O flop que o Benfica devolveu ao São Paulo ao fim de seis meses. Quem se lembra de Bruno Cortez?
Bruno Cortez disputou apenas sete jogos oficiais pelo Benfica
Depois da saída de Fábio
Coentrão para o Real
Madrid em 2011, o Benfica
cometeu vários erros de casting para encontrar um lateral esquerdo que pudesse
finalmente fazer esquecer o internacional português. Primeiro foi Emerson e
Capdevila em 2011-12 e depois Melgarejo e Luisinho na época seguinte, tendo
também Luís Martins ou André Almeida passado pela posição. No início da
temporada 2013-14, as águias
receberam Bruno
Cortez por empréstimo do São
Paulo com o mesmo intuito, mas voltou a não correr bem – felizmente para os
encarnados,
Siqueira foi contratado no mesmo defeso.
Identificado por Jorge
Jesus, um fervoroso recrutador no futebol brasileiro, o esquerdino, que
estava afastado da equipa do São
Paulo desde 10 de maio de 2013 devido a uma má fase no clube, até nem foi
propriamente uma aposta em desespero perto do fecho da janela de
transferências. Não. Foi anunciado como reforço benfiquista
ainda durante a primeira quinzena de julho de 2013, a mais de mês e meio do
encerramento do mercado. Na altura, dizia-se, os encarnados
teriam batido a concorrência de emblemas como Chelsea,
Juventus,
Nápoles,
Inter
de Milão, Valência,
Santos,
Vasco
da Gama e Cruzeiro.
E quem havia trabalhado com o jogador descrevia-o como um lateral agressivo
defensivamente, com capacidade ofensiva e alto grau de profissionalismo.
“Prometo raça, entrega e vontade.
Estou num clube que conquista muitos títulos e estou muito motivado por estar
aqui. Quero fazer uma grande temporada e com isso também regressar à seleção
brasileira”, afirmou à chegada a Portugal, em declarações à BTV. Bruno
Cortez até foi o jogador mais utilizado por Jesus
na pré-temporada, à frente de figuras importantes da equipa como Matic, Lima,
Luisão, Artur Moraes ou Gaitán, e começou o campeonato como titular, tendo
cumprido os 90 minutos em cada um dos primeiros três jogos da I
Liga, incluindo um
dérbi em Alvalade. No entanto, uma lesão muscular na face posterior da coxa
esquerda sofrida no início de setembro, alguma inconstância exibicional e a
chegada de Siqueira fizeram-no perder espaço.
Depois de apenas sete jogos de
águia ao peito no derradeiro semestre de 2013, foi devolvido ao São
Paulo. “Na tática utilizada no Benfica
os laterais exercem uma função quase que exclusivamente defensiva e isso dificultou
a minha procura por espaço na equipa, já que é uma maneira de atuar bastante
diferente da que estou acostumado e jogamos no Brasil. Foi pelo meu diferencial
de apoiar bem o ataque que me consegui destacar e cheguei até à seleção
brasileira. Então, em conjunto com os meus empresários e com a direção do Benfica,
decidimos que seria melhor para ambas as partes essa rescisão. Não tenho nada
para reclamar do período em que defendi o Benfica,
pelo contrário. Serei eternamente grato ao clube português por tudo o que fez
por mim e ao Jorge
Jesus pela oportunidade. As coisas não deram certo por questões que
acontecem no futebol, mas tenho certeza que deixei as portas abertas”, explicou
Cortez
ao Globoesporte
em janeiro de 2014. Ainda assim, no final da época
festejou a conquista da dobradinha portuguesa, uma vez que havia atuado em
jogos do campeonato e da Taça
de Portugal – por outro lado, não tinha sido inscrito na Liga
dos Campeões. “Estou super feliz por ter participado nesta época do Benfica,
por ter estado com estes jogadores e com esta equipa técnica. Foi uma passagem
muito boa e quero agradecer ao Benfica,
mas o São
Paulo queria-me de volta. (…) Jorge
Jesus apostou e acreditou em mim, mas infelizmente não correspondi da forma
que ele esperava. É um dos melhores treinadores com quem já trabalhei. Só sinto
felicidade por ter trabalhado com um treinador como Jorge
Jesus. Falo com ele de vez em quando e dei-lhe os parabéns pelo título. É
uma pessoa maravilhosa e querida”, afirmou à Rádio Renascença no final
de abril de 2014. Mas desengane-se quem pensar que Bruno
Cortez foi um jogador qualquer no Brasil. Começou por baixo, em emblemas
modestos, mas foi subindo a pulso, tendo feito uma carreira bastante digna no
seu país. Após destacar-se ao serviço do
Nova Iguaçu no Campeonato Carioca de 2011, despertou o interesse do Botafogo,
que o contratou imediatamente. Nesse mesmo ano venceu o prémio de melhor
lateral esquerdo do Brasileirão e fez o único jogo da carreira pela seleção
brasileira, tendo sido chamado pelo selecionador Mano Menezes para atuar ao
lado de Ronaldinho
Gaúcho, Neymar
ou Lucas Moura no Superclássico das Américas diante da Argentina
(2-0), a 28 de setembro.
Em 2012 transferiu-se para o São
Paulo e até começou a aventura no Morumbi como titular, tendo até atuado os
90 minutos nos dois jogos diante do Tigre na final da Copa Sul-Americana, que
os paulistas
venceram, mas foi caindo de produção até ser emprestado ao Benfica. Após os seis meses na Luz
esteve emprestado pelo São
Paulo ao Criciúma e aos japoneses do Albirex Niigata antes de se
estabelecer no Grêmio
entre 2017 e 2021, reafirmando-se como um dos melhores laterais esquerdos do
Brasileirão. Nesse período conquistou títulos como uma Taça
Libertadores (2017), uma Recopa Sul-Americana (2018) e quatro campeonatos
gaúchos (2018, 2019, 2020 e 2021).
Na reta final da carreira
representou ainda Avaí,
Mirassol e Sampaio Corrêa antes de pendurar as botas em setembro de 2024. “Fui
dos campos de terra batida de Campo Grande ao sonho mágico de vestir a camisola
da seleção
brasileira, de ser campeão da Libertadores,
e por isso não tenho nada a lamentar, apenas a agradecer por tudo o que vivi e
conquistei”, escreveu nas redes sociais. Entretanto tornou-se treinador e
orienta presentemente os sub-15 do Ceará.
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