quinta-feira, 30 de abril de 2020

Os 10 brasileiros com mais jogos pelo Farense na I Divisão

Dez futebolistas brasileiros que deixaram marca no Farense
É impossível escrever a história futebolística do Farense na I Divisão sem fazer referência a jogadores brasileiros. A presença de nativos de terras de Vera Cruz tem sido uma constante ao longo das 23 presenças do emblema algarvio no patamar maior futebol português.

Logo na primeira participação no primeiro escalão, em 1970-71, os leões de Faro utilizaram dois futebolistas brasileiros: Nélson Faria e Waldir. Daí para cá, foram-se sucedendo. No total, foram 50 a jogar pelo Farense na I Divisão.

Vale por isso a pena recordar os 10 futebolistas brasileiros com mais jogos pela formação de Faro no primeiro escalão.


10. Mané (78 jogos)

Mané
Extremo esquerdo rápido, tecnicista, de baixa estatura (1,70 m), natural de Junquierópolis e proveniente dos paulistas do São José, estreou-se pelo Farense em 1988-89, uma temporada marcada pela descida de divisão e na qual participou em apenas três jogos (um a titular).
“O Mané era muito evoluído tecnicamente, eu era mais em velocidade. Mas também era rápido, muito habilidoso, muito forte no um contra um. Foi dos melhores jogadores com quem joguei. Um dos mais evoluídos que jogou no Farense. Tinha aquela finta curta tipo Messi, era fantástico”, contou Pitico ao blogue Quantos Farenses Somos?.
Porém, na época seguinte redimiu-se e foi parte ativa da equipa que conseguiu subir à I Divisão e chegar à final da Taça de Portugal, ainda que fosse maioritariamente utilizado a partir do banco de suplentes, tendo atuado em 22 jogos (oito a titular) e marcado cinco golos no campeonato. Mais: foi dele o golo que deu a vitória sobre o Belenenses no Restelo e que apurou os algarvios para o Jamor.
Mané permaneceu mais duas épocas no clube, no primeiro escalão, tendo apontado 11 golos em 64 jogos (46 a titular). Em 1992-93 mudou-se para norte para jogar pelo Gil Vicente, mas voltou na temporada seguinte, ainda que sem o brilho das temporadas anteriores. Nos primeiros meses chegou a estar no Louletano e voltou em 1994-95, contribuindo, mas pouco para o 5.º lugar e consequente apuramento europeu.
Depois andou pelas divisões secundárias: primeiro a norte, por Paredes, Tourizense e Alcains. Depois voltou a sul para representar Padernense – contribuindo para duas subidas consecutivas, dos distritais à II Divisão B -, Almancilense e São Marcos, onde voltou a jogar ao lado de Pitico e Hajry, que tinham sido seus companheiros no Farense.
Viria a falecer em novembro de 2008, vítima de acidente de viação.


9. Celso (79 jogos)

Celso
Guarda-redes mineiro, mas recrutado ao Botafogo de São Paulo, chegou ao Algarve numa época em que o Farense tinha o estatuto de recém-promovido à I Divisão, em 1986-87, sucedendo a Peres, que tinha rumado ao Vitória de Guimarães, e não dando hipóteses ao experiente José Manuel Delgado, emprestado pelo Benfica.
Importante para assegurar a permanência na temporada de estreia e na que se seguiu, foi impotente para evitar a despromoção em 1988-89, despedindo-se com 94 golos sofridos em 79 jogos no patamar maior do futebol português.
Depois voltou ao Brasil para representar o Náutico na Série A brasileira.



8. Ricardo (87 jogos)

Ricardo Narusevicius
Ponta de lança natural de São Paulo, mas com ascendência lituana, Ricardo Narusevicius chegou ao Farense no verão de 1988 tal como Mané e Pitico. Tal como os compatriotas foi impotente para evitar a descida dos algarvios em 1988-89, apesar de ter marcado quatro golos em 28 jogos (22 a titular) no campeonato.
Porém, esteve em grande na temporada seguinte, que ficou marcada pelo regresso ao primeiro escalão e pela caminhada até à final da Taça de Portugal. No campeonato da II Divisão – Zona Sul apontou 13 golos em 29 jogos, enquanto no percurso até ao Jamor marcou sete golos em nove partidas, entre os quais hat tricks a Odivelas e Esperança de Lagos.
Seguiram-se mais duas épocas no São Luís na I Divisão, nas quais faturou por 11 vezes em 59 partidas (34 a titular). Em dezembro de 1991 saltou do banco para marcar ao Benfica num empate caseiro a dois golos.
Depois prosseguiu a carreira em Portugal em clubes como Torreense, Penafiel, Leça, Maia e Leixões.


