sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Hoje faz anos o goleador do pior Benfica da história. Quem se lembra de Pierre van Hooijdonk?

Van Hooijdonk apontou 23 golos pelo Benfica em 2000-01 
Nem tudo foi mau no pior Benfica da história, aquele que em 2000-01 ficou em sexto lugar no campeonato, foi eliminado logo na primeira ronda da Taça UEFA pelos suecos do Halmstads, não passou dos oitavos de final da Taça de Portugal e teve dois presidentes (Vale e Azevedo e Manuel Vilarinho) e três treinadores (Jupp Heynckes, José Mourinho e Toni).
 
Numa altura em que os encarnados recebiam vários flops do norte e centro da Europa, o ponta de lança neerlandês Pierre van Hooijdonk foi uma contratação certeira, apesar de ter chegado à Luz já com 30 anos. Foi o melhor marcador da equipa, com 23 golos em todas as competições, mais cinco do que João Tomás, e fez esquecer o antecessor Nuno Gomes. Era possante (1,93 m), dotado de instinto matador e um exímio executante de livres diretos.
 
Criado pela mãe, depois de o pai biológico, um marroquino, os ter abandonado ainda antes do nascimento, cresceu numa pequena aldeia no sul dos Países Baixos, começou a jogar futebol nas camadas jovens do SC Welberg, tendo passado para a formação do clube do coração, o NAC Breda, quando tinha 11 anos. No entanto, foi dispensado aos 14, tendo passado pelos amadores do VV Steenbergen antes de despontar nos seniores do RBC Roosendaal entre 1989 e 1991.
 
Apesar do interesse de vários clubes, não hesitou em voltar ao NAC Breda, ajudando o clube a subir à I Liga dos Países Baixos em 1993. Em 1993-94 estabeleceu um recorde de onze jogos consecutivos a marcar no campeonato neerlandês e em dezembro de 1994 foi convocado pela primeira vez para a seleção principal do seu país.
 
 
Os bons desempenhos captaram o interesse de clubes de maior dimensão, tendo assinado pelos escoceses do Celtic em janeiro de 1995, tendo tido um impacto imediato na equipa de Glasgow, ao bisar no jogo de estreia, diante do Hearts em Hampden Park. Nessa época de 1994-95 conquistou a Taça da Escócia, o primeiro troféu dos católicos em seis anos.
 
Na temporada seguinte sagrou-se melhor marcador da liga escocesa, com 26 golos, mas em 1996-97 caiu de produção e chegou mesmo a tornar-se suplente, o que levou o selecionador dos Países Baixos, Guus Hiddink, a pedir-lhe para encontrar outro rumo para a carreira.
 
 
A solução encontrada foi o transferir-se no início de 1997 para o Nottingham Forest, equipa da Premier League, mas com dificuldades na luta pela permanência. Van Hooijdonk não conseguiu reverter a situação, apesar de ter assinado um golo e duas assistências em oito jogos, e o histórico emblema inglês acabou mesmo por descer de divisão.
 
Apesar da despromoção, o ponta de lança neerlandês continuou no City Ground e ajudou o Forest a sagrar-se campeão do Championship, tendo apontado 34 golos em toda a temporada 1997-98. Apesar de jogar num segundo escalão, a boa forma exibida valeu-lhe a convocatória para o Campeonato do Mundo disputado em França, tendo mesmo marcado um golo no torneio, diante da Coreia do Sul.
 
 
Ainda assim, Van Hooijdonk estava infeliz no clube, tendo pedido para ser transferido. Recebeu propostas de PSV, Newcastle e Trabzonspor, mas o Nottingham Forest não o deixou sair. Chegou a fazer greve e a treinar no NAC Breda para manter a forma, mas o ponta de lança neerlandês voltou ao Forest em novembro de 1998, a tempo de marcar seis golos até final de uma época que uma vez mais culminou em despromoção. No entanto, os companheiros de equipa nunca o perdoaram, ao ponto de, após um remate certeiro diante do Derby County, se terem recusado a festejar com ele, preferindo congratular o jogador que havia feito o cruzamento, Scot Gemmill.
 
 
No verão de 1999 o treinador Ralf Rangnick quis levá-lo para o Estugarda, mas o presidente dos alemães, Gerhard Mayer-Vorfelder, recusou, sentindo que Van Hooijdonk era demasiado caro para um jogador com quase 30 anos. Acabou então por voltar aos Países Baixos para representar o Vitesse, reencontrando-se com os golos: apontou 25 no campeonato e ajudou a equipa de Arnhem a concluir a liga em quarto lugar (à frente do Ajax), garantindo assim o apuramento para a Taça UEFA, e a chegar às meias-finais da Taça nacional.
 
 
Depois de participação no Euro 2000, ainda que sem jogar, mudou-se para o Benfica, tendo apontado 23 golos em 35 jogos que não impediram uma temporada desastrosa a nível coletivo.
 
“Claro que ninguém me precisou de explicar o que era o Benfica. Qualquer pessoa que conheça um pouco de futebol conhece o Benfica. Quando assinei, o presidente disse-me que iria fazer dupla de ataque com Nuno Gomes. E Nuno teve um Euro 2000 fantástico. Marcou golos fantásticos. Olhei para as qualidades do Nuno e pensei: ‘Pode ser uma combinação fantástica’. Nuno tinha velocidade, desmarcava-se atrás dos defesas, eu era um jogador que gostava mais de aparecer e de ter a bola para finalizar. A perspetiva era fantástica. Quando cheguei a Portugal pela primeira vez depois do Euro, fui ao Estádio da Luz e entrei no balneário. O Nuno estava lá, apresentei-me a alguns jogadores e disse-lhe: ‘Prazer em conhecer-te, espero que possamos fazer uma parceria fantástica’. Mas ele respondeu-me logo: ‘Desculpa, amigo, mas estou de saída para o aeroporto. Vou para a Fiorentina’. Essa parceria nunca chegou a tornar-se realidade, infelizmente. Sem dúvida teria sido uma combinação fantástica”, recordou, lembrando um ano “com muitos problemas para o clube”: “Entraram muitas pessoas, saíram muitas, entraram treinadores novos e jogadores que Vilarinho tinha prometido. Foi uma grande confusão. O problema é que no campo foi o mesmo. A equipa não era suficientemente forte para competir, imediatamente, pelo título. Isso provocou muita frustração nos adeptos. Obviamente, enquanto jogadores sentimos isso e percebemos logo que o clube está habituado a ganhar troféus, os adeptos no passado viram equipas vencedores, com avançados fantásticos, com jogadores fantásticos.”
 
 
Apesar dos bons desempenhos, foi dispensado no final da época. Com mais dois anos de contrato, foi-lhe indicado para apresentar-se na pré-época da equipa B em julho de 2001, mas a solução encontrada acabou por ser a transferência para o Feyenoord. Em boa hora o fez, porque em 2001-02 viveu talvez a melhor temporada da carreira, tendo vencido a Taça UEFA (em casa), contribuindo com oito golos que lhe valeram o prémio de melhor marcador da prova, e sagrou-se melhor marcador do campeonato neerlandês, com 24 remates certeiros.
 
 
Entre 2003 e 2005 representou o Fenerbahçe, sagrando-se bicampeão turco, tendo sido convocado para o Euro 2004 e contribuído para a caminhada da seleção laranja até às meias-finais.
 
 
No ocaso da carreira voltou ao NAC Breda e ao Feyenoord antes de se despedir dos relvados em maio de 2007, aos 37 anos. 



 




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