quinta-feira, 24 de abril de 2025

O canhoto portuense que tem três títulos europeus no currículo. Quem se lembra de Mário Silva?

Mário Silva ganhou tudo pelo FC Porto após ter despontado no Boavista
Foi futebolista profissional durante 14 anos e dez deles foram passados na cidade do Porto, onde nasceu, tendo até alcançado a única internacionalização A que tem no currículo em pleno Estádio do Bessa.
 
Mário Silva nasceu na maternidade Júlio Dinis, em Massarelos, a 24 de abril de 1977. A mãe Norberta era empregada de escritório e o pai Artur serralheiro mecânico nos STCP, ambos igualmente portuenses. Começou por viver na zona da Circunvalação, mas desde os cinco anos que cresceu perto do Bairro do Bom Pastor, onde conheceu um futuro companheiro de equipa e até de seleção nacional, Petit.
 
Portista desde tenra idade e fã de outro esquerdino, Paulo Futre, começou por jogar nas camadas jovens do Núcleo Desportivo do Bairro Bom Pastor, de onde saiu para o Boavista ainda com idade de infantil, em 1988, na companhia de… Petit.
 
Enquanto evoluía nos escalões de formação dos axadrezados foi fazendo parte das seleções jovens, tendo somado um total de 49 internacionalizações desde os sub-15 aos sub-21, tendo conquistado o título europeu de sub-18 em 1994 e a medalha de bronze no Campeonato do Mundo de sub-20 em 1995.
 
Lançado na equipa principal dos boavisteiros por Manuel José em 1995-96, este lateral esquerdo com forte pontapé foi ganhando paulatinamente o seu espaço. Nessa época só atuou em seis jogos, mas na temporada seguinte foi utilizado em 27 partidas, tendo cumprido os 90 minutos na vitória sobre o Benfica na final da Taça de Portugal (3-2).
 
 
A afirmação prosseguiu nos anos que se seguiram, com a conquista da Supertaça Cândido de Oliveira em 1997, o segundo lugar no campeonato em 1998-99 e a participação na Liga dos Campeões em 1999-00, sempre com bastante utilização, apesar de uma fratura renal sofrida em outubro de 1999 que lhe chegou a colocar a carreira em risco. Paralelamente, fez parte das escolhas da seleção de sub-21 nas fases de qualificação (malsucedidas) para os Europeus de 1998 e 2000.
 
 
No verão de 2000 transferiu-se para o Nantes, o que fez com que não fizesse parte da equipa do Boavista campeã nacional em 2000-01. Porém, nessa mesma época sagrou-se campeão francês e jogou com regularidade, o que lhe valeu três internacionalizações pela seleção nacional B entre agosto de 2000 e janeiro de 2001, embora tenha demorado a adaptar-se a um novo país e a um novo idioma.
 
 
O interesse do FC Porto levou-o a regressar a Portugal após somente um ano em França e a desvincular-se do empresário José Veiga, que estava de relações cortadas com os dragões, tendo assumido desde logo a titularidade no lado esquerdo da defesa, com Octávio Machado como treinador. Depois manteve o lugar no onze nos primeiros meses às ordens de José Mourinho, o que lhe valeu a única internacionalização A que tem no currículo, uma derrota com a Finlândia num particular disputado no Estádio do Bessa a 27 de março de 2002 (1-4).
 
 
As duas épocas que se seguiram foram passadas na sombra de Nuno Valente. Porém, pode gabar-se de ter vencido dois campeonatos (2002-03 e 2003-04), uma Taça de Portugal (2002-03), uma Taça UEFA (2002-03) e uma Liga dos Campeões (2003-04). “Nesses dois anos com o José Mourinho, o titular era o Nuno Valente, com muito mérito, era um excelente jogador, com provas dadas que toda a gente conhece e eu se calhar até estava num segundo plano, mas foram sem dúvida os melhores [anos da carreira] porque sentia-me bem, sentia-me feliz apesar de não jogar. Muitas vezes não jogamos e não estamos felizes, mas eu sentia-me feliz porque sentia que fazia parte de algo único. Hoje reconheço que se calhar na altura nem dei o devido valor às coisas. Para mim foi sem dúvida o maior e melhor momento da minha carreira, não só pelos títulos conquistados porque isso depois fica na vitrine e é um orgulho grande dizer o que está ali e que ganhei, mas porque fiz parte de algo que foi único”, recordou à Tribuna Expresso em dezembro de 2018.
 
Num período em que o concorrente direto estava lesionado, Mário Silva participou em jogos importantes como o duplo confronto com o Panathinaikos nos quartos de final da Taça UEFA, em março de 2003, o que lhe valeu nova chamada à seleção nacional A, já com Scolari como selecionador, mas lesionou-se e foi dispensado.  
 
 
Após a saída de Mourinho no verão de 2004, o FC Porto comunicou-lhe que o sucessor, o italiano Luigi Del Neri, não contava com ele, o que fez com que fosse emprestado ao Recreativo de Huelva, então na II Liga Espanhola. Durante esse empréstimo foi pai de trigémeos a 22 de fevereiro de 2005, numa gravidez de risco que contemplou “duas ou três ameaças de aborto” e deixou a mãe dos filhos à beira da morte após o parto, por ter desenvolvido o síndrome de Hellp.
 
Só em 2005-06, quando representou o Cádiz na I Liga Espanhola numa altura em que já não tinha qualquer ligação contratual aos dragões, é que conseguiu voltar a focar-se no futebol. Mas jogou pouco e não conseguiu impedir a descida de divisão. “A equipa que subiu de divisão estava muito rotinada e o treinador, um uruguaio, Víctor Espárrago, acreditava muito naqueles jogadores. Eu e outros jogadores, como o Eduardo Berizzo, que foi recentemente treinador do Sevilha, jogámos pouco. Eu acho que não foi por falta de qualidade nossa, mas porque o treinador acreditava naquela equipa que o levou à I Liga”, justificou.
 
Após a despromoção rescindiu contrato e voltou ao Boavista, numa altura difícil para os axadrezados, que viviam momentos financeiramente complicados e acabaram por ser despromovidos administrativamente em 2008 na sequência do caso Apito Dourado.
 
 
A seguir a essa descida de divisão esteve seis meses sem clube, até que em janeiro de 2009 foi para Chipre vestir a camisola do DOXA. Porém, não gostou do que encontrou e passados poucos meses foi embora, encerrando a carreira quando tinha apenas 32 anos.
 
Entretanto tornou-se treinador, tendo vivido o momento alto deste novo percurso profissional em 2018-19, quando ao leme da equipa de juniores do FC Porto venceu o título nacional da categoria e sobretudo a UEFA Youth League. Dessa geração faziam parte jogadores como Diogo Costa, Diogo Leite, Fábio Vieira, Romário Baró, João Mário, Fábio Silva, Vitinha e Gonçalo Borges, entre outros.
 
Também já orientou Rio Ave e Santa Clara na I Liga, mas sem grande sucesso, tendo ficado associado a descidas de divisão nos dois clubes. Presentemente comanda o Al-Najma, da Segunda Liga da Arábia Saudita, e está à beira da promoção.







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