quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Hoje faz anos que morreu Peyroteo, o “stradivarius” dos Cinco Violinos e o melhor marcador de sempre da I Divisão

Peyroteo marcou 332 golos em 197 jogos na I Divisão
O goleador-mor dos Cinco Violinos que brilharam no ataque do Sporting no final da década de 1940 e aquele que é, ainda hoje, o melhor marcador de sempre da I Divisão, com 332 golos – mais 13 do que Eusébio e Fernando Gomes – em 197 jogos, o que equivale a uma impressionante média de 1,69 golos por partida.
 
Fernando Peyroteo foi um marcador de golos implacável numa era que não abonou nada a seu favor: ainda não havia televisão em Portugal nem competições europeias e os Campeonatos do Mundo tinham sido interrompidos entre 1938 e 1950 devido à eclosão da Segunda Guerra Mundial.
 
Nasceu em Angola a 10 de março de 1918, mas tinha ascendência castelhana por parte um dos avós, daí o apelido pouco português. Tornou-se sportinguista por influência dos irmãos mais velhos, que jogavam no Sporting Clube de Moçâmedes, e começou a jogar futebol no Atlético Clube de Moçâmedes.
 
Possante, até com uns quilinhos a mais, cumpriu um programa desenhado pelo professor Ângelo Mendonça para se tornar mais atlético, tendo praticado ginástica, natação, remo e basquetebol ao mesmo tempo que se destacava no futebol. Depois de representar Atlético de Moçâmedes e Académico de Sá da Bandeira, ajudou o Sporting de Luanda a sagrar-se campeão de Luanda em 1937.
 
 
A 26 de junho de 1937, quando tinha apenas 19 anos, chegou a Portugal acompanhado da mãe, que regressava a Portugal para tratar de um problema de saúde, e depressa foi reencaminhado por Aníbal Paciência, um amigo angolano que jogava no Sporting, para o emblema leonino. Ainda foi assediado pelo FC Porto, que lhe ofereceu muito dinheiro, mas a palavra que tinha dada aos verde e brancos falou mais alto.
 
Em agosto começou a trabalhar às ordens do treinador Joseph Szabo e desatou a marcar golos e a arrecadar títulos, tendo assinado um contrato ao nível do teto salarial do clube na altura: 700 escudos por mês.
 
No total, terá faturado por 543 vezes em 334 encontros oficiais de leão ao peito entre 1937 e 1949. Em todas as épocas fez mais golos do que jogos, tendo sido coroado por seis vezes melhor marcador da I Divisão (1937-38, 1939-40, 1940-41, 1945-46, 1946-47 e 1948-49). Venceu ainda cinco campeonatos (1940-41, 1943-44, 1946-47, 1947-48 e 1948-49), quatro Taças de Portugal (1940-41, 1944-45, 1945-46 e 1947-48), um Campeonato de Portugal (1937-38) e sete Campeonatos de Lisboa (1937-38, 1938-39, 1940-41, 1941-42, 1942-43, 1944-45 e 1946-47). Um período dourado na história leonina, no qual o “stradivarius” integrou a linha ofensiva que ficou conhecida como os Cinco Violinos, ao lado de Vasques, Travassos, Jesus Correia e Albano.
 
Foi ainda o primeiro jogador a marcar no Estádio Nacional, ao inaugurar o marcador numa vitória do Sporting sobre o Benfica, por 3-2, que valeu aos verde e brancos a conquista da Taça Império, uma espécie de percursora da Supertaça, em 1944. As águias foram, aliás, uma das vítimas favoritas de Peyroteo, que faturou por 64 vezes nos dérbis lisboetas.
 
 
Em termos de seleção nacional, viveu uma fase bastante ingrata, sem fases finais, tendo somado 14 golos em 20 internacionalizações entre 1938 e 1949.
 
Haveria de se retirar relativamente cedo, em 1949, quando tinha 31 anos, para se dedicar em exclusivo a uma loja de artigos desportivos que abrira em Lisboa, a Casa Peyroteo. Contudo, o negócio continuou a correr mal e o antigo avançado chegou a voltar a Angola.
 
De regresso a Portugal, foi selecionador nacional por dois jogos em 1962, tendo promovido a estreia de Eusébio numa derrota no Luxemburgo.
 
Haveria de morrer ainda jovem, aos 60 anos, a 28 de novembro de 1978.
 
O Sporting nunca o esqueceu. Em 1997 foi distinguido com o Prémio Stromp na categoria Saudade e em 2018 foi-lhe atribuído, numa decisão aprovada por unanimidade em Assembleia Geral, a título perpétuo a condição de sócio n.º 9, a camisola que habitualmente envergava.

O seu sobrinho-neto, José Couceiro, foi treinador, dirigente e candidato à presidência do Sporting.



 




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