Corinthians
e Palmeiras
protagonizam aquele que é considerado o clássico com mais tradição e de maior
rivalidade na cidade de São Paulo, tendo sido batizado de O Derby. Rivais desde que se defrontaram pela primeira vez, a 6 de
maio de 1917, representam muito mais de clubes de futebol. O Corinthians
sempre foi associado às camadas mais populares da sociedade paulista, enquanto
o Palmeiras,
que até 1942 era denominado de Palestra
Itália, representava a imensa comunidade italiana de São Paulo.
Apesar de em São Paulo existirem
outros clubes grandes, como o Santos e o São Paulo, um estudo da Datafolha concluiu em 2010 que a maioria
dos corintianos
considera o Palmeiras
o maior rival e vice-versa.
Ao longo de mais de um século, timão
e verdão
já se defrontaram em finais de campeonatos estaduais, regionais e nacionais e
já lutaram entre eles por uma vaga na final da Libertadores.
Veja aqui a nossa seleção dos dez melhores, por ordem cronológica.
6 de maio de 1917 – Campeonato Paulista (3.ª jornada)
A história centenária de duelos
entre Palmeiras
e Corinthians
começou de forma bem bonita, com os dois clubes a unirem forças para que fosse
realizado um Campeonato Paulista em que todos se revessem. Isto porque o
torneio inicialmente era organizado pela Liga Paulista de Foot-Ball (LPF), que
foi rejeitando a participação de clubes que não representassem a elite do
estado de São Paulo e decidindo a seu bel-prazer quais os estádios que poderiam
receber as partidas.
Então, a Associação Paulista de
Esportes Atléticos (APEA) organizou um campeonato paralelo com um regulamento
mais inclusivo, entre 1913 e 1916, e que contou com a participação do Palestra
Itália, como era designado o Palmeiras.
Porém, a cisão acabou em 1917,
com a unificação dos dois torneios e o encerramento das atividades da LPF.
Assim sendo, o Corinthians,
campeão invicto no ano anterior na prova da LPF, defrontou pela primeira vez o Palestra
Itália a 6 de maio. O primeiro dérbi da história teve como herói o avançado
Caetano, filho de emigrantes italianos e que cinco dias antes de completar 20
anos apontou um hat trick, com os
três golos a serem marcados na segunda parte.
17 de março de 1918 – Jogo particular
O terceiro dérbi da história.
Depois de duas vitórias nos dois primeiros jogos, os jogadores do Palestra
Itália passaram em frente a um restaurante no centro da cidade onde os
atletas do Corinthians almoçavam horas antes do clássico quando atiraram um osso de boi que estilhaçou um vidro
e vinha com um bilhete: “O Corinthians
é canja para o Palestra”.
Relativamente ao jogo, o Palestra
esteve por duas vezes em vantagem, mas permitiu um empate a três golos. No
final, os jogadores do Corinthians
retorquiram, com outra mensagem no osso: “Esse osso era para a canja. Mas não
cozinhou por ser duro demais.” Desde então que o timão guarda o osso na sua
sala de troféus.
25 de dezembro de 1921 – Campeonato Paulista (Última jornada)
Corinthians,
Palestra
Itália e Paulistano chegaram às últimas jornadas a disputar os primeiros
lugares. Na derradeira ronda, porém, apenas o timão e o Paulistano tinham a
hipótese de conquistar o título. O Paulistano venceu o Sírio por 3-2 e assumiu
provisoriamente a liderança, mas o Corinthians
seria campeão em caso de vitória no Parque Antárctica, casa do verdão.
Em pleno dia de Natal, o Palestra
Itália bateu o rival por 3-0 e deu o título ao Paulistano, naquele que foi
considerado um dos pontos altos da rivalidade. Antes, corria o rumor de que o Palestra
Itália pudesse facilitar a vida ao rival, uma vez que o Paulistano era o
principal rival na altura.
5 de novembro de 1933 – Segunda volta do Campeonato Paulista e do Torneio
Rio-São Paulo
A maior goleada da história do
clássico, em partida disputada no Estádio Palestra Itália, válida
simultaneamente para o Campeonato Paulista e para o Torneio Rio-São Paulo.
Quatro golos de Romeu Pellicciari, um de Gabardo e três de Imparato deram a
vitória ao emblema alviverde e a maior derrota sofrida pelo Corinthians
em toda a sua história. O impacto do desaire foi tão grande que o presidente
corintiano Alfredo Schürig e a restante direção renunciaram aos cargos, na
sequência de uma invasão de adeptos à sede do clube.
