quinta-feira, 21 de setembro de 2023

As últimas oito vezes em que o Fabril defrontou equipas das ligas profissionais na Taça

Fabril recebeu o FC Porto no Alfredo da Silva em 2020
Em vésperas de receber o Marítimo (este sábado, às 11:00) em jogo da 2.ª eliminatória da Taça de Portugal, o Grupo Desportivo Fabril do Barreiro vai defrontar pela nona vez uma equipa das ligas profissionais na prova rainha desde que em 1976 caiu para as divisões secundárias do futebol nacional.
 
Depois de ter estado 22 anos sem qualquer confronto com equipas da I Divisão ou da II Liga (criada em 1990-91), a antiga CUF e Quimigal matou as saudades de adversários desse calibre em 2012-13 e nos últimos anos tem mesmo ganhado o hábito de os defrontar: vai para o quarto confronto frente a oponentes de ligas profissionais desde 2019-20.
 
Nesses oito duelos anteriores, a turma de Lavradio só saiu a sorrir por uma vez, mas numa ocasião obrigou o adversário primodivisionário a um jogo de desempate.
 
Vale por isso a pena recordar os últimos oito confrontos entre o Fabril e clubes das ligas profissionais na Taça de Portugal.
 
1976-77: Oitavos de final
CUF 4-3 Vitória de Guimarães (13 de março de 1977)
Em 1976-77 a CUF vivia a sua primeira época desde 1953-54 fora da I Divisão, mas perseguia o sonho de lá voltar e contava no plantel com jovens promessas como os futuros internacionais portugueses Frederico e Carlos Manuel.
Depois de eliminar Esperança de Lagos, Lousanense, Juventude de Évora e Benavente, os fabris proporcionaram uma tarde de Taça no Estádio Alfredo da Silva.
Os visitantes abriram a contagem aos nove minutos, por Ferreira da Costa, mas Eduardo igualou o resultado aos 27’. Abreu fez o segundo para os vimaranenses, mas João Pedro restabeleceu a igualdade na transformação de uma grande penalidade. Abreu fez o 2-3 para os minhotos, mas Eduardo apontou o 3-3. Já na segunda parte do prolongamento, Carlos Manuel desfez definitivamente o nó e deu o triunfo à então denominada CUF.
“Se é verdade que os vimaranenses estiveram por três vezes em vantagem no marcador, não é menos certo de que os fabris nunca deixaram de entusiasticamente replicar”, escreveu o Diário de Notícias.
 


1977-78: 32 avos de final
CUF 0-8 Benfica (1 de dezembro de 1977)
Menos de nove meses depois de eliminar o Vitória de Guimarães, a CUF recebeu novo primodivisionário, logo o Benfica.
Depois de resistir durante meia hora, talvez com a ajuda do nevoeiro intenso que se fazia sentir, os fabris sucumbiram e foram goleados pelos encarnados de Mário Wilson: Vítor Baptista (31 minutos), Toni (44’), Nené (57’ e 84’), António Bastos Lopes (63’), Pietra (65’ e 70’) e Mário Wilson Jr. (87’) marcaram os golos encarnados.
“Meia hora antes do começo do jogo ainda não havia a certeza se ele se efetuaria devido ao nevoeiro pois de uma baliza mal se avistava a outra. No entanto, o nevoeiro acabou por se dissipar totalmente e o jogo decorreu debaixo de sol. As duas equipas iniciaram o encontro sem grandes pressas, oferecendo aos milhares de espetadores um jogo bonito e com fases de bom futebol. O Benfica iniciou a contenda com visível calma na certeza de que os golos acabariam por aparecer o que se verificou como o próprio resultado do encontro indica. Por seu lado a CUF tentou sempre a sua sorte, tendo por duas ou três vezes Bento sido obrigado a intervir com dificuldade”, podia ler-se no Diário de Notícias.
  


