Hoje faz anos o brasileiro que brilhou em Guimarães antes de abrir uma guerra entre Benfica e FC Porto. Quem se lembra de Ademir?
Ademir representou Vitória SC, Benfica, Boavista e Marítimo
Ademir Alcântara era um número 10
clássico: habilidoso, com pés de veludo e dotado de drible fácil, jogava de cabeça
sempre levantada nas costas do ponta de lança, embora fosse algo lento e não
gostasse muito de correr.
Começou a jogar no Cianorte e
passou cinco anos no Pinheiros de Paraná, mas foi ao serviço do Pelotas que
realmente despontou, sagrando-se melhor marcador do Campeonato Gaúcho em 1984,
o que lhe valeu um contrato com um dos maiores clubes desse estado, o Internacional. Após dois anos em Porto Alegre, assinou
pelo Vitória
de Guimarães durante o verão de 1986. No Dom Afonso Henriques fez duas
temporadas fabulosas, com 26 golos em 85 jogos e participação ativa em feitos
como a obtenção do 3.º lugar na I
Divisão e a caminhada até aos quartos de final da Taça
UEFA em 1986-87 e o percurso até à final da Taça
de Portugal na época seguinte.
Após esses dois anos, surgiu o
interesse de Benfica
e FC
Porto. “Fui para o Benfica
porque o Pimenta
Machado, presidente do Vitória,
me disse que foi esse o primeiro clube a fazer uma proposta. Foi uma confusão!
O FC
Porto também me queria, insistiu bastante, subiu a parada e o Pimenta
já não me queria vender a ninguém (…). A minha esposa estava grávida, eu já não
sabia o que fazer, e é nessa altura que tudo fica decidido. Foram dias
insuportáveis, o senhor Pinto
da Costa não ficou nada contente”, recordou ao Maisfutebol
em maio de 2015.
Em jeito de retaliação, o FC
Porto vingou-se e contratou Dito e Rui Águas ao Benfica,
o que tornou mais tensas as relações entre os rivais, que entraram em guerra. “Por
mim até tinha ido com o Paulinho Cascavel para o Sporting.
Nós jogávamos de olhos fechados e a adaptação teria sido mais fácil para ambos”,
confessou Ademir.
Em Lisboa, o médio ofensivo
brasileiro viveu um ano de estreia “muito bom” às ordens de Toni,
tendo apontado sete golos em 25 jogos oficiais e conquistado o título nacional.
No entanto, tudo mudou com o regresso de Sven-Göran Eriksson, não indo além de
oito partidas em 1989-90. “Passei a jogar muito menos. Ele trouxe três
jogadores suecos [Thern, Schwarz e Magnusson], preferia atletas robustos e
intensos. Eu, o Elzo e o Lima fomos afastados dos principais planos dele. Temos
de respeitar. Não encaixei na ideia de jogo do Eriksson”, lembrou o
centrocampista, que não foi convocado para a final da Taça
dos Campeões Europeus, perdida para o AC
Milan em Viena.
Após dois anos na Luz
transferiu-se para o Boavista,
voltando a registar bons números: 10 golos em 20 jogos em 1990-91.
Seguiram-se três grandes épocas
no Marítimo,
clube pelo qual amealhou 16 remates certeiros em 91 encontros, tendo
contribuído para o primeiro apuramento de sempre dos madeirenses
para as competições europeias, em 1993: “Fiz um milagre nos Barreiros! O Marítimo
estava a perder 1-2 contra o Boavista,
meu anterior clube. Fiz dois golos mesmo no fim, vencemos 3-2 [na 33.ª e
penúltima jornada do campeonato] e assegurámos a primeira presença do Marítimo
na Taça
UEFA. Senti-me enorme, recuperei o meu prestígio.”
No ocaso da carreira voltou ao
Brasil para representar Mogi Mirim e Coritiba.
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