sábado, 4 de dezembro de 2021

Onze ideal de jogadores que passaram por Vitória FC e Cova da Piedade

Vitória e Cova da Piedade medem forças na Liga 3
Embora sejam dois clubes do distrito de Setúbal, Vitória Futebol Clube e Cova da Piedade apenas mediram forças por quatro vezes, durante as duas temporadas em que coincidiram na II Divisão – Zona Sul, 1961-62 e 1986-87. Com uma história muito mais rica, os sadinos venceram três desses quatro duelos.
 
No entanto, nos últimos anos os piedenses aproximaram-se do nível dos setubalenses, fruto da ascensão à II Liga em 2016. Desde então que têm sido adversários habituais em partidas de pré-época.
 
Em 2020-21, por força da descida administrativa do Vitória ao Campeonato de Portugal, o Cova da Piedade competiu uma divisão acima. Sol de pouca dura, porque outra decisão administrativa atirou a formação do concelho de Almada para a Liga 3, patamar em que os vitorianos também militam na presente temporada.
 
Apesar de estarem a competir no mesmo nível apenas pela terceira vez em toda a história, o Vitória tem tido nos seus quadros jogadores que já tinham pertencido ao Cova da Piedade e vice-versa.
 
Vale por isso a pena conferir o nosso onze ideal de futebolistas que passaram pelos dois clubes, distribuídos em campo num sistema que está muito na moda, o 3x4x3.
 
 

Pedro Espinha (guarda-redes)

Pedro Espinha
Guarda-redes formado no Belenenses, representou o Cova da Piedade e o Vitória de Setúbal em fases completamente opostas da carreira.
Nos piedenses ingressou na primeira época de sénior, 1984-85, na altura para jogar na II Divisão Nacional e para participar na caminhada até aos oitavos de final da Taça de Portugal.
Entretanto Pedro Espinha tornou-se um guardião de I Divisão, somou seis internacionalizações pela seleção nacional A, esteve inclusivamente entre os convocados para o Euro 2000 e passou por clubes como Belenenses, Salgueiros, Vitória de Guimarães e FC Porto.
No verão de 2002 trocou as Antas pelo Bonfim, à beira dos 37 anos, para defender a baliza sadina durante a última temporada da carreira, tendo disputado 19 jogos e sofrido 29 golos em todas as competições, numa campanha em que os setubalenses desceram à II Liga.
 
 

Francisco Silva (defesa central)

Francisco Silva
Defesa central setubalense e internacional jovem português, representou a equipa principal do Vitória de Setúbal durante mais de 125 vezes entre 1977 e 1984, sempre na I Divisão, naqueles que foram os seus primeiros anos de carreira.
Entretanto passou por Académica, Fafe, Barreirense, Vasco da Gama de Sines, Torres Novas e Mineiro Aljustrelense, despedindo-se dos relvados em 1993-94 com a camisola do Cova da Piedade. Comandado por Fernando Lage Nascimento, pai de Bruno Lage, sagrou-se campeão da I Distrital da AF Setúbal nessa temporada.
 
 

Sabú (defesa central)

Sabú

Defesa central nascido em Angola, iniciou a carreira no Vitória de Setúbal durante a era dourada do clube, em 1969-70. Embora nem sempre uma primeira opção na equipa sadina, participou em mais de quatro dezenas de encontros entre 1969 e 1978, sempre na I Divisão.
Seguiram-se passagens por Beira-Mar, Juventude Évora, Ginásio de Alcobaça, Torralta e Amarante antes de se aventurar no Cova da Piedade em 1986-87, numa temporada em que competiu na II Divisão Nacional às ordens do velho capitão Mário Wilson.
 
