quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Filho de internacional angolano Figueiredo brilha em Reguengos: “Quis sair da minha zona de conforto”

Bruno Figueiredo leva dois golos em três jogos pelo Atlético Reguengos
Médio ofensivo tal como o pai, que foi internacional angolano, que jogou na I Liga ao serviço do Santa Clara e participou no Mundial 2006, Bruno Figueiredo deixou o distrito de Setúbal, onde tinha feito todo o seu trajeto no futebol, para reforçar o Atlético de Reguengos.

 

A brilhar nos distritais da AF Évora, apontou um grande golo de livre ao Sp. Viana do Alentejo no domingo, dedica-se a 100 por cento ao futebol e, em entrevista, revela que sonha seguir as pisadas do progenitor: “Seria um orgulho representar os Palancas Negras”.

 

ROMILSON TEIXEIRA - Entrou com o pé quente esta época, com um golo ao Portel na estreia e outro ao Sp. Viana do Alentejo no último domingo. Como estão a correr os primeiros tempos ao serviço do Atlético de Reguengos?

BRUNO FIGUEIREDO - A adaptação está a ser boa e fácil, o grupo e a equipa técnica acolheram-me bem e neste momento está a correr tudo bem.

 

O golo de domingo foi apontado de livre direto e fez lembrar o estilo de execução de Cristiano Ronaldo. Já bate assim há muito tempo? O que é mais importante para si na corrida de balanço e em que zona da bola procura chutar?

Sempre que bato livres, posiciono-me sempre dessa forma, sendo que a minha inspiração vem da forma como via o meu pai bater livres.

 

O Bruno Figueiredo tem feito todo o seu trajeto no distrito de Setúbal, mas agora mudou-se para Reguengos de Monsaraz, mais longe de casa. O que o levou a aceitar o convite do clube alentejano e quais são os objetivos pessoais e coletivos para a presente temporada?

O que me levou a aceitar o convite foi o facto de sair da minha zona de conforto, procurar novas experiências e os objetivos a que o clube se propôs. Os objetivos principais é primeiramente ajudar o coletivo e continuar a evoluir no sentido pessoal.

 

Ao fim de três jogos, o que já pode dizer sobre as características e o nível competitivo do campeonato distrital da AF Évora? Que comparações faz com o campeonato da AF Setúbal?

Na minha opinião o campeonato em Évora é duro, exigente e muito físico, sendo que dada a qualidade das equipas qualquer uma pode ganhar. Todos os distritais de Portugal são competitivos, cada um à sua maneira.

 

Nas duas últimas épocas esteve em clubes que conseguiram subir ao Campeonato de Portugal, o Fabril e o Oriental Dragon, mas não foi muito utilizado. Isto dá a entender que emblemas com projetos ambiciosos lhe reconhecem qualidade, mas o que tem faltado para jogar com mais regularidade?

Foram opções dos treinadores que eu tive de respeitar. Trabalhei ao máximo para jogar com mais regularidade, mas os treinadores optavam por atletas mais experientes. Quando estava no Oriental Dragon eu decidi que seria melhor sair para jogar e fui para O Grandolense, onde fui titular, mas infelizmente por causa da pandemia o campeonato acabou.

 

“Quando jogava no Benfica ganhámos um torneio em Serpa e fui o melhor jogador”

Bruno Figueiredo nos infantis do Benfica em 2010-11

Começou a jogar nos infantis do Benfica, ao lado de jogadores que acabaram por chegar à equipa principal, como Florentino, Gedson Fernandes e Jota. Já nessa altura eram eles que mais se destacavam? Que memórias guarda desses tempos?

Sim, joguei com esses e com outros. Nessa altura não havia grandes destaques, mas quem estava a despontar um pouco mais era o Jota e o Filipe Soares. Das muitas recordações que tenho de jogar no Benfica guardo um torneio em Serpa, onde ganhámos e fui considerado o melhor jogador.

 

Após sair para o Benfica representou os iniciados do Vitória de Setúbal. Qual foi o sentimento de representar o emblema mais representativo da região em que vive e como correu a aventura no Bonfim?

O sentimento de representar o Vitória Futebol Clube foi de grande satisfação. É um clube centenário com grande prestígio em Portugal. Fui campeão de infantis e cheguei a jogar o campeonato nacional de iniciados.

 

Entretanto também passou por Quinta do Conde, Almada, Pinhalnovense e Fabril, tendo terminado a formação e feito a estreia no futebol sénior ao serviço do clube do Lavradio. O que mais lhe custou na transição de júnior para sénior?

