segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Hoje faz anos o médio que brilhou no Belenenses e subiu por Salamanca e Sevilha. Quem se lembra de Taira?

Taira viveu o auge da carreira no Belenenses e no Salamanca
A carreira de José Américo Taira é uma história de persistência e superação, de quem nunca baixou os braços perante as adversidades. O jogador que foi duas vezes dispensado do Belenenses e jogou dois anos numa equipa que lutava para não descer na antiga II Divisão Nacional foi o mesmo que atingiu a seleção nacional e atuou no campeonato espanhol.
 
Nasceu em Lisboa, mas cresceu em Oeiras, sendo o mais velho de três irmãos filhos de um casal composto por um pai delegado de propaganda médica e uma mãe doméstica. Começou a jogar futebol nas camadas jovens da Associação Desportiva de Oeiras, mas foi no Belenenses que concluiu a formação.
 
Quando transitou para sénior, em 1987, foi dispensado pelo treinador Henry Depireux: “Disse que eu não ia ser jogador de futebol, que não tinha a mínima capacidade e que podia ir para as festas e podia divertir-me, porque a minha vida não passava pelo futebol.”
 
Taira iniciou então o seu percurso no futebol sénior ao serviço do Montijo, que na altura lutava para não descer na II Divisão Nacional. “Estive lá dois anos e passados dois anos o Belenenses vai lá fazer um jogo de apresentação. No início da época, com o John Mortimore, eu fiz um jogo que pelos vistos foi mais do que razoável e o Belenenses a seguir assinou comigo um contrato profissional de três anos”, recordou à Tribuna Expresso em junho de 2019.
 
 
Quis o destino que Depireux, cuja fotografia andou na carteira do médio durante dois anos por uma questão motivacional, voltasse ao Restelo em 1990-91 para o orientar no Belenenses. Mais ou menos na mesma altura, teve de cumprir serviço militar obrigatório de 18 meses na Marinha, o que lhe atrasou a progressão na carreira.
 
 
Numa fase em que até estava a jogar com regularidade em Belém, no verão de 1994 recebeu um convite do ídolo João Alves para assinar pelo Estrela da Amadora, mas o “luvas pretas” deixou o comando técnico dos tricolores antes de começar o campeonato e Taira passou praticamente toda a época em branco na Reboleira.
 
 
Contudo, João Alves acabou por ir para o Belenenses e levou o médio consigo em 1995-96. “Essa foi a época que, a meu ver, o Belenenses praticou melhor futebol durante a minha passagem lá. Tínhamos uma equipa fantástica que se entendia só com a troca de olhares e que tinha uma capacidade brutal em todas as linhas na defesa”, lembrou.
 
 
A ligação entre treinador e jogador tornou-se tão grande que, na temporada seguinte, Alves foi para o Salamanca, então na II Liga Espanhola, e voltou a levar Taira consigo. O técnico até deixou o cargo de forma precoce, mas o centrocampista manteve-se de pedra e cal na equipa, ao ponto de ter somado a única internacionalização que tem na carreira nesse período, tendo substituído Oceano nos derradeiros minutos de uma vitória de Portugal na Albânia (0-3) em outubro de 1996, em partida da fase de qualificação para o Mundial 1998.
 
 
Ao lado de Pauleta, César Brito, Catanha, Giovanella, Ivkovic, Paulo Torres, Agostinho e Nuno Afonso, entre outros, ajudou o Salamanca a subir à I Liga Espanhola em 1997 e a manter-se no primeiro escalão na temporada seguinte – mas sem conseguir impedir a despromoção em 1999. “Foi fantástico ter subido no primeiro ano em Salamanca. Começar a vir de Madrid em direção a Salamanca pela estrada nacional e a 60 quilómetros haver adeptos do Salamanca a puxar pela equipa, pelo autocarro, entrar na Plaza Mayor, que é uma das praças mais bonitas talvez do mundo, as 40 mil pessoas à espera, subirmos ao balcão estar o presidente da câmara a falar e nós a pintar-lhe a cabeça com os sprays de cor. São coisas que marcam”, lembrou.
 
 
Após o Salamanca falhar o regresso ao patamar maior do futebol espanhol em 2000, Taira mudou-se para o Sevilha, ajudando os andaluzes a ganhar o título de campeão da II Liga Espanhola em 2000-01.
 
 
Depois de quase um ano sem jogar, regressou a Portugal em 2002-03 pela porta do Farense, então na II Liga, tendo ainda representado o Oriental na II Divisão B antes de pendurar as botas.
 
 
Após pendurar as botas ainda chegou a orientar os juniores do Oeiras entre 2014 e 2016, mas desde 2018 que é diretor desportivo do Belenenses, tendo somado cinco subidas de divisão consecutivas antes da despromoção à Liga 3 em 2024.



 




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