 

João Meira (defesa central)

João Meira
Um jogador mais recente, que dividiu a sua formação precisamente entre Cova da Piedade e Vitória de Setúbal. Dos juniores sadinos transitou diretamente para os seniores piedenses, onde teve a companhia do irmão Tiago, na altura para jogar na III Divisão Nacional.
Após uma passagem pelo Mafra, chegou às ligas profissionais pelo Atlético em 2011 e à I Liga pelo Belenenses em 2013, tendo inclusivamente festejado o título de campeão do segundo escalão ao serviço dos azuis do Restelo.
Entretanto foi para os Estados Unidos jogar ao lado de Bastian Schweinsteiger no Chicago Fire e passou ainda pelos campeonatos de Noruega e Roménia antes de ingressar no Vitória de Setúbal em 2019-20. Nessa temporada participou em dez jogos em todas as competições e ajudou os setubalenses a alcançarem, dentro de campo, uma permanência que acabou por ser invalidada na secretaria.
Na época que se seguiu ainda começou a trabalhar com o plantel vitoriano, mas acabou por regressar ao Cova da Piedade para voltar a viver uma permanência em campo transformada numa despromoção na secretaria.
“Infelizmente é impossível arriscar a minha carreira no contexto atual do Vitória. Parto de consciência completamente tranquila de que tudo fiz dentro das minhas possibilidades pelo Vitória (gostava de ter feito muito mais). A falta de informação ou a tal ‘luz ao fundo do túnel’ teima em não aparecer e terei que prosseguir com a minha vida em outro lugar. Aqui fica o meu adeus com um grande grito de revolta, sem saber como foi possível tudo isto acontecer”, escreveu nas redes sociais aquando da saída do Bonfim.
“O Cova da Piedade, no concelho de Almada, está a cinco minutos de Lisboa, pela ponte [25 de Abril], com praias fantásticas, o que já é um excelente chamariz. Tem um estádio que não é fantástico, mas tem todas as condições para o atleta. Falta alguma cooperação com a Câmara Municipal e promover mais a imagem do clube. Tem um potencial louco que devia ser muito bem aproveitado”, afirmou dias depois, após assinar pelos piedenses.
 
 
 

Tó Sá (lateral direito)

Tó Sá
Lateral direito que concluiu a formação no Cova da Piedade, transitou para a equipa principal em 1986-87, tendo jogado ao longo de quatro temporadas em três patamares competitivos: II e III Divisão Nacional e I Distrital da AF Setúbal.
Entre 1990 e 1994 representou o Amora, que na altura alternava entre a II Liga e a II Divisão B, tendo depois rumado ao Vitória de Setúbal, clube pelo qual amealhou 65 jogos oficiais e três golos ao longo de três temporadas, tendo vivido uma subida e uma descida de divisão.
Entretanto transferiu-se para a Académica no verão de 1997 e acabou por se radicar na região Centro. Contudo, haveria de voltar ao Cova da Piedade em 2019-20 para desempenhar a função de treinador-adjunto da equipa principal, tendo na época seguinte assumido o comando técnico da equipa B.
 
 

Cerdeira (lateral esquerdo)

Cerdeira
Jogador polivalente, capaz de atuar em todas as posições da defesa e em algumas do meio-campo, é aqui colocado como lateral esquerdo apenas por uma questão de conveniência.
Nascido em Coimbra, formou-se no Sporting e chegou mesmo a representar a equipa principal dos leões entre 1976 e 1980, tendo conquistado um campeonato e uma Taça de Portugal.
No entanto, em Alvalade não jogava com regularidade e por isso assinou pelo Vitória de Setúbal em 1980. Numa altura em que os sadinos já não viviam no seu período áureo, Cerdeira disputou mais de 100 jogos e apontou pelo menos quatro golos pelos setubalenses em todas as competições ao longo de cinco temporadas.
Em 1985-86 representou o Marítimo e na época que se seguiu vestiu a camisola do Cova da Piedade na II Divisão Nacional, tendo sido orientado por Mário Wilson.
 
 
 

Paulo Tavares (médio)

Paulo Tavares
Médio portuense dotado de grande precisão de passe longo, ingressou no Vitória de Setúbal no verão de 2012, proveniente do Leixões. Nem sempre um titular indiscutível, amealhou 104 jogos e nove golos em todas as competições pelo emblema sadino ao longo de quatro temporadas, tendo contribuído para a obtenção do 7.º lugar na I Liga em 2013-14, naquela que foi uma das melhores classificações dos setubalenses no século XXI.
No verão de 2016 terminou contrato com os vitorianos e emigrou para Inglaterra, onde representou o Port Vale às ordens de Bruno Ribeiro (já lá vamos…), mas um ano depois regressou a Portugal pela porta do Cova da Piedade, tendo participado em 21 jogos em todas as provas numa época em que os piedenses lograram a sua melhor classificação de sempre na II Liga, o 9.º lugar.
 