7. Adilson (95 jogos)

Adilson
Um dos primeiros brasileiros a jogar pelo Farense na I Divisão. Aterrou em Faro no verão de 1971 proveniente do Santa Cruz, tal como Mirobaldo, já depois de ter passado em importantes clubes do Brasil como São Paulo e Atlético Mineiro.
Rapidamente se impôs como titular nos algarvios, que na altura davam os primeiros passos entre a elite do futebol português. A melhor temporada em termos de jogos foi a primeira, quando disputou 27 jogos (todos a titular). Porém, o melhor registo goleador foi obtido em 1973-74, quando faturou por oito vezes. Juntamente com Mirobaldo e Farias formou um célebre trio atacante que ficou conhecido como “M.F.A.”
Após 95 jogos e 18 golos no primeiro escalão, não foi utilizado em qualquer encontro em 1975-76, época marcada pela descida de divisão, e depois prosseguiu a carreira no norte de Portugal com as camisolas de Sp. Espinho, Salgueiros e Fafe.


6. Stefan (97 jogos)

Stefan
Também conhecido por Teffo, reforçou o Farense no verão de 1990, numa altura em que os algarvios tinham sido recém-promovidos à I Divisão e participado meses antes na final da Taça de Portugal. “Jogava no Avaí e um dos diretores era o Gil, que tinha jogado no Farense com o Paco Fortes. Ele pediu-lhe um central/líbero e o Gil indicou-me, a mim e ao Edinho, que jogava comigo lá também. Ele depois acabou por não ficar. Eu estive um mês a fazer testes e fiquei”, contou em maio de 2015 ao blogue Quantos Farenses somos?.
Durante as duas primeiras épocas formou uma dupla sólida com o compatriota Luizão, disputando nesse período 51 jogos no campeonato, todos na condição de titular, e apontado um golo, ao Benfica, num empate caseiro a dois golos em dezembro de 1991.
Depois apareceu Jorge Soares, produto da formação que remeteu Stefan para o banco. “Era opção do Paco Fortes. Tive uma relação complicada com ele, fazia-me a vida negra. Eu jogava a líbero e gostava de jogar a bola pelo chão, passá-la aos médios, mas ele não queria isso e dizia que, se o médio perdesse a bola, a culpa era minha”, revelou.
Ainda assim, disputou 46 partidas e marcou um golo, ao Desp. Chaves, nas três temporadas que se seguiram, despedindo-se com o quinto lugar e consequente apuramento para a Taça UEFA em 1995. “O Farense marcou uma fase muito positiva na minha vida, foi o ponto alto da minha carreira, a par de ter jogado na seleção brasileira de sub-17 e da estreia a sénior na Ponte Preta. Vivemos momentos fabulosos no Farense, tenho orgulho em ter jogado num grupo desses, apesar de todas as dificuldades”, acrescentou.
Depois ainda jogou em clubes como Sp. Espinho, Imortal, União de Lamas e Cesarense antes de pendurar as botas. Após terminar a carreira de futebolista radicou-se em Espinho, onde já abriu um café e trabalhou numa corticeira, numa metalúrgica, numa empresa de fazer quadros e como treinador em vários clubes do distrito de Aveiro.


5. Paulo Sérgio (104 jogos)

Paulo Sérgio
Central natural de Confins, Minas Gerais, despontou no Atlético Mineiro e chegou a Portugal no verão de 1996, pela porta do Leça. Um ano depois mudou-se para o Farense e desempenhou um papel importante nos algarvios ao longo de quatro temporadas.
Em 1997-98 até sentiu dificuldades para se impor como titular perante a concorrência de Pedro Miguel e Miguel Serôdio, tendo disputado apenas 18 jogos (16 a titular) e apontado um golo, na visita ao Belenenses, mas nas três épocas seguintes conquistou definitivamente um lugar no onze, tendo formado duplas com o compatriota King, Miguel Serôdio, Carlos Costa e Herrera, entre outros. Nesse período efetuou mais 86 encontros (83 a titular) e apontou mais dois golos no campeonato, ao Desp. Chaves em fevereiro de 1999 e ao Vitória de Guimarães em janeiro de 2000.
No verão de 2001 voltou ao norte do país para representar o Varzim e depois o Desp. Aves, tendo colocado um ponto final da carreira no Algarve, com a camisola do Louletano, em 2003-04.


