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Liedson foi excluído por Paulo Bento em dois jogos no final de 2005 |
E o que dizer de
Paulo
Bento? É talvez o menos tolerante à indisciplina. O primeiro desaguisado
que protagonizou com um jogador aconteceu pouco mais de um mês depois de ter
assumido o comando técnico do
Sporting,
no final de 2005, e logo perante a principal estrela
leonina
daquela altura: Liedson.
Para um brasileiro como o “levezinho”,
o mês de novembro em Lisboa é muito frio, pelo que fazia questão de treinar de
calças de fato de treino.
Paulo
Bento já tinha manifestado que não o permitia e, mais uma vez, voltou a não
permitir. O avançado trocou, contrariado, as calças pelos calções. Um minuto
depois, já no treino, chutou uma bola para a baliza e queixou-se de uma suposta
lesão na coxa, tendo saído do treino para fazer gelo e depois ir para casa.
No dia seguinte,
Paulo
Bento perguntou a Liedson, seu antigo companheiro de equipa em 2003-04,
como se sente. “Bem”, respondeu o brasileiro, dando o início a um “papo de
homem para homem” presenciado pelo diretor desportivo Carlos Freitas. O
avançado lembrou o treinador que sempre gostou de treinar de calças e que o
fazia com Fernando Santos e
José
Peseiro em épocas anteriores, mas o técnico manteve-se inflexível.
O que é certo é que Liedson não
foi convocado para o jogo seguinte, uma receção ao
Vitória
de Guimarães a 27 de novembro de 2005 (2-0). Quando percebeu que ia para o
banco no encontro a seguir, um clássico no Dragão, afirmou que não queria ir
para o banco nem ao Porto. “Tudo aquilo tinha acontecido por umas simples
calças, estava disponível a ajudar quando fosse preciso, mas achava que não era
justo ir para o banco, com todo o respeito pelos meus colegas, por um problema
bobo como aquele. E assim foi”, recordou Liedson mais tarde.
Na semana seguinte, Liedson marcou
golos atrás de golos nos treinos, treinando-se bem “apesar do frio que sentia
nas pernas”. E foi novamente convocado: “ele ordenou logo, eu não gostei e só
depois acatei; ele não ficou satisfeito com a minha reação e achou por bem
mostrá-lo a mim e também ao grupo. Caso ultrapassado.”
A solução definitiva haveria de
surgir mais tarde, com Liedson a passar a treinar com uns collants (devidamente
autorizados pelo treinador) debaixo dos calções.
“Há certos princípios que orientam
a vida de um grupo e regras de funcionamento válidas para qualquer altura.
Naquela altura, por ter entendido que esses valores foram beliscados, agi em
conformidade. Sempre em defesa dos interesses do coletivo. (…) Nunca tomarei
qualquer decisão em prejuízo da equipa ou para alimentar o ego da minha
liderança como treinador. Ao afastar Liedson recuso-me a pensar que puni ou
prejudiquei um jogador; para mim, defendi os interesses do grupo. Existirem
problemas numa equipa de futebol não é dramático desde que sejam resolvidos.
Esse é o papel do líder”, afirmou
Paulo
Bento ainda no final de 2005.
O “levezinho”, porém, voltou a
estar envolvido num caso de indisciplina algumas semanas depois, ao chegar
atrasado das férias de Natal, juntamente com Deivid e Anderson Polga.
Paulo
Bento deixou o trio de fora do primeiro jogo de 2006, a 7 de janeiro, em
Braga. O
Sporting
perdeu por 3-2, mas pouco depois entrou numa série de dez vitórias
consecutivas.
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