Dez jogadores da história recente do Gil Vicente |
Fundado a 3 de maio de 1924 por
iniciativa de um grupo de jovens que se reunia regularmente no Largo Doutor
Martins Lima, então conhecido por Largo do Teatro, por ali se encontrar o
Teatro Gil
Vicente – daí o nome do clube -, o Gil
Vicente Futebol Clube esperou quase 70 anos para chegar ao patamar
maior do futebol português.
Nos anos 1940, os gilistas
passaram a ser presença habitual nos campeonatos nacionais, nomeadamente na II
Divisão, mas raramente estiveram às portas da promoção à elite.
Em 1976-77 os barcelenses
causaram sensação na Taça
de Portugal, ao chegar às meias-finais, onde foram eliminados pelo Sp.
Braga somente no jogo de desempate, mas foi preciso esperar pouco mais de
uma década para atingirem a I
Divisão.
Em 1989-90, o antigo lateral
direito portista Rodolfo Reis assumiu o comando técnico e guiou o Gil
Vicente à elite do futebol nacional. Os jovens Folha, Capucho e Paulo
Alves, que haveriam de se tornar internacionais AA por Portugal, foram outros
dos rostos do sucesso.
Daí para cá, a formação
de Barcelos passou a ser presença assídua na I
Divisão, somando já 19 participações – incluindo a de 2019/20 -, tendo como
melhor classificação de sempre o 5.º lugar obtido em 1999-00. Paralelamente,
voltou a atingir as meias-finais da Taça
de Portugal em 2015-16, quatro anos depois de ter sido finalista
vencida da Taça da Liga.
Em termos de II
Liga, os gilistas
participaram por dez vezes na prova e sagraram-se campeões em 1998-99 e
2010-11.
Vale por isso a pena recordar os
dez jogadores com mais jogos pelo Gil
Vicente na II
Liga.
10. Diego Gaúcho (73 jogos)
Diego Gaúcho |
Defesa central brasileiro, passou
por vários clubes de divisões inferiores do seu país antes de ingressar no Gil
Vicente no verão de 2006, após a despromoção administrativa devido ao Caso
Mateus.
“Em 2005, eu fui para o
Felgueiras disputar a II
Liga. Lá é assim: o presidente não pagando, eles não podem disputar, caem
para a última divisão. Como o presidente não pagou, a equipa caiu para última
divisão, fechou o clube, não jogou. Em 2006, como eu tinha feito um bom
trabalho, quase dois meses treinando com o treinador Luís Miguel, ele quis-me
de volta, mas acabei de por não ir para a equipa em que ele estava. Ele indicou-me
para o Gil
Vicente. E aí há uma curiosidade. Eu cheguei ao Gil
Vicente para jogar na I
Liga, com contrato de três anos. Só que na hora de começar o campeonato, 15
dias antes, o clube desceu de divisão (risos), porque inscreveu um jogador
ilegal, o Mateus, um angolano. Num campeonato, um ano antes, ele tinha jogado
uns jogos e foi inscrito ilegalmente, porque ele era amador. E o Mateus estava
comigo no Felgueiras. Assim, por causa do Matheus, nós fomos jogar para a II
Liga”, recordou ao portal brasileiro O Popular Digital.
Em três temporadas em Barcelos
disputou um total de 73 jogos (69 a titular) e apontou cinco golos na II
Liga, tendo contribuído para a caminhada até aos quartos de final da Taça
de Portugal em 2007-08.
Pelo meio, teve a possibilidade
de ir para o West Ham. “Chegou, acho que o primo do Jorge Mendes, Paulo Emanuel
Mendes, empresário também. Ele chegou: “Diego, tenho um clube para você”. Eu tinha
feito uns dois, três jogos. “Tenho um clube, o West Ham, para você ir para
Inglaterra, mas você tem que sair do Gil
Vicente. Eles estão a pagar-te?”. “Não, e o pior é que estão dois meses
atrasados”. “Então, vamos meter a carta de rescisão, quando chegar aos três
meses”. Porque lá [em Portugal] você mete a carta de rescisão e se eles não
pagarem em três dias, se não me engano, você sai livre e eles são obrigados a
pagarem o contrato todo quando fica sem receber durante três meses. “Ah, não
vou fazer isso”. E ele: “vamos, faz que eu vou-te levar para lá, você vai
ganhar muito mais”. “Então, se você quiser, você mete, eu falo que é você que me
está a forçar a fazer isso”. Então meti a carta de rescisão, só que o
presidente [António Fiúsa] falava: “Diego, não pense que eu vou deixar-te sair
livre, você é um grande jogador, eu sei que ele está forçando”. Ele vinha e
pagava-me os três meses”, contou.
Valorizado pelas boas campanhas
ao serviço do emblema
gilista, deu o salto para a União
de Leiria, então na I
Liga, no verão de 2009.
