sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Dos gigantes de Manchester a Águeda. Objetivo de Marcos Silva é “lutar pela subida”

Médio Marcos Silva procura afirmar-se no Recreio de Águeda
Filho de pais angolanos, o possante médio Marcos Silva passou pela formação do Sporting e esteve à experiência nos gigantes de Manchester, mas é com a camisola do Recreio de Águeda que vai mostrando o que vale no Campeonato de Portugal…. depois de ter sido anunciado como reforço do Amora.
 
Em entrevista, o jovem centrocampista passa o seu trajeto futebolístico em revista e fala sobre a possibilidade de representar Angola.
 
ROMILSON TEIXEIRA - Na última jornada brilhou na vitória do Recreio de Águeda sobre o Sp. Espinho, ao fazer um cruzamento milimétrico para Rafa Fonseca no lance do único golo do encontro. Consegue contar-nos como foi o lance e o que sentiu ao ser decisivo para a conquista dos primeiros três pontos da equipa no campeonato?
MARCOS SILVA - Senti-me contente por termos conseguido os primeiros três pontos, somos uma equipa jovem e ambiciosa, temos qualidade e somos muito bem orientados. O lance foi consequência do trabalho semanal que temos desenvolvido. Temos treinado muito e bem, e quando assim é as coisas saem automaticamente. Mas foi um lance apenas, ainda tenho muito para trabalhar e melhorar. O mais importante é o coletivo que esteve todo muito bem, unido e concentrado para conseguirmos conquistar a vitória.
 
Com que objetivos pessoais e coletivos entrou para a nova temporada?
Os objetivos são claros: ajudar o Águeda a lutar pela subida, que eu acredito que com a equipa técnica e com o plantel que temos, temos todas as condições para o fazer, e trabalhar sempre todos os dias com humildade e afinco para ser opção.
 
O que está a achar dos métodos e das ideias do treinador Zé Nando?
O mister Zé Nando acredita muito em nós, é um treinador que apresenta bons métodos de treino, que todos os jogadores gostam, e quer que apresentemos sempre um futebol positivo independentemente do adversário. Quer sempre que as ideias de jogo sejam levadas até ao fim, é uma excelente pessoa e muito próximo do plantel, é um prazer poder trabalhar e aprender com o mister.
 

Recreio de Águeda é um clube acima da média para o Campeonato de Portugal

Marcos Silva quando foi anunciado no Amora
O Recreio de Águeda já esteve na I Divisão. Que balanço faz dos primeiros tempos neste emblema do distrito de Aveiro? Que clube e cidade encontrou?
Como disse anteriormente, este clube tem condições espetaculares, a cidade é uma típica cidade do centro do país, onde as pessoas são simpáticas e sempre disponíveis. O balanço é muito positivo, sinto-me muito bem e fui muito bem-recebido, é um clube e uma estrutura muito acima da média para a divisão em que nos encontramos e estou contente e motivado para continuar a desenvolver o meu trabalho. O clube é ambicioso e tem metas bem definidas.
Sei que o Recreio de Águeda esteve na I Divisão na época de 1983-84 e infelizmente desceu. Condições de infraestruturas e de profissionalismo do staff de I Liga tem e desejo um dia poder ver o clube e a cidade no convívio com os grandes do nosso futebol.

Chegou a ser anunciado como reforço do Amora. O que se passou para não ficar na Medideira e rumar a Águeda?
Não se passou nada em concreto. Eu em conjunto com o meu agente Paulo Formosinho sentimos que o Águeda tinha muita confiança nas minhas qualidades, o mister Zé Nando conjunto com o presidente e o diretor desportivo passaram-me muita confiança, sempre desejaram muito contar comigo e depois este clube tem umas condições espetaculares para os jogadores, não nos falta nada e só temos que nos preocupar em desenvolver o nosso futebol. Sinto-me bastante bem no clube e na cidade.
 
É um médio com 1,92 m. Como se descreve como jogador? Quando uma equipa o contrata, com o que pode contar?
É verdade, sou um jogador com alguma estampa física. Utilizar o meu corpo é uma característica positiva, considero-me um jogador polivalente, já joguei a central, a médio defensivo e a médio ofensivo e quando joguei na formação do Sporting era extremo, por isso sinto-me à vontade. Sou uma pessoa ambiciosa e tento sempre trabalhar para melhorar, o clube que me contratar vai contratar um jogador que treina e joga para ganhar.
 
Voltando atrás no seu trajeto como futebolista, passou pela formação de Belenenses, Corroios, Naval, Amora e Atlético. Quais são as principais recordações que tem dos seus anos no futebol juvenil?
Uma das minhas maiores alegrias foi quando aos seis anos fui selecionado para fazer parte da equipa de escolinhas do Sporting Clube de Portugal. Fiz amigos que ainda tenho, foi a minha primeira introdução ao futebol.
O Corroios, o Naval e principalmente o Atlético significam muito para mim no meu trajeto futebolístico, e todos esses clubes têm uma importância muito grande no jogador que sou hoje.
 
