor a regra do golo de prata, através da qual a vitória era atribuída à equipa que chegasse em vantagem ao intervalo do prolongamento.  
 
Mas nem tudo eram rosas na comitiva helénica, uma vez que jogadores e federação ainda discutiam os prémios de jogo sobre a passagem às meias-finais, tendo o capitão Zagorakis pedido 300 mil euros para cada um dos convocados.
 
A partida ficou ainda marcada por alguma polémica, com o árbitro italiano Pierluigi Collina a despedir-se das grandes competições com uma atuação fraca, não tendo assinalado um penálti de Dellas sobre Koller na segunda parte. Por outro lado, exibiu um cartão amarelo exagerado a Karagounis que retirou o médio grego da final.
 
 
 
Na final, houve uma reedição do jogo de abertura do torneio, Portugal-Grécia, desta vez no Estádio da Luz. Tal como na ocasião anterior, os gregos levaram a melhor, mas desta vez bastou um golo solitário de Charisteas aos 57 minutos, na sequência de um canto de Basinas. Foi a primeira vez que o campeão só marcou um golo na final. E Otto Rehhagel tornou-se no selecionador mais velho a vencer um Europeu, aos 65 anos.
 
“É uma grande data para o futebol grego. Compreendo a vossa deceção porque atacaram e nós defendemos, mas o futebol é assim. E levantei a taça no meu estádio”, afirmou o lateral esquerdo Fyssas, que na altura jogava no Benfica.
 
 
 

Os campeões

 
Guarda-redes: Antonios Nikopolidis e Kostas Chalkias (ambos Panathinaikos) e Fanis Katergiannakis (Olympiacos)
 
Defesas: Giourkas Seitaridis e Giannis Goumas (ambos Panathinaikos), Stylianos Venetidis (Olympiacos), Nikos Dabizas (Leicester City), Traianos Dellas (Roma), Takis Fyssas (Benfica) e Michalis Kapsis (AEK Atenas)
 
Médios: Angelos Basinas (Panathinaikos), Theodoros Zagorakis, Vasilios Tsiartas, Kostas Katsouranis e Vasilios Lakis (todos AEK Atenas), Stelios Giannakopoulos (Bolton), Pantelis Kafes e Georgios Georgiadis (ambos Olympiacos) e Giorgos Karagounis (Inter)
 
Avançados: Angelos Charisteas (Werder Bremen), Demis Nikolaidis (Atlético Madrid), Zisis Vryzas (Fiorentina) e Dimitrios Papadopoulos (Panathinaikos)
 
Selecionador: Otto Rehhagel 





 



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