Bruno Figueiredo leva dois golos em três jogos pelo Atlético Reguengos |
A brilhar nos distritais da AF Évora, apontou um grande golo de livre ao Sp. Viana do Alentejo no domingo, dedica-se a 100 por cento ao futebol e, em entrevista, revela que sonha seguir as pisadas do progenitor: “Seria um orgulho representar os Palancas Negras”.
ROMILSON TEIXEIRA - Entrou com o pé quente esta época, com um golo ao
Portel na estreia e outro ao Sp. Viana do Alentejo no último domingo. Como
estão a correr os primeiros tempos ao serviço do Atlético de Reguengos?
BRUNO FIGUEIREDO - A adaptação
está a ser boa e fácil, o grupo e a equipa técnica acolheram-me bem e neste
momento está a correr tudo bem.
O golo de domingo foi apontado de livre direto e fez lembrar o estilo
de execução de Cristiano
Ronaldo. Já bate assim há muito tempo? O que é mais importante para si na
corrida de balanço e em que zona da bola procura chutar?
Sempre que bato livres, posiciono-me
sempre dessa forma, sendo que a minha inspiração vem da forma como via o meu
pai bater livres.
O Bruno Figueiredo tem feito todo o seu trajeto no distrito
de Setúbal, mas agora mudou-se para Reguengos de Monsaraz, mais longe de
casa. O que o levou a aceitar o convite do clube alentejano
e quais são os objetivos pessoais e coletivos para a presente temporada?
O que me levou a aceitar o
convite foi o facto de sair da minha zona de conforto, procurar novas
experiências e os objetivos a que o clube se propôs. Os objetivos principais é
primeiramente ajudar o coletivo e continuar a evoluir no sentido pessoal.
Ao fim de três jogos, o que já pode dizer sobre as características e o
nível competitivo do campeonato distrital da AF
Évora? Que comparações faz com o campeonato
da AF Setúbal?
Na minha opinião o campeonato em Évora
é duro, exigente e muito físico, sendo que dada a qualidade das equipas
qualquer uma pode ganhar. Todos os distritais de Portugal são competitivos,
cada um à sua maneira.
Nas duas últimas épocas esteve em clubes que conseguiram subir ao Campeonato
de Portugal, o Fabril
e o Oriental
Dragon, mas não foi muito utilizado. Isto dá a entender que emblemas com
projetos ambiciosos lhe reconhecem qualidade, mas o que tem faltado para jogar
com mais regularidade?
Foram opções dos treinadores que
eu tive de respeitar. Trabalhei ao máximo para jogar com mais regularidade, mas
os treinadores optavam por atletas mais experientes. Quando estava no Oriental
Dragon eu decidi que seria melhor sair para jogar e fui para O
Grandolense, onde fui titular, mas infelizmente por causa da pandemia o campeonato
acabou.
“Quando jogava no Benfica ganhámos um torneio em Serpa e fui o melhor jogador”
Bruno Figueiredo nos infantis do Benfica em 2010-11 |
Sim, joguei com esses e com
outros. Nessa altura não havia grandes destaques, mas quem estava a despontar
um pouco mais era o Jota
e o Filipe Soares. Das muitas recordações que tenho de jogar no Benfica
guardo um torneio em Serpa, onde ganhámos e fui considerado o melhor jogador.
Após sair para o Benfica
representou os iniciados do Vitória
de Setúbal. Qual foi o sentimento de representar o emblema mais
representativo da região em que vive e como correu a aventura no Bonfim?
O sentimento de representar o Vitória
Futebol Clube foi de grande satisfação. É um clube centenário com grande
prestígio em Portugal. Fui campeão de infantis e cheguei a jogar o campeonato
nacional de iniciados.
Entretanto também passou por Quinta do Conde, Almada, Pinhalnovense
e Fabril,
tendo terminado a formação e feito a estreia no futebol sénior ao serviço do clube
do Lavradio. O que mais lhe custou na transição de júnior para sénior?
A transição de júnior para sénior
não é fácil e todos sabemos disso, pois estamos habituados a jogar com atletas
da nossa idade e no ano seguinte estamos a jogar com atletas mais velhos, com
mais experiência, e isso muitas das vezes faz a diferença.