4. Mirobaldo (127 jogos)

Mirobaldo
Recrutado no verão de 1971 ao Santa Cruz tal com Adilson, tornou-se um dos primeiros brasileiros a jogar pelo Farense na I Divisão e um dos avançados mais respeitados do futebol português durante a década de 1970. Aliás, é ainda hoje o melhor marcador brasileiro dos algarvios no primeiro escalão, com 41 golos.
Ao lado de Farias e Adilson, Mirobaldo formou um temível tridente ofensivo que ficou conhecido por “M.F.A.”. Esquerdino, com um remate forte e qualidade no jogo aéreo, logo na época de estreia mostrou ao que vinha, apontando sete golos em 24 jogos (22 a titular) no campeonato. Nas quatro temporadas seguintes não mais foi ao banco, vivendo a melhor fase em 1973-74, quando apontou 13 golos em 26 encontros na I Divisão, incluindo um hat trick no dérbi com o Olhanense. Dois anos depois disputou as 30 partidas do campeonato e apontou seis golos, entre os quais um ao FC Porto, mas foi impotente para evitar a despromoção.
Embora o Farense tivesse descido de divisão, este avançado brasileiro não, pois transferiu-se para o Vitória de Setúbal e três anos depois para o Portimonense, onde continuou a brilhar ao mais alto nível e chegou a desempenhar a função de jogador-treinador.
Entretanto passou pelo Desp. Beja e voltou ao São Luís em 1981-82, na altura na II Divisão. Foi nesse patamar competitivo que encerrou a carreira aos 38 anos, em 1984, ao serviço do Olhanense. Foi, por isso, um dos poucos estrangeiros que envergou as camisolas dos três grandes do Algarve.



3. Pitico (157 jogos)

Pitico
Pescado nos brasileiros do São José em 1988 pelo então treinador José Augusto, não evitou a despromoção na época de estreia, mas foi uma peça importante no regresso à I Divisão e na campanha até à final da Taça de Portugal na temporada seguinte.
Seguiram-se quatro anos em que este médio/extremo ajudou o Farense a consolidar-se no patamar maior do futebol português. Embora o seu futebol tivesse encantado emblemas mais poderosos, como o Sporting e o Benfica, a transferência para um dos grandes de Lisboa nunca se concretizou. “O presidente [do Sporting] era Sousa Cintra e já tínhamos tudo acertado, mas no Farense as pessoas diziam que era impossível sair do clube. Não tinham como explicar a saída”, contou ao DN em fevereiro de 2008.
Acabou por deixar o clube 1994, após ter entrado em rutura com a direção, mas continuou em Portugal. Primeiro no Beira-Mar, depois nos também algarvios do Imortal e Olhanense. Regressou aos leões de Faro em 2014-15 para orientar a equipa B, numa altura em que jogava no São Marcos, nos distritais de Beja.



2. Sérgio Duarte (171 jogos)

Sérgio Duarte
Tal como Pitico, também aterrou em Faro no verão de 1988, depois de ter deixado o Nacional de Manaus, mas permaneceu mais uma época no clube.
Central/médio defensivo, foi sempre titular indiscutível nas seis épocas que passou no Farense e foi peça importante tanto na caminhada até à final da Taça em 1989-90 como na promoção e na consolidação da equipa na I Divisão, despedindo-se em 1995 com a qualificação para a Taça UEFA. Depois transferiu-se para o Boavista, clube pelo qual ganhou uma Taça de Portugal.
Na memória dos adeptos fica o golo solitário que deu uma vitória sobre o Sporting em dezembro de 1988. “Quando as outras equipas vinham a nossa casa já sabiam que ia ser muito complicado. Lembro-me de muito poucas derrotas em casa. Havia uma união muito grande entre a equipa e os adeptos, o estádio estava quase sempre cheio. Fazíamos com que a torcida jogasse connosco. Mesmo quando não jogávamos bem, notava-se o empenho. A nossa equipa tinha jogadores que criaram uma identidade muito forte com o clube e com a cidade, mesmo quem era de fora, como eu”, recordou numa entrevista a um blogue alusivo ao Farense, em 2015.



1. Luizão (186 jogos)

Luizão
Central nascido no Rio de Janeiro, chegou ao São Luís em 1986 oriundo do Fluminense e passou oito temporadas no Farense: sete na I Divisão, a outra marcada pela promoção ao primeiro escalão e pela caminhada até à final da Taça de Portugal.
“Chegar à final da Taça foi bom para toda a gente, menos para mim que não joguei! Fiz o percurso todo e mais uma vez, depois de roer os ossos, os outros é que ficaram com o filé mignon”, afirmou a um blogue alusivo aos leões de Faro em 2016.
“Tenho um carinho muito grande por Faro, pelos farenses, pelo Algarve. Foi o clube que me marcou, onde passei grandes momentos, grandes êxitos, grandes vitórias, grandes conquistas”, referiu o antigo central, que deixou o Farense em 1994 para assinar pelo União da Madeira.
Na memória dos adeptos ficou o golo que marcou num empate com o Benfica no antigo Estádio da Luz, em abril de 1992.


















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