sábado, 25 de maio de 2019

Lage pelos amigos. "Para o tirar do sério é preciso muito, mas se for preciso dá dois berros"

Bruno Lage homenageou Jaime Graça na festa do título
Bruno Lage reconhece que o passado é a chave do presente e não esquece quem lhe deu a mão. Assim que teve um microfone por perto após a conquista do 37.º título nacional do Benfica, no sábado, aproveitou para dedicá-lo ao mentor Jaime Graça, à família e a dois outros treinadores que fizeram parte do seu percurso: Carlos Carvalhal, de quem foi adjunto nas últimas épocas, e José Rocha, que o incorporou pela primeira vez numa equipa técnica e que gradualmente lhe foi atribuindo mais responsabilidades.


"Quando ele estava a tirar o curso de educação física, o pai dele [Fernando Lage Nascimento] pediu-me para o ter na equipa técnica dos juvenis do Vitória de Setúbal e foi aí que começou. Vi logo que era um miúdo, naquela altura com uns 17 anos, muito dedicado e sempre em cima dos acontecimentos. Apontava tudo", recordou José Rocha ao DN, voltando à época 1997-98.

O antigo treinador, agora com 69 anos, conta que Bruno Lage "dava a preparação física, porque era de educação física", mas a competência demonstrada pelo jovem que tinha ao seu lado levou a que lhe fossem atribuídas mais responsabilidades. "Levei-o para o Estrela de Vendas Novas, pelo qual assinámos por dois anos com o intuito de subir à II Divisão B e manter. Ele brincava, não arranjava problemas e já ajudava na parte técnico-tática. Para mim foi uma ajuda extraordinária, porque era muito inteligente e preparava os treinos extraordinariamente bem. Depois subimos de divisão, porque trabalhávamos bem e tínhamos boas condições. O Estrela de Vendas Novas estava sempre a subir e a descer, mas nós subimos e mantivemos", lembrou, a propósito das temporadas 2002-03 e 2003-04. "Assim que acabavam os treinos, ia para casa estudar, ler e tinha uma noção muito grande daquilo que era o futebol. Ele era dedicadíssimo e não deixava escapar nada", acrescentou.

Falar em inglês para almoçar sem o treinador

Foi precisamente no clube do distrito de Évora que o atual técnico das águias conheceu Ricardo Jesus, então um médio experiente e contratado por indicação de José Rocha. "Tornámo-nos grandes amigos. O Bruno naquela altura tinha 20 e poucos anos e víamos o Bruno como mais um de nós, como mais um colega que entrava nas nossas brincadeiras e não como um elemento da equipa técnica", contou ao DN o antigo jogador de Vitória de Setúbal e Sp. Covilhã, clubes pelos quais chegou a atuar na I e II Ligas.

 Bruno Lage, José Rocha e Ricardo Jesus (todos em cima)
O ex-futebolista diz que "existem milhares" de histórias animadas com Bruno Lage, que prefere guardar para si e para o amigo, mas depois de muita insistência lá revelou uma. "Nós treinávamos de manhã e depois da parte da tarde não tínhamos nada para fazer, por isso queríamos almoçar e estar à vontade, mas para isso não podíamos levar o treinador. Como viajávamos todos na mesma carrinha e queríamos que o Bruno viesse connosco, como é que combinávamos as coisas dentro da carrinha sem que o treinador não se apercebesse? Decidimos falar em inglês, para o mister José Rocha não entender. Então o mister ia para um lado e nós passávamos as tardes todos juntos. Éramos meia dúzia de jogadores de Setúbal, mais a equipa técnica. Era uma brincadeira pegada. Éramos um bom grupo e também por isso conseguimos subir de divisão", revela o antigo médio, 50 anos.