 
 

Jorge Jesus (médio)

Jorge Jesus
Bem mais conhecido pela carreira que tem feito enquanto treinador, Jorge Jesus foi um médio que concluiu a formação no Sporting e foi emprestado pelos leões ao Cova da Piedade na primeira época de sénior, 1972-73, na altura para jogar na II Divisão Nacional.
Entretanto também esteve cedido a Peniche e Olhanense, voltou ao Sporting e passou ainda por Belenenses, Riopele, Juventude Évora e União de Leiria antes de ingressar no Vitória de Setúbal durante o verão de 1980, quando tinha 26 anos. Embora não fosse propriamente um titular indiscutível, amealhou mais de 38 jogos e quatro golos ao serviço dos sadinos ao longo de três temporadas.
Mais tarde, foi treinador dos setubalenses entre outubro de 2000 e janeiro de 2002. Quando chegou ao Bonfim para suceder a Rui Águas, o Vitória era 7.º classificado na II Liga, tendo ainda perdido os dois primeiros jogos no campeonato. No entanto, a partir daí a equipa desatou a ganhar e conseguiu a promoção à I Liga nos minutos finais da última jornada, numa receção à Naval. “Queria dedicar esta vitória a esta massa associativa. Esta cidade tem uma paixão pelo futebol que, tirando Benfica, Sporting e FC Porto, mais ninguém tem. Ninguém consegue arrastar tanta gente atrás como o Vitória arrastou aqui hoje, 30 mil pessoas, todos eles vitorianos. Esta subida à I Liga vai inteiramente para os sócios e simpatizantes”, afirmou Jorge Jesus após o encontro decisivo.
Na época seguinte até nem começou mal, tendo amealhado três vitórias nas primeiras cinco jornadas. No entanto, depois não conseguiu evitar uma queda a pique que atirou a equipa para o 17.º lugar e acabou por não resistir aos maus resultados, tendo sido substituído por Luís Campos.
 
 
 

Arnold (atacante)

Arnold
Extremo velocíssimo sobrinho e primo de dois antigos jogadores vitorianos, Kuyangana Makukula e Ariza Makukula, respetivamente, fez jus à tradição familiar quando assinou pelo Vitória de Setúbal no verão de 2015, depois de três anos no Desp. Chaves.
A primeira época no Bonfim, sob o comando técnico de Quim Machado e a jogar quase sempre no corredor lateral, foi aquela em que mais brilhou, com cinco golos em 33 partidas. Nas temporadas que se seguiram, com José Couceiro como homem do leme, “Chico” foi adaptado a lateral e continuou a ser bastante utilizado. Ao cabo de três temporadas à beira-Sado acumulou 101 jogos e seis golos em todas as competições, tendo participado na caminhada até à final da Taça da Liga em 2017-18.
No verão de 2018 mudou-se para os indianos do Mumbai City, tendo ainda passado pelos franceses do Caen e pelo Farense antes de representar o Cova da Piedade em 2020-21, numa época em que disputou 27 encontros em todas as competições e marcou um golo.
 
 
 

Arnaldo Silva (atacante)

Arnaldo Silva
Avançado nascido na Guiné-Bissau formado no Vitória de Setúbal, representou a equipa principal dos sadinos entre 1969 e 1971 e posteriormente em 1974-75, tendo passado pelo Benfica de Luanda pelo meio. Ao serviço dos setubalenses, amealhou cerca de dezena e meia de jogos e um golo ao longo das duas passagens pelo clube.
Entretanto passou por clubes como Esperança de Lagos, Marítimo, Portimonense, Académico Viseu, Belenenses, Beira-Mar e Torreense antes de ingressar no Cova da Piedade em 1984-85, na altura para jogar na II Divisão Nacional.
 