9. Rodrigo Galo (74 jogos)
Rodrigo Galo |
Entre 2008 e 2012 houve um Galo
no principal
clube de Barcelos. Faz todo o sentido.
Lateral direito brasileiro também capaz de jogar como extremo, reforçou o
Gil
Vicente no verão de 2008, proveniente do Avaí.
Nas primeiras três temporadas no emblema
gilista atuou em 74 encontros (67 a titular) e apontou nove golos da II
Liga, tendo conquistado o título nacional do segundo
escalão e consequente subida à I
Liga em 2010-11.
Valorizado pelas boas campanhas no clube
barcelense, transferiu-se para o Sp.
Braga após a promoção. No entanto, não se impôs nos arsenalistas
e acabou por ser emprestado ao Gil
Vicente em janeiro de 2012, indo a tempo de contribuir para a caminhada até
à final
da Taça da Liga.
Depois voltou a ser cedido pelos bracarenses,
mas à Académica.
8. Filipe Fernandes (76 jogos)
Nas primeiras três temporadas com
a camisola do Gil
Vicente, disputou um total de 76 jogos (todos a titular) e marcou um golo
na II
Liga, tendo ainda participado na caminhada até aos quartos de final da Taça
de Portugal em 2007-08.
Em 2009-10 esteve ao serviço dos
cipriotas do AEK Larnaca, mas na época seguinte regressou aos gilistas
para atuar em oito partidas (cinco a titular), dando um pequeno contributo para
a conquista do título de campeão da II
Liga.
Após a subida de divisão
transferiu-se para o Sp.
Covilhã.
7. Paulinho (78 jogos)
Paulinho |
Ponta de lança natural de
Barcelos, fez toda a formação e o início do seu percurso como sénior no Santa
Maria, tendo ainda passado pelo Trofense e jogado uma vez pela seleção nacional
de sub-21 antes de reforçar o Gil
Vicente no verão de 2013, quando os gilistas
se encontravam na I
Liga.
Após duas épocas com pouco
protagonismo no primeiro
escalão, ganhou espaço na equipa após a descida à II
Liga, patamar em que amealhou um total de 78 encontros (70 a titular) e 26
golos entre 2015 e 2017, alguns dos quais já na condição de capitão de equipa. Em
2015-16 contribuiu para a caminhada até às meias-finais da Taça
de Portugal e na temporada seguinte foi o segundo melhor marcador do campeonato,
com 19 golos, tendo sido apenas suplantado por Pires,
do Portimonense,
que apontou 23.
Valorizado pelas boas campanhas
no emblema
gilista, deu o salto para o Sp.
Braga no verão de 2017. “Obrigado! Não existem palavras para descrever tudo
aquilo que eu sinto. Obrigado Gil
Vicente por tudo!”, escreveu nas redes sociais na hora da despedida.
6. João Pedro (80 jogos)
João Pedro |
Lateral esquerdo formado no FC
Porto ao lado de Tonel e Ricardo Sousa e campeão europeu de sub-18 em 1999,
passou por Leça,
Trofense, Famalicão
e Estoril
antes de ingressar no Gil
Vicente no verão de 2005.
Na primeira época em Barcelos foi
titular na I
Liga e depois da descida administrativa à II
Liga devido ao Caso Mateus manteve o estatuto no segundo
escalão durante três temporadas, tendo disputado 80 jogos (79 a titular) e
apontado cinco golos no campeonato
entre 2006 e 2009. Paralelamente, contribuiu para a caminhada até aos quartos
de final da Taça
de Portugal em 2007-08.
Em 2009-10 esteve ao serviço dos
cipriotas do Ethnikos Achnas, regressando ao emblema
gilista na época seguinte. Embora não tivesse atuado em qualquer partida na
campanha que culminou na conquista do título da II
Liga, nas temporadas que se seguiram voltou a jogar na I
Liga, participando em 2011-12 na caminhada até à final
da Taça da Liga.
5. Paulo Arantes (84 jogos)
Paulo Arantes |
Lateral direito natural de Carapeços,
no concelho de Barcelos, fez grande parte da formação no Gil
Vicente, tendo ascendido à equipa principal em 2004-05.
Em nove temporadas no plantel dos
gilistas,
foram raras aquelas em que foi maioritariamente titular, mas mostrou-se sempre
um elemento importante para passar a mística do clube aos mais jovens.
Se nas duas primeiras épocas de
equipa principal competiu na I
Liga, nas cinco que se seguiram atuou num total de 84 encontros (82 a
titular) na II
Liga, regressando depois ao primeiro
escalão. Entre 2005 e 2013 viveu momentos como o deflagrar do Caso Mateus,
a conquista do título de campeão da II
Liga em 2010-11 e as caminhadas até aos quartos de final da Taça
de Portugal em 2007-08 e 2012-13 e até à final
da Taça da Liga em 2011-12.