"Para o tirarem do sério é preciso muito"

Nem deprimido nas eliminações da Taça de Portugal e da Liga Europa, às mãos de Sporting e Eintracht Frankfurt, nem eufórico com a conquista do campeonato apesar de se estar a estrear na alta-roda do futebol e de ter ajudado o Benfica a recuperar de uma desvantagem de sete pontos para o FC Porto. "É a maneira de ser dele. Ele parece que não está alegre, mas está. Não é de andar aos saltos, mas é alegre e divertido", garante José Rocha, a propósito da descrição do técnico nos festejos do título.

Sempre sereno, tranquilo e sem transparecer grandes emoções, o Bruno Lage de agora é o mesmo de sempre. "Quando eu gritava com um jogador, ele depois ia apaziguar os ânimos, conversava com o jogador: "tem calma, o mister tem razão". Estava logo em cima dele. Uma vez perdemos um jogo e, à terça-feira, enquanto eu fazia o resumo do que se tinha passado, ele montava os pinos. E quando cheguei ao campo desmontei aquilo tudo e ele continuava muito calmo e tranquilo", recorda José Rocha.

Ricardo Jesus concorda que "para o tirar do sério é preciso muito", pois "tem muito autocontrolo", mas salienta que o amigo tem "pulso forte". "Ele passa uma imagem que é verdadeira, uma imagem serena e de controlo emocional, mas sei que, a nível de treino, quando as coisas não correm bem, se for preciso ele dá dois berros e repreende quando tem de repreender. Quando tem de chamar à atenção, levantar a voz e corrigir as coisas, ele corrige", vinca, numa conversa conjunta esta segunda-feira em Setúbal. "Houve um árbitro que o irritou e expulsou-o [no Eintracht Frankfurt-Benfica]. Outros treinadores fazem pior e não lhes acontece nada", atirou José Rocha.

José Rocha e Ricardo Jesus, amigos de Bruno Lage

"Não o conheço como político"

Bruno Lage destacou-se durante as comemorações do título benfiquista no Marquês de Pombal, quando pediu aos adeptos para deixarem "a praça limpa" e incentivou-os a serem tão exigentes em áreas como a educação e a saúde como são com o futebol. Um discurso didático que foi interpretado por muitos como uma mensagem política, mas os amigos dele têm uma ideia diferente.

"Penso que as declarações dele foram para atingir o futebol, porque as pessoas estão em guerra umas com as outras e os dirigentes só arranjam problemas. A mensagem é para as pessoas que querem dar cabo do futebol. Não o conheço como político [risos]. Nunca foi pessoa de estar associada a algo na política. Falamos assim por alto umas coisas ou outras, mas queremos é que os partidos que estão no governo melhorem Portugal", frisou José Rocha.

"Aquilo da praça limpa foi mais uma coisa em jeito de brincadeira, como quando ele disse para terem cuidado com os abanões nos carros ainda antes de serem campeões. Ele tem razão com o que diz, porque parece que as pessoas são mais exigentes com o futebol do que com outras áreas que são realmente importantes, como a educação, a saúde ou os impostos", corroborou Ricardo Jesus.

Antes e depois de entrar no Benfica

Nem de militância política nem de grande fervor clubístico. Ao contrário de Rui Vitória, por exemplo, Bruno Lage nunca assumiu abertamente que é benfiquista, o que não quer dizer que não seja. Nem há mais de década e meia, quando este sonho estava bastante longe de ser uma realidade, o clubismo fazia parte das conversas do setubalense.

"Nunca falámos muito disso. Eu sei que ele gosta muito do Vitória de Setúbal, porque é de Setúbal, mas tenho a impressão que ele sempre teve uma costela benfiquista. E depois quando entra para o Benfica veste-se todo de vermelho", acredita Ricardo Jesus. "Influência do pai", sobrepõe José Rocha.

