terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Hoje faz anos o brasileiro que brilhou em Guimarães antes de abrir uma guerra entre Benfica e FC Porto. Quem se lembra de Ademir?

Ademir representou Vitória SC, Benfica, Boavista e Marítimo
Ademir Alcântara era um número 10 clássico: habilidoso, com pés de veludo e dotado de drible fácil, jogava de cabeça sempre levantada nas costas do ponta de lança, embora fosse algo lento e não gostasse muito de correr.
 
Começou a jogar no Cianorte e passou cinco anos no Pinheiros de Paraná, mas foi ao serviço do Pelotas que realmente despontou, sagrando-se melhor marcador do Campeonato Gaúcho em 1984, o que lhe valeu um contrato com um dos maiores clubes desse estado, o Internacional.
 
Após dois anos em Porto Alegre, assinou pelo Vitória de Guimarães durante o verão de 1986. No Dom Afonso Henriques fez duas temporadas fabulosas, com 26 golos em 85 jogos e participação ativa em feitos como a obtenção do 3.º lugar na I Divisão e a caminhada até aos quartos de final da Taça UEFA em 1986-87 e o percurso até à final da Taça de Portugal na época seguinte.
 
 
Após esses dois anos, surgiu o interesse de Benfica e FC Porto. “Fui para o Benfica porque o Pimenta Machado, presidente do Vitória, me disse que foi esse o primeiro clube a fazer uma proposta. Foi uma confusão! O FC Porto também me queria, insistiu bastante, subiu a parada e o Pimenta já não me queria vender a ninguém (…). A minha esposa estava grávida, eu já não sabia o que fazer, e é nessa altura que tudo fica decidido. Foram dias insuportáveis, o senhor Pinto da Costa não ficou nada contente”, recordou ao Maisfutebol em maio de 2015.
 
 
Em jeito de retaliação, o FC Porto vingou-se e contratou Dito e Rui Águas ao Benfica, o que tornou mais tensas as relações entre os rivais, que entraram em guerra. “Por mim até tinha ido com o Paulinho Cascavel para o Sporting. Nós jogávamos de olhos fechados e a adaptação teria sido mais fácil para ambos”, confessou Ademir.
 
 
Em Lisboa, o médio ofensivo brasileiro viveu um ano de estreia “muito bom” às ordens de Toni, tendo apontado sete golos em 25 jogos oficiais e conquistado o título nacional. No entanto, tudo mudou com o regresso de Sven-Göran Eriksson, não indo além de oito partidas em 1989-90. “Passei a jogar muito menos. Ele trouxe três jogadores suecos [Thern, Schwarz e Magnusson], preferia atletas robustos e intensos. Eu, o Elzo e o Lima fomos afastados dos principais planos dele. Temos de respeitar. Não encaixei na ideia de jogo do Eriksson”, lembrou o centrocampista, que não foi convocado para a final da Taça dos Campeões Europeus, perdida para o AC Milan em Viena.
 
 
Após dois anos na Luz transferiu-se para o Boavista, voltando a registar bons números: 10 golos em 20 jogos em 1990-91.
 
 
Seguiram-se três grandes épocas no Marítimo, clube pelo qual amealhou 16 remates certeiros em 91 encontros, tendo contribuído para o primeiro apuramento de sempre dos madeirenses para as competições europeias, em 1993: “Fiz um milagre nos Barreiros! O Marítimo estava a perder 1-2 contra o Boavista, meu anterior clube. Fiz dois golos mesmo no fim, vencemos 3-2 [na 33.ª e penúltima jornada do campeonato] e assegurámos a primeira presença do Marítimo na Taça UEFA. Senti-me enorme, recuperei o meu prestígio.”
 
 
No ocaso da carreira voltou ao Brasil para representar Mogi Mirim e Coritiba.



 




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