terça-feira, 11 de março de 2025

O flop que o Benfica devolveu ao São Paulo ao fim de seis meses. Quem se lembra de Bruno Cortez?

Bruno Cortez disputou apenas sete jogos oficiais pelo Benfica
Depois da saída de Fábio Coentrão para o Real Madrid em 2011, o Benfica cometeu vários erros de casting para encontrar um lateral esquerdo que pudesse finalmente fazer esquecer o internacional português. Primeiro foi Emerson e Capdevila em 2011-12 e depois Melgarejo e Luisinho na época seguinte, tendo também Luís Martins ou André Almeida passado pela posição. No início da temporada 2013-14, as águias receberam Bruno Cortez por empréstimo do São Paulo com o mesmo intuito, mas voltou a não correr bem – felizmente para os encarnados, Siqueira foi contratado no mesmo defeso.
 
Identificado por Jorge Jesus, um fervoroso recrutador no futebol brasileiro, o esquerdino, que estava afastado da equipa do São Paulo desde 10 de maio de 2013 devido a uma má fase no clube, até nem foi propriamente uma aposta em desespero perto do fecho da janela de transferências. Não. Foi anunciado como reforço benfiquista ainda durante a primeira quinzena de julho de 2013, a mais de mês e meio do encerramento do mercado.
 
Na altura, dizia-se, os encarnados teriam batido a concorrência de emblemas como Chelsea, Juventus, Nápoles, Inter de Milão, Valência, Santos, Vasco da Gama e Cruzeiro. E quem havia trabalhado com o jogador descrevia-o como um lateral agressivo defensivamente, com capacidade ofensiva e alto grau de profissionalismo.
 
 
“Prometo raça, entrega e vontade. Estou num clube que conquista muitos títulos e estou muito motivado por estar aqui. Quero fazer uma grande temporada e com isso também regressar à seleção brasileira”, afirmou à chegada a Portugal, em declarações à BTV.
 
Bruno Cortez até foi o jogador mais utilizado por Jesus na pré-temporada, à frente de figuras importantes da equipa como Matic, Lima, Luisão, Artur Moraes ou Gaitán, e começou o campeonato como titular, tendo cumprido os 90 minutos em cada um dos primeiros três jogos da I Liga, incluindo um dérbi em Alvalade. No entanto, uma lesão muscular na face posterior da coxa esquerda sofrida no início de setembro, alguma inconstância exibicional e a chegada de Siqueira fizeram-no perder espaço.
 
 
Depois de apenas sete jogos de águia ao peito no derradeiro semestre de 2013, foi devolvido ao São Paulo. “Na tática utilizada no Benfica os laterais exercem uma função quase que exclusivamente defensiva e isso dificultou a minha procura por espaço na equipa, já que é uma maneira de atuar bastante diferente da que estou acostumado e jogamos no Brasil. Foi pelo meu diferencial de apoiar bem o ataque que me consegui destacar e cheguei até à seleção brasileira. Então, em conjunto com os meus empresários e com a direção do Benfica, decidimos que seria melhor para ambas as partes essa rescisão. Não tenho nada para reclamar do período em que defendi o Benfica, pelo contrário. Serei eternamente grato ao clube português por tudo o que fez por mim e ao Jorge Jesus pela oportunidade. As coisas não deram certo por questões que acontecem no futebol, mas tenho certeza que deixei as portas abertas”, explicou Cortez ao Globoesporte em janeiro de 2014.
 
Ainda assim, no final da época festejou a conquista da dobradinha portuguesa, uma vez que havia atuado em jogos do campeonato e da Taça de Portugal – por outro lado, não tinha sido inscrito na Liga dos Campeões. “Estou super feliz por ter participado nesta época do Benfica, por ter estado com estes jogadores e com esta equipa técnica. Foi uma passagem muito boa e quero agradecer ao Benfica, mas o São Paulo queria-me de volta. (…) Jorge Jesus apostou e acreditou em mim, mas infelizmente não correspondi da forma que ele esperava. É um dos melhores treinadores com quem já trabalhei. Só sinto felicidade por ter trabalhado com um treinador como Jorge Jesus. Falo com ele de vez em quando e dei-lhe os parabéns pelo título. É uma pessoa maravilhosa e querida”, afirmou à Rádio Renascença no final de abril de 2014.
 
Mas desengane-se quem pensar que Bruno Cortez foi um jogador qualquer no Brasil. Começou por baixo, em emblemas modestos, mas foi subindo a pulso, tendo feito uma carreira bastante digna no seu país.
 
Após destacar-se ao serviço do Nova Iguaçu no Campeonato Carioca de 2011, despertou o interesse do Botafogo, que o contratou imediatamente. Nesse mesmo ano venceu o prémio de melhor lateral esquerdo do Brasileirão e fez o único jogo da carreira pela seleção brasileira, tendo sido chamado pelo selecionador Mano Menezes para atuar ao lado de Ronaldinho Gaúcho, Neymar ou Lucas Moura no Superclássico das Américas diante da Argentina (2-0), a 28 de setembro.
 
 
Em 2012 transferiu-se para o São Paulo e até começou a aventura no Morumbi como titular, tendo até atuado os 90 minutos nos dois jogos diante do Tigre na final da Copa Sul-Americana, que os paulistas venceram, mas foi caindo de produção até ser emprestado ao Benfica.
 
Após os seis meses na Luz esteve emprestado pelo São Paulo ao Criciúma e aos japoneses do Albirex Niigata antes de se estabelecer no Grêmio entre 2017 e 2021, reafirmando-se como um dos melhores laterais esquerdos do Brasileirão. Nesse período conquistou títulos como uma Taça Libertadores (2017), uma Recopa Sul-Americana (2018) e quatro campeonatos gaúchos (2018, 2019, 2020 e 2021).
 
 
Na reta final da carreira representou ainda Avaí, Mirassol e Sampaio Corrêa antes de pendurar as botas em setembro de 2024. “Fui dos campos de terra batida de Campo Grande ao sonho mágico de vestir a camisola da seleção brasileira, de ser campeão da Libertadores, e por isso não tenho nada a lamentar, apenas a agradecer por tudo o que vivi e conquistei”, escreveu nas redes sociais.
 
Entretanto tornou-se treinador e orienta presentemente os sub-15 do Ceará



 




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