O Bruno Figueiredo joga como médio ofensivo. Como se descreve como
jogador? Quando uma equipa o contrata, com o que pode contar?
Descrevo-me como um jogador
inteligente com e sem bola, imprevisível, forte no último passe e com uma
excelente meia distância. Pode contar com trabalho, humildade, dedicação e
respeito.
“Seria um orgulho representar os Palancas Negras”
Bruno Figueiredo e o pai |
Lembro-me um pouco, apesar de na
altura ter quatro anos. Sei que o meu pai era muito respeitado e um bom jogador.
Lembro-me perfeitamente de o ver no Mundial e fiquei orgulhoso por aquilo que
ele fez e também por Angola.
Joga na mesma posição do seu pai. No que são mais e menos parecidos?
Não gostam muito que façam
comparações, mas acabam por fazer, porque o meu pai foi o meu pai e eu quero
ser eu, com trabalho, humildade e querer. Tenho muito orgulho nele e é uma
referência para mim. Temos muita coisa em comum, mas gosto que sejam os outros
a falar disso.
Quais são os principais conselhos que o seu pai lhe dá?
Os principais conselhos que o meu
pai me dá são trabalho, ser humilde e acima de tudo nunca desistir dos meus
sonhos.
Representar Angola,
tal como o seu pai, é algo que lhe passa pela cabeça? Alguma vez foi contactado
pela Federação
Angolana de Futebol (FAF)?
Sim, seria um orgulho para mim
representar os Palancas
Negras. Até ao dia de hoje não fui contactado pela Federação
Angolana de Futebol.
Alguma vez foi a Angola?
Que ligações tem com a cultura angolana?
Nunca visitei Angola,
mas gostava de visitar. Tudo o que sei sobre Angola
são as partilhas que o meu pai conta sobre desporto e cultura no geral.
Onde nasceu e cresceu? Como foi a sua infância?
Nasci no concelho de Almada, vivi
em São Miguel (Açores) até aos meus cinco anos e depois estive sempre em
Azeitão até aos dias de hoje, tendo visitado o meu pai na Suécia depois do Mundial.
Atualmente vivo em Reguengos de Monsaraz.
Bruno Figueiredo nos tempos do GD Fabril |
Não consigo acompanhar o futebol angolano,
mas sei que o Primeiro
de Agosto e o Petro
de Luanda são as equipas mais tituladas e que jogam sempre para serem
campeões. Conheço os jogadores que evoluem no campeonato
português: Gelson Dala, o Mateus que é o capitão dos Palancas,
o Fabio Abreu que recentemente saiu do Moreirense, o Fredy que joga na Turquia
e o Bastos que estava na Lazio.
Também é inevitável falar da pandemia de Covid-19.
Sente-se seguro ao estar sem máscara perto de tantas pessoas que não são
regularmente testadas?
Obviamente haverá sempre um certo
receio, tendo em conta que nem todas as pessoas seguem as regras, ainda assim,
temos de acreditar que existem pessoas responsáveis e que sabem o que é o
perigo da Covid-19.
O público começa agora a regressar aos estádios em Portugal. A DGS tem
referido que o público do futebol se comporta de maneira diferente em relação
ao público das touradas e dos espetáculos. É da mesma opinião ou sente que é
preconceito?
Existe um pouco de preconceito,
mas temos de ver que o público nas touradas manifesta a sua admiração pela
investida no touro com aplausos, já no futebol se houver golos o público é mais
explosivo e a tendência é para abraços e a proximidade acaba por ser maior.
Qual é a primeira coisa que fará quando a pandemia passar e todos os
condicionamentos forem levantados?
Reunir a família mais vezes,
voltar a dar abraços apertados, estar mais tempo com amigos e desfrutar da
vida.
Tem alguma outra ocupação além do futebol ou dedica-se a esta atividade
a 100%?
Dedico-me ao futebol a 100%.
Quais são os seus grandes sonhos?
Jogar a Liga
dos Campeões.
Entrevista realizada por Romilson Teixeira
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