A entrada para a formação do Benfica é promovida por Jaime Graça, que Bruno Lage homenageou na festa do título. "Depois de o Bruno ter estado comigo, foi trabalhar com o Jaime Graça para o Fazendense, de Almeirim. Ele viu nele o que eu também vi. O Jaime Graça era uma pessoa fabulosa. Ele adorava trabalhar com miúdos. Viu que ele tinha qualidade para trabalhar no Benfica e levou-o", recorda José Rocha, extremo que jogou no Vitória de Setúbal em 1969/70 e chegou a treinar com Jaime Graça quando ainda era júnior.
Bruno Lage surpreendeu com discurso no Marquês de Pombal

O antigo extremo de Vitória de Setúbal, Benfica e seleção nacional, falecido em 2012, não foi apenas o homem que levou Lage para o Benfica. Também era um amigo com o qual o setubalense passava horas e horas a conversar. "O Jaime Graça era uma pessoa extraordinária. Foi talvez a pessoa que eu conheci que melhor entendia o jogo. Vê um miúdo a andar e vê logo se é jogador ou não. O Bruno teve a sorte de o encontrar no seu percurso. Quando foram para o Benfica, falavam muito sobre aspetos técnico-táticos, treino, exercícios, ciclos semanais de treino...", lembra Ricardo Jesus, orientado por Jaime Graça no Caldas em 1990-91.

Em 2004/05, Lage iniciou um percurso com passagens por todos os escalões dos encarnados, dos benjamins aos seniores, com incursões pela academia do Al Ahli (Emirados Árabes Unidos) e como adjunto de Carlos Carvalhal nos ingleses do Sheffield Wednesday e do Swansea pelo meio. "As pessoas só começaram a ouvir falar dele agora, mas o Bruno já tem um trajeto de largos anos e com um nível de exigência muito grande. Já foi campeão nacional pelos escalões mais jovens e há jogadores que estão na alta-roda do futebol europeu que já passaram por ele", frisa Ricardo Jesus.

"Ninguém pensava que o Benfica ia ser campeão"

Quando Bruno Lage assumiu o comando técnico da equipa principal do Benfica, os amigos acreditavam que iria haver um efeito positivo na equipa, mas não se atreveriam a arriscar naquela altura que os encarnados seriam campeões. "Sabíamos que ia acontecer alguma coisa, que ia mexer com os jogadores e que eles iam sentir-se mais à vontade, mais libertos. Mas o Benfica estava a sete pontos do FC Porto e o FC Porto tinha a equipa consolidada, a fazer boas exibições, e é lógico que naquela altura ninguém pensava que o Benfica ia ser campeão", confessa Ricardo Jesus.

"É óbvio que estava a sete pontos, mas sabíamos como ele trabalhava e que aquilo que se ia passar ia ser diferente. Melhorou bastante a equipa e foi ganhando jogos. O trabalho dele foi excelente, maravilhoso", sublinha José Rocha. "Eu gostava de ir buscar os jogadores que queria, e então o balneário era uma maravilha, porque tinham sido todos escolhidos por mim. E ele também tem feito isso. Foi buscar os miúdos e houve dois pontas de lança [Castillo e Ferreyra] que ele dispensou", repara o antigo treinador. "Penso que esses ensinamentos foi buscar ao mister José Rocha, para ter todos os jogadores com ele", acrescentou Ricardo Jesus.

O sucesso e as origens motivaram desde cedo comparações entre Bruno Lage e José Mourinho, mas para os amigos esse paralelismo é ingrato. "Mourinho é Mourinho. É aqui de Setúbal e ganhou muita coisa. As semelhanças é que são de Setúbal e treinaram nas camadas jovens do Vitória e do Comércio e Indústria. Sou amigo do Mourinho e fui adjunto do pai dele. Como pessoas, o Bruno é mais calmo, o Mourinho exalta-se", afirma José Rocha, corroborado por Ricardo Jesus, orgulhoso por ver mais um conterrâneo a ser bem-sucedido no futebol: "Para nós setubalenses é um grande orgulho que mais um filho da terra esteja a atingir o sucesso que ele está a atingir agora. Temos sorte de ele ser nosso amigo."






























1 comentário:

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