1979-80: 64 avos de final
Benfica 3-0 CUF (2 de dezembro de 1979)
Dois anos depois, o reencontro entre Benfica e CUF, desta feita no Estádio da Luz e com um resultado um pouco mais simpático para os fabris.
Após 35 minutos de resistência por parte da equipa que viajou desde o Barreiro, o central benfiquista Humberto Coelho virou avançado e bisou no final da primeira parte (35 e 40 minutos). No início do segundo tempo, um autogolo de Oliveira estabeleceu o resultado final (46’).
“Foi preciso efetivamente Humberto Coelho com o seu inconformismo, com o arreganho de quem pretende redimir pecadilhos próprios e alheios sair de lá do seu reduto defensivo e assumir o papel que os avançados tão mal vêm desempenhando para se calar o coro de assobios de descontentamento vindo do terceiro anel a partir dos 25 minutos”, podia ler-se no Diário de Notícias.
 

 
1980-81: 16 avos de final
Quimigal 1-1 Sp. Braga (1 de março de 1981)
Sp. Braga 2-0 Quimigal (3 de março de 1981)
Já com sob a designação de Quimigal, e numa altura em que permanecia na II Divisão Nacional, o emblema do Lavradio recebeu a visita do primodivisionário Sp. Braga no Estádio Alfredo da Silva e deu boa réplica, levando a eliminatória para o Minho.
Depois de Cavungi ter dado vantagem aos arsenalistas no final da primeira parte, Venâncio empatou o jogo no segundo tempo. “Pareciam ambos da I Divisão”, era o título da crónica do Diário de Notícias. “O Quimigal mereceu indiscutivelmente, o jogo de desempate, em Braga. E se tem ido mais longe, isto é, se tem conseguido afastar os bracarenses da Taça, tal não escandalizaria”, podia ler-se no início do texto.
No Estádio 1º de Maio, dois dias depois, o Sp. Braga aplicou a lei do mais forte e resolveu o assunto ainda na primeira parte, graças aos golos de Carlos Iglesias (26 minutos) e Chico Faria (32’). “Ante o seu público, e no seu próprio terreno, os bracarenses não tiveram dificuldades de maior em levar de vencida o conjunto do Barreiro”, podia ler-se no Jornal de Notícias.


 
 
2012-13: Oitavos de final
Belenenses 4-0 Fabril (2 de dezembro de 2012)
Mais de 20 anos depois, o já denominado Fabril, então na III Divisão Nacional, defrontou um adversário de uma liga profissional, no caso o Belenenses da II Liga, e nos oitavos de final, uma etapa da Taça de Portugal que não era atingida pelo conjunto do Lavradio desde 1976-77.
Orientados pela antiga glória Conhé, os fabris resistiram durante toda a primeira parte e ainda deram um ar de sua graça no ataque, mas acabaram goleados. Rambé (50 e 73 minutos), Paulo Roberto (77’) e Arsénio (83’) marcaram os golos dos azuis no Restelo.
“Apesar da maior posse de bola dos azuis, o Fabril tentava aproveitar todas as oportunidades que surgiam para sair em contra-ataque e a verdade é que construiu uma mão cheia de incursões perigosas, que colocaram em sentido a defensiva local. A resistência da equipa da III divisão durou até aos primeiros minutos da etapa complementar, quando Rambé desfez o nulo, numa altura em que começou a ficar bem patente a falta de andamento dos visitantes”, escreveu o Record.
“Oportunidade única este sábado no Restelo para assistir a uma reedição de um embate entre o Belenenses e o Fabril Barreiro, o herdeiro da histórica CUF, num duelo que se repetiu vezes sem conta nas décadas de 50, 60 e 70 do século passado. Um embate que ainda foi rasgadinho na primeira parte, como manda a tradição, mas que, na segunda, foi facilmente resolvido pelos azuis que, assim, garantem, pela 34.ª vez no seu rico historial, a qualificação para os quartos de final da Taça de Portugal. Os operários do Barreiro, sob o comando do também histórico Conhé, ainda ofereceram boa réplica ao longo de toda a primeira parte e até podiam ter conseguido um golito, mas depois caíram com estrondo diante dos senhores do Restelo, num segundo tempo em que os do Barreiro já não tiveram pernas para suster a maior velocidade que o adversário impôs ao jogo”, podia ler-se no Maisfutebol.
 

