Chiquinho assinou pelo Benfica até junho de 2024 |
Não fosse o fenómeno João
Félix e talvez estivéssemos a falar da grande revelação da I Liga em
2018/19. Chiquinho
apareceu na época passada em grande plano pelo Moreirense depois de ter
brilhado na temporada transata pela Académica na II Liga e de ter integrado parte
do período preparatório do Benfica, tendo trabalhado às ordens de Rui
Vitória há um ano.
Numa equipa de autor, obra do
romântico Ivo Vieira, o futebolista de 23 anos surgiu como terceiro médio num
sistema que pode ser de 4x3x3 ou de 4x2x3x1 mas cuja dinâmica é quase sempre a
mesma: jogar apoiado, promovendo a relação com a bola de todos os jogadores e
pressionar alto para recuperar em terrenos adiantados.
Inserido num modelo de jogo tão
atrativo, sobressaiu o talento de Chiquinho,
uma espécie de mini Bruno
Fernandes, salvo as devidas proporções, pela
forma exuberante como leva a equipa para a frente, transportando a bola e
dinamizando e organizando os ataques dos minhotos no meio-campo ofensivo.
Tal
como em 2017-18 na Académica, não foi por ser o médio mais adiantado que se
tornou automaticamente num 10. É mais vocacionado para transições e para chegar
à área de frente para o jogo do que propriamente para recuar, distribuir e
pautar os ritmos. Anda ali a meio caminho entre as posições 8 e 10, um
pouco à imagem do capitão
do Sporting. Bem
mais tecnicista do que combativo, exibiu qualidade de passe, alguma classe e
capacidade para se encarregar de bater as bolas paradas.
Depois
de 10 golos e oito assistências em todas as competições pelos minhotos, garantiu
o bilhete de regresso ao Benfica, onde agora vai ser orientado por Bruno
Lage. A generalidade da imprensa tem escrito que Chiquinho
chega à Luz para ser uma alternativa a Pizzi, mas creio que têm desempenhado
funções diferentes e exibem características distintas.
É necessário recordar que o
transmontano não só fez grande parte da carreira como chegou à seleção nacional
ainda com Paulo Bento enquanto extremo, ainda que se tenha afirmado no Benfica
sobretudo em zonas interiores, ora como único médio à frente do trinco no
4x1x3x2 de Jorge Jesus em 2014-15 e de Rui
Vitória em 2016-17 ora como médio interior no 4x3x3 de Vitória
em 2017-18 e primeira metade de 2018-19. Com Bruno
Lage, voltou à ala como uma espécie de falso extremo por aliar grande
conhecimento do que é jogar por dentro e jogar por fora, aparecendo muitas
vezes na faixa central através de diagonais para organizar o jogo, criar
superioridade numérica e oferecer critério à zona de definição mas sem perder a
articulação com o lateral do seu lado. Já Chiquinho
tem
mostrado exclusivamente capacidade para atuar em terrenos interiores e, quando na
dinâmica de jogo do Moreirense descaía para uma ala, fazia-o para a esquerda
– precisamente o flanco oposto ao de Pizzi -, para
estar com mais conforto de frente para o jogo.
No entanto, a ideia dos
responsáveis benfiquistas pode ser outra. Atendendo à saída de João
Félix, à escassez de opções para as duas posições do eixo do ataque e ao
elevado número de médios de que o plantel encarnado dispõe – Florentino,
Samaris, Fejsa, Gedson, Gabriel, Taarabt, os
recém-promovidos à equipa principal Tiago Dantas, David Tavares e Nuno Santos
e agora Chiquinho
- não seria de descurar o regresso ao 4x3x3.
Induzido pelas opiniões generalizadas, adequei o meu pensamento ao relatado, pois sempre julguei que Chiquinho podia ser o substituto do Pizzi.
ResponderEliminarNa verdade, mantendo o 4-4-2, com a saída de Félix e a provável, mas não confirmada, retirada do Jonas, uma das posições do esquema tático está carente de titular indiscutível. Segundo Lage, o mesmo indica que há jogadores no plantel disponíveis para a posição - se não estou em erro, mencionou Rafa, Taarabt e Jota. Com a chegada do Chiquinho, alimentei a ideia de ter Pizzi na posição de Félix e o Chiquinho a desempenhar as funções do internacional português.
Após a leitura as minhas expectativas estão desfeitas. Se realmente o autor da publicação tiver razão, ou o Benfica altera o esquema tático ou terá que encontrar um excelente substituto para colmatar as ausências de Jonas e Félix.