A transição de júnior para sénior não é fácil e todos sabemos disso, pois estamos habituados a jogar com atletas da nossa idade e no ano seguinte estamos a jogar com atletas mais velhos, com mais experiência, e isso muitas das vezes faz a diferença.

 

O Bruno Figueiredo joga como médio ofensivo. Como se descreve como jogador? Quando uma equipa o contrata, com o que pode contar?

Descrevo-me como um jogador inteligente com e sem bola, imprevisível, forte no último passe e com uma excelente meia distância. Pode contar com trabalho, humildade, dedicação e respeito.

 

“Seria um orgulho representar os Palancas Negras”

Bruno Figueiredo e o pai

É inevitável falar do seu pai, o antigo internacional angolano Figueiredo, também um médio ofensivo. Lembra-se de o ver jogar na I Liga com a camisola do Santa Clara e no Mundial 2006 ao serviço de Angola?

Lembro-me um pouco, apesar de na altura ter quatro anos. Sei que o meu pai era muito respeitado e um bom jogador. Lembro-me perfeitamente de o ver no Mundial e fiquei orgulhoso por aquilo que ele fez e também por Angola.

 

Joga na mesma posição do seu pai. No que são mais e menos parecidos?

Não gostam muito que façam comparações, mas acabam por fazer, porque o meu pai foi o meu pai e eu quero ser eu, com trabalho, humildade e querer. Tenho muito orgulho nele e é uma referência para mim. Temos muita coisa em comum, mas gosto que sejam os outros a falar disso.

 

Quais são os principais conselhos que o seu pai lhe dá?

Os principais conselhos que o meu pai me dá são trabalho, ser humilde e acima de tudo nunca desistir dos meus sonhos.

 

Representar Angola, tal como o seu pai, é algo que lhe passa pela cabeça? Alguma vez foi contactado pela Federação Angolana de Futebol (FAF)?

Sim, seria um orgulho para mim representar os Palancas Negras. Até ao dia de hoje não fui contactado pela Federação Angolana de Futebol.

 

Alguma vez foi a Angola? Que ligações tem com a cultura angolana?

Nunca visitei Angola, mas gostava de visitar. Tudo o que sei sobre Angola são as partilhas que o meu pai conta sobre desporto e cultura no geral.

 

Onde nasceu e cresceu? Como foi a sua infância?

Nasci no concelho de Almada, vivi em São Miguel (Açores) até aos meus cinco anos e depois estive sempre em Azeitão até aos dias de hoje, tendo visitado o meu pai na Suécia depois do Mundial. Atualmente vivo em Reguengos de Monsaraz.

 

Bruno Figueiredo nos tempos do GD Fabril

Acompanha o futebol angolano? Que opinião tem sobre o mesmo e quais são os atletas angolanos que admira?

Não consigo acompanhar o futebol angolano, mas sei que o Primeiro de Agosto e o Petro de Luanda são as equipas mais tituladas e que jogam sempre para serem campeões. Conheço os jogadores que evoluem no campeonato português: Gelson Dala, o Mateus que é o capitão dos Palancas, o Fabio Abreu que recentemente saiu do Moreirense, o Fredy que joga na Turquia e o Bastos que estava na Lazio.

 

Também é inevitável falar da pandemia de Covid-19. Sente-se seguro ao estar sem máscara perto de tantas pessoas que não são regularmente testadas?

Obviamente haverá sempre um certo receio, tendo em conta que nem todas as pessoas seguem as regras, ainda assim, temos de acreditar que existem pessoas responsáveis e que sabem o que é o perigo da Covid-19.

 

O público começa agora a regressar aos estádios em Portugal. A DGS tem referido que o público do futebol se comporta de maneira diferente em relação ao público das touradas e dos espetáculos. É da mesma opinião ou sente que é preconceito?

Existe um pouco de preconceito, mas temos de ver que o público nas touradas manifesta a sua admiração pela investida no touro com aplausos, já no futebol se houver golos o público é mais explosivo e a tendência é para abraços e a proximidade acaba por ser maior.

 

Qual é a primeira coisa que fará quando a pandemia passar e todos os condicionamentos forem levantados?

Reunir a família mais vezes, voltar a dar abraços apertados, estar mais tempo com amigos e desfrutar da vida.

 

Tem alguma outra ocupação além do futebol ou dedica-se a esta atividade a 100%?

Dedico-me ao futebol a 100%.

 

Quais são os seus grandes sonhos?

Jogar a Liga dos Campeões.

 

 

Entrevista realizada por Romilson Teixeira














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