 
2019-20: 3.ª eliminatória
Fabril 3-1 Moreirense (19 de outubro de 2019)
Quase 38 anos depois, o Estádio Alfredo da Silva testemunhou a visita de uma equipa da I Liga à CUF/Quimigal/Fabril em partida da Taça de Portugal, o Moreirense.
Os minhotos, comandados por Vítor Campelos, chegaram ao golo ao minuto 24, por intermédio de Pedro Nuno, que dilatou a vantagem aos 68’. Fábio Abreu fez o terceiro golo dos cónegos, aos 79’, antes de Celestino, através de um livre direto magistralmente executado, marcar o tento de honra dos fabris, então orientados pelo jovem Filipe Romão.
“Não houve surpresa no Barreiro. O Moreirense visitou o Fabril e confirmou o favoritismo, num encontro em que a equipa do Campeonato de Portugal até entrou bem, mas acabou por quebrar graças a uma tarde inspirada de Pedro Nuno”, escreveu o jornal O Jogo.
 
 
 
 
2020-21: 3.ª eliminatória
Fabril 0-2 FC Porto (21 de novembro de 2020)
Quis o destino que o Alfredo da Silva voltasse a receber um dos três grandes do futebol português… num jogo à porta fechada, devido às restrições para combater a disseminação do vírus covid-19. No entanto, receber o FC Porto não deixou de ser um motivo de festa, nem que fosse pela cobertura mediática e pela transmissão do jogo ao vivo.
A resistência do Fabril, então comandado por João Miguel Parreira, durou até ao final da primeira parte, quando Toni Martínez adiantou os dragões, então orientados por Sérgio Conceição. No início do segundo tempo, Taremi estabeleceu o resultado final (51’).
“Não houve surpresa no Barreiro. O FC Porto impôs a sua lei, a do mais forte, e eliminou o Fabril da Taça de Portugal, numa tarde tranquila em que Diogo Costa não fez uma única defesa. Sérgio Conceição, como era de esperar, revolucionou o onze para dar minutos aos menos utilizados, mas, ao contrário do que acontece muitas vezes nestas ocasiões – em todos os clubes grandes, diga-se –, não faltou compromisso e seriedade a este lado B do Dragão. Toni Martínez estreou-se a marcar de azul e branco num momento de enorme inspiração (pontapé de moinho) e Taremi, que foi o seu companheiro no ataque, fez o outro golo. Um a terminar a primeira parte, o outro a abrir a segunda para carimbar o apuramento”, podia ler-se no jornal O Jogo.
 
 
 
2022-23: 2.ª eliminatória
Fabril 2-6 Académico de Viseu (2 de outubro de 2022)
Depois de duas receções a clubes da I Liga, desta feita quem visitou o Estádio Alfredo da Silva foi um emblema do segundo escalão, o Académico de Viseu, então comandado por Jorge Costa.
Os viseenses inauguraram o marcador bastante cedo, logo aos seis minutos, e aumentaram a vantagem aos 20’, o que abriu o jogo e levou a uma goleada. Para os beirões marcaram André Clóvis (6’), Gauthier Ott (20’ e 22’), Jonathan Toro (45+4’), André Almeida (60’) e Famana Quizera (81’), enquanto Fabrício Garcia (25’, g.p.) e França (37’) faturaram para os fabris orientados por João Nuno.
“O Académico de Viseu está na próxima fase da Taça de Portugal depois de golear o Fabril por 6-2. A equipa da casa conseguiu equilibrar a eliminatória, principalmente na primeira parte, mas a diferença na eficácia que se notou nas duas formações valeu um desfecho penalizador e que não espelha fielmente o duelo renhido que se viu no Barreiro”, escreveu o jornal O Jogo.
 











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