Quando passou a sénior, integrou o plantel do Amora que disputou a I Distrital da AF Setúbal, mas também jogou pela equipa B nessa época. Quais foram as principais dificuldades que encontrou na transição de júnior para sénior?
Na verdade, é sempre complicada a transição do futebol de formação para o futebol sénior, mas o pior disso foi a lesão que sofri e a falta de apoio que senti da estrutura do clube, o que me deixou bastante desiludido, pois era um ano importante, ano esse que sentia que poderia jogar, mas são águas passadas.
 

“O Atlético é um clube fantástico e com uma massa adepta apaixonante”

Marcos Silva nos tempos em que jogava pelo Atlético
Do Amora mudou-se para o Atlético, tendo também jogado pela equipa B e pela equipa principal e contribuído para a conquista do título da Divisão de Honra da AF Lisboa. Que balanço faz dos dois anos que passou na Tapadinha?
Foram dos meus melhores anos, o Atlético é um clube fantástico e com uma massa adepta apaixonante. Os dois grupos foram espetaculares, o de juniores e o de seniores, encontrei um grande treinador de nome Carlos Alves, que é meu amigo e ainda hoje que me liga sempre a perguntar se está tudo bem comigo, e que é uma pessoa muito especial para mim, assim como os meus companheiros, com os quais também ainda mantenho contacto.
 
Da II Divisão Distrital da AF Lisboa deu o salto para o Praiense, uma das equipas que tem vindo a ameaçar subir à II Liga. Que balanço faz da época que passou no emblema açoriano? O que o clube tem de especial para conseguir ano após ano a lutar pela promoção?
O Praiense mostrou interesse junto do meu agente e amigo Paulo Formosinho, pessoa pela qual nutro um carinho muito especial. Posto isto, o meu agente achou que podia ser bom para mim e aceitámos a proposta. Tinha ido da II Distrital para o Campeonato de Portugal e ia com muitas expectativas, sentia que podia e tinha condições de jogar mais e trabalhei sempre com afinco, mas infelizmente joguei menos do que aquilo que estava à espera.
O clube tinha uma equipa que jogava junta há algum tempo, tinha jogadores experientes e era bem orientado, por isso era sempre um dos candidatos à subida.
 
Fale-nos das suas raízes em Angola. Alguma vez visitou o país?
Os meus pais são angolanos e eu logicamente tenho uma proximidade muito grande com o país. Nasci em Portugal, mas vou a Angola frequentemente, as minhas raízes são todas angolanas. Aos domingos comemos coisas da terra e a maior parte da minha família reside em Angola, por isso sinto muito carinho pela terra mãe.
 

“Estive à experiência no Manchester City e no Manchester United”

Como foi a sua infância? Onde nasceu e cresceu?
A minha infância foi muito rica, brinquei muito. Os meus pais são pessoas que prezam muito a importância da família, o meu pai e a minha mãe nunca deixaram que me faltasse nada e estão sempre muito presentes. O meu pai é a minha maior referência, tem um coração grande, e é muito meu amigo, assim como os meus irmãos e a minha mãe.
Nasci em Almada, cresci entre Vale Figueira e Amora e pelo meio vivi ainda alguns anos em Manchester, onde estive à experiência no Manchester City e no Manchester United. Fui uma criança muito feliz e realizada.
 
Representar Angola é algo que lhe passa pela cabeça? Alguma vez foi contactado pela Federação Angolana de Futebol (FAF)?
Como filho de angolanos e sendo detentor do passaporte angolano é legítimo, mas vamos ver o que diz o futuro sobre essa possibilidade.
 
Acompanha o futebol angolano? Que opinião tem sobre o mesmo e quais são os atletas que admira?
Para ser sincero não acompanho muito o futebol angolano, mas sempre que posso tento ver. Sei que os clubes mais importantes são o 1º de Agosto e o Petro de Luanda. Quanto aos jogadores, o Gelson Dala é um excelente jogador.

 
Também é inevitável falar da pandemia de Covid-19. Sente-se seguro ao estar sem máscara perto de tantas pessoas que não são regularmente testadas?
Sinto-me seguro. Sou sempre muito cuidadoso, assim como as pessoas que me rodeiam.
 
O público começa agora a regressar aos estádios em Portugal. A DGS tem referido que o público do futebol se comporta de maneira diferente em relação ao público das touradas e dos espetáculos. É da mesma opinião ou sente que é preconceito?
O momento que se vive de crise global é muito delicado e é sempre importante medir o que se vai dizer. Todos nós sabemos que o futebol é um desporto de paixões e que suscita sentimentos e reações muito fortes em todos nós. O público faz parte do espetáculo, qualquer jogador adora jogar com o público e com os estádios cheios, mas também é necessário perceber o momento que se vive e fazer as coisas de forma a que possamos ultrapassar o mais rapidamente possível esta fase triste. E isso é respeitar as normas que a DGS impõe.
 
Tem alguma outra ocupação além do futebol ou dedica-se a esta atividade a 100%?
Vivo futebol a 200%. Quando não estou a jogar penso em futebol e quando estou a dormir sonho com futebol. O futebol é tudo para mim.
 
 
Entrevista realizada por Romilson Teixeira











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