sexta-feira, 10 de maio de 2024

Quem se lembra de Rui Maside no Vitória de Setúbal?

Maside representou o Vitória entre 1985 e 1988 e em 1990-91
Médio ofensivo natural de Luanda, subiu a pulso desde o modesto Alferrarede, na altura na III Divisão, ao Sporting, clube que representou em 1988-89.

Em 1980 foi ter com o pai à Suíça com o intuito de passar as férias grandes, mas acabou por ficar três anos, a representar o Étoile Carouge enquanto trabalhava num hotel.

O desejo de abraçar o profissionalismo trouxe-o de volta a Portugal, para vestir a camisola do Amora depois de ter estado à experiência no Estrela da Amadora e no Belenenses Do emblema da Medideira saltou para o Vitória de Setúbal no verão de 1985.

Na primeira época no Bonfim pouco jogou e desceu à II Divisão, mas contribuiu para a subida ao primeiro escalão em 1986-87 antes de se afirmar em definitivo na I Divisão em 1987-88, inserido numa das melhores equipas de sempre dos sadinos. "O treinador era o Malcolm Allison e tinha uma super-equipa: Ferenc Mészáros, Eurico, Jordão, Manuel Fernandes, Hernâni, Ademar, Zezinho, enfim. Subimos de divisão, com nove pontos de avanço sobre o Estrela da Amadora, que ficou em segundo", recordou ao Maisfutebol em janeiro de 2023.

Mészáros, o guarda-redes húngaro que anos antes havia sido campeão nacional pelo Sporting, foi das principais amizades que fez à beira-Sado. "Nós íamos todos os dias juntos para Setúbal. Ele morava na Charneca da Caparica e eu morava em Corroios, então íamos sempre juntos, às vezes levava ele o carro e às vezes levava eu. Mas era mais ele, porque gostava de ser ele a conduzir", contou.

Malcolm Alisson era o treinador, mas na equipa técnica havia outra estrela, o preparador físico Roger Spry: "Com ele era tudo uma novidade. Por exemplo, levava uma aparelhagem para o campo e treinávamos com música. Fazíamos exercícios impensáveis para a altura, movimentos de karaté e tal. Um dia convidou três instrutores de ginásio para treinar, para ver se aguentavam. Aos 40 minutos nós continuávamos lá e eles já tinham saído disparados. Nunca corríamos à volta do campo. Subíamos para o relvado descalços e fazíamos exercícios específicos de velocidade, força e resistência (...) Ele vinha do futebol americano, no qual os jogadores jogam com capacete, e às vezes a luz a bater nos aros encandeia os jogadores. Então ele aprendeu que pintar os olhos ajuda nestas alturas. Quando estava sol, mandava-nos pintar um retângulo por debaixo dos olhos, para conseguirmos manter os olhos abertos quando olhávamos para cima. Depois até começaram a chamar-nos de índios."

No verão de 1988 deu o salto para o Sporting, mas não se afirmou em Alvalade. Depois de uma passagem pelo Sp. Braga, regressou ao Vitória em 1990-91, uma temporada marcada pela despromoção à II Liga, apesar das muitas estrelas do plantel: "Eu, Diamantino, Dito, Jaime Pacheco, Jorge Martins, Nunes, Yekini, Makukula, Mladenov. Mas não deu certo e descemos de divisão. Foi pena porque era um grande clube e pagava sempre certinho."

À descida de divisão seguiu-se uma saída mal explicada do clube: "Eu saio do Vitória sem perceber porquê. O que os diretores me disseram é que não atendi o telefone, enfim."











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