No verão de 2013 deixou o Gil
Vicente, quando era há já alguns anos o capitão de equipa, e transferiu-se
para o Santa
Clara.
4. Sandro Costa (88 jogos)
Sandro Costa |
Defesa central natural de
Barcelos, iniciou a sua formação no Gil
Vicente em 2007-08. “Fui para o Gil
Vicente porque um primo meu também lá andava. Então, pedi ao meu pai para me
inscrever, e assim aconteceu”, recordou ao portal Mais
Desporto.
Em iniciado rumou ao Sp.
Braga, clube pelo qual se sagrou campeão nacional de juniores em 2013-14.
No entanto, quando subiu a sénior nem na equipa B encontrou espaço, tendo
passado pelo Vilaverdense
antes de reforçar o Gil
Vicente no verão de 2015.
Em três temporadas no emblema
gilista amealhou um total de 88 jogos (82 a titular) e seis golos na II
Liga, não conseguindo evitar a despromoção ao Campeonato
de Portugal em 2018, numa altura em que já se sabia que a formação
barcelense regressaria à I
Liga em 2019-20. Paralelamente, contribuiu para a caminhada até às
meias-finais da Taça
de Portugal em 2015-16.
“Trabalhei com o Álvaro
Magalhães, o Jorge Casquilha, o Paulo Alves e o Pedro Ribeiro, mas quem mais me
marcou foi o Nandinho,
porque me deu a oportunidade de me estrear nas ligas profissionais. Impus-me
numa equipa que tinha centrais que vinham da I
Liga, como o Cadú e o Pecks”, confessou ao Maisfutebol
em novembro de 2019.
No verão de 2018 transferiu-se
para o Rieti, da Série C1 de Itália.
3. Ricardinho (93 jogos)
Ricardinho |
Lateral direito natural de
Barcelos e com toda a formação feita no Gil
Vicente, foi emprestado ao Vilaverdense
na primeira época de sénior, mas integrou a equipa principal em 2014-15,
somando algum tempo de jogo na I
Liga.
Seguiram-se três temporadas a
competir na II
Liga, nas quais amealhou um total de 93 encontros (83 a titular) e apontou
dois golos no campeonato,
não conseguindo evitar a despromoção ao Campeonato
de Portugal em 2018, numa altura em que já se sabia que a formação
barcelense regressaria à I
Liga em 2019-20. Paralelamente, contribuiu para a caminhada até às
meias-finais da Taça
de Portugal em 2015-16.
No verão de 2018 transferiu-se
para o Voluntari, da I Liga da Roménia.
2. João Vilela (96 jogos)
João Vilela |
Médio de características
ofensivas formado no Benfica
e internacional jovem português, chegou ao Gil
Vicente em janeiro de 2016 por empréstimo das águias, tendo feito a estreia
na I
Liga numa época em que os barcelenses
desceram à II
Liga devido ao Caso Mateus.
Entretanto assinou pelos gilistas
a título definitivo, tendo entre 2006 e 2009 amealhado 71 encontros (56 a
titular) e apontou nove golos, contribuindo para a caminhada até aos quartos de
final da Taça
de Portugal em 2007-08.
Em 2009-10 esteve ao serviço do Fátima,
mas na temporada seguinte regressou a Barcelos para contribuir para a conquista
do título da II
Liga com três golos em 25 partidas (15 a titular).
Nas quatro épocas que se seguiram
representou os minhotos
na I
Liga, ainda que no segundo semestre de 2012 tivesse passado pelos iranianos
do Tractor.
No verão de 2015 abandonou o Gil
Vicente em definitivo para rumar ao Belenenses.
1. Alphonse (97 jogos)
Alphonse |
Médio defensivo costa-marfinense,
passou pelos juniores do Desp.
Chaves e pelos seniores do Mirandela antes de reforçar o Gil
Vicente no verão de 2013.
No entanto, nos primeiros dois
anos de contrato com o emblema
de Barcelos esteve ano e meio fora, em empréstimos à Oliveirense
e ao Académico Viseu.
Regressaria aos gilistas
para se afirmar, tendo amealhado 79 partidas (73 a titular) e seis golos entre
2015 e 2017, contribuído para a caminhada até às meias-finais da Taça
de Portugal em 2015-16.
No verão de 2017 assinou pelo Feirense,
então na I
Liga, mas meio ano depois voltou aos barcelenses
por empréstimo dos fogaceiros,
tendo atuado em 18 jogos (17 a titular) na segunda metade da temporada 2017-18,
que ficou marcada pela despromoção ao Campeonato
de Portugal numa altura em que já se sabia que o Gil
Vicente regressaria à I
Liga em 2019-20.
Depois voltou a Santa Maria da
Feira.
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