 

Edinho (avançado)

Edinho
Neste onze ideal de jogadores que passaram pelos dois clubes, cabe no ataque Arnaldo Silva e o seu filho, Edinho, que por influência do pai sempre foi um simpatizante do Vitória de Setúbal, clube que representou pela primeira vez enquanto iniciado em 1995-96.  “O meu pai foi com 17 anos para o clube, então cresci a ver o que era o Vitória”, afirmou ao portal do Sindicato de Jogadores.
Mais tarde, enquanto sénior, esteve emprestado aos sadinos pelo Sp. Braga na primeira metade da época 2007-08, tendo marcado nove golos em 23 jogos e contribuído para uma caminhada que haveria de culminar na conquista da Taça da Liga e no apuramento para a Taça UEFA antes de se mudar para os gregos do AEK Atenas durante mercado de inverno. “Fiquei magoado com o presidente [da comissão de gestão, Carlos Costa] porque não teve uma atitude correta comigo. Deixou passar a mensagem de que eu é que quis ir embora quando na verdade o que aconteceu foi uma boa oportunidade para o Vitória de Setúbal encaixar algum dinheiro no final da época. Os adeptos ficaram a pensar que eu fui ingrato e isso não é verdade. Fiquei magoado por isso, mas não guardo rancor nenhum”, lamentou.
Entretanto tornou-se internacional português e representou clubes como Málaga, PAOK, Marítimo, Académica, novamente Sp. Braga e dois emblemas turcos antes de regressar ao Vitória de Setúbal em 2016-17. Nesta segunda passagem pelo Bonfim amealhou 71 jogos e 19 golos, ajudando os vitorianos a chegar à final da Taça da Liga em 2017-18.
Na hora da saída, revelou alguma mágoa. “A saudade estará presente todos dias, assim como o calor e o carinho de todos estes adeptos sadinos que me mostraram cada vez que orgulhosamente vesti esta camisola sagrada. Foi e será sempre um orgulho para mim este Enorme Vitória FC. Acho que merecia outro respeito por tudo que já dei ao Vitória, não me querendo bastava dizer ao invés de mandarem recados, 'se não assinaram é porque não querem ficar!' Eu entendi as entrelinhas e vi que não contavam comigo”, escreveu nas redes sociais.
Após uma aventura de um ano no Feirense, ingressou no Cova da Piedade no verão de 2019. Embora o seu trajeto no emblema piedense tivesse ficado marcado por uma lesão grave, Edinho foi a tempo de totalizar 31 partidas e onze golos pela formação azul-grená. “Só quando assinei pelo Cova da Piedade é que tive a perceção de que o meu pai já tinha passado pelo clube, mas é sempre gratificante representar um clube que ele representou e também uma responsabilidade acrescida”, contou ao Diário de Notícias em agosto de 2019.
 
 
 

Bruno Ribeiro (treinador)

Bruno Ribeiro
Médio/extremo setubalense formado no Vitória, transitou definitivamente para a equipa principal em 1994-95, apesar de ter sido convocado para um jogo na época anterior.
Após 46 jogos e três golos entre 1994 e 1997, com uma descida à II Liga e uma promoção à I Liga pelo meio, deu o salto para o Leeds United, clube que lhe deu a possibilidade de se tornar um dos primeiros portugueses a jogar na Premier League.
Após três anos e meio em Inglaterra, regressou a Portugal pela porta da União de Leiria em dezembro de 2000, tendo depois passado por Beira-Mar e Santa Clara antes de voltar ao Bonfim no verão de 2003, tendo contribuído para a promoção à I Liga nessa época de regresso. Em 2004-05 conquistou a Taça de Portugal, tendo voltado a atingir a final no ano seguinte, e em 2007-08 venceu a Taça da Liga. Nesta segunda passagem pelos sadinos, que durou até 2010, amealhou 162 partidas e oito golos.
Após encerrar a carreira de jogador, iniciou a de treinador, tendo dirigido a equipa principal do Vitória entre março de 2011 e fevereiro de 2012 e entre janeiro e maio de 2005. Em 2010-11 também comando a equipa de juvenis e em 2018-19 a de juniores.
Entretanto, assumiu o comando técnico do Cova da Piedade entre novembro de 2017 e maio de 2018, tendo levado os piedenses à melhor classificação da sua história, o 9.º lugar na II Liga, através de um saldo positivo de onze vitórias, nove empates, oito derrotas e 35-32 em golos em 28 jogos.
 











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