25 de abril 1971 –Campeonato Paulista (11.ª jornada)
Considerado um dos melhores jogos
da história do clássico. O Corinthians
atravessava uma má fase e foi para intervalo a perder por 0-2 no Morumbi, com
dois golos de César Maluco, perante um Palmeiras
recheado de estrelas como Emerson Leão, Luís Pereira e Ademir da Guia.
No entanto, a segunda parte foi
bem diferente. Com golos de Mirandinha e Adãozinho, o timão chegou ao empate
aos 69 minutos. O Palmeiras
desempatou um minuto depois, por Leivinha, mas Tião restabeleceu a igualdade
aos 72’ e Mirandinha marcou o golo da vitória corintiana aos 88’.
1 de agosto de 1982 – Primeira volta do Campeonato Paulista
No auge da Democracia
Corinthiana, quando o sociólogo Adilson Monteiro Alves assumiu a pasta de
diretor do futebol e instituiu um sistema de autogestão em que jogadores, funcionários,
equipa técnica e dirigentes tomavam decisões com base em votações, o Corinthians
aplicou a sua maior goleada sobre o Palmeiras.
Logo num dos primeiros jogos do
Campeonato Paulista, o timão venceu por 5-1, com hat trick do então novato Casagrande, um de Sócrates de penálti e
outro de Biro-Biro. Um momento importante na caminhada para o título estadual
desse ano.
12 de junho de 1993 – Finalíssima do Campeonato Paulista
Há 17 anos sem conquistar o
título, o Palmeiras,
comandado por Vanderlei Luxemburgo, não só encerrou o jejum como o fez em
grande estilo, goleando o rival Corinthians
na final por 4-0. Após derrota no primeiro jogo por 0-1, no Morumbi, o verdão
necessitava de vencer o segundo encontro para levar a decisão para o
prolongamento. E assim foi. Zinho, Evair e Edílson colocaram o Palmeiras
a vencer por 3-0 ao cabo dos 90 minutos. Depois, Evair marcou de penálti o golo
que deu o título ao conjunto alviverde.
12 de maio de 1999 – Quartos de final da Libertadores (segunda-mão)
Ambas as partidas foram
realizadas no Morumbi, mas para efeitos de regulamento a primeira foi em casa
do Palmeiras,
que venceu por 2-0, com golos de Oséas e Rogério e grande exibição do
guarda-redes Marcos, que a partir de então foi apelidado de São Marcos pelos
adeptos.
No segundo jogo, o Corinthians
devolveu o favor e venceu por 2-0, com golos de Edílson e Ricardinho. O empate
na eliminatória levou a decisão para as grandes penalidades. Os corintianos
Dinei e Vampeta desperdiçaram penáltis, o primeiro ao acertar na trave e o
segundo a permitir a defesa de Marcos. Do lado do verdão, Arce, Evair, Rogério
e Zinho converteram em golo e garantiram o triunfo por 4-2 após um autêntico
carrossel de emoções.
6 de junho de 2000 – Meias-finais da Libertadores (segunda-mão)
Um ano depois, os dois rivais
voltaram a encontrar-se na Libertadores e a decidir a eliminatória apenas nas
grandes penalidades após dois duelos no Morumbi, mas desta vez nas
meias-finais. E com dois ingredientes extra: o Palmeiras
era o detentor do troféu e o Corinthians
tinha acabado de vencer o primeiro Mundial de Clubes da FIFA.
Na primeira-mão, o timão jogou na
condição de visitado e venceu por 4-3, depois de ter estado a ganhar por 3-1 e
permitido a igualdade já nos derradeiros dez minutos. No segundo jogo, Euller
deu vantagem ao verdão, mas Luizão bisou e deu vantagem ao timão. Por essa
altura tudo apontava para que fosse o Corinthians
a seguir para a final, porém, Alex e Galeano marcaram para o Palmeiras
e colocaram o resultado em 3-2, atirando a decisão para os penáltis.
Depois de quatro grandes
penalidades para cada lado, o resultado era de 4-4. No entanto, o palmeirense Júnior
transformou em golo e o corintiano Marcelinho Carioca permitiu a defesa de
Marcos, mais uma vez decisivo.
5 de novembro de 2017 – Brasileirão (32.ª jornada)
À entrada para a 32.ª de 38
jornadas, o Corinthians
liderava o campeonato com cinco pontos de vantagem sobre o principal
perseguidor, precisamente o rival Palmeiras.
O jogo era, por isso, decisivo para as contas do título, e logo no ano do
centenário do derby paulista.
Embalado pela liderança na prova
e pelas duas vitórias nos primeiros encontros do ano diante do emblema
alviverde, no Campeonato Paulista e na primeira volta do Brasileirão, o timão fez
o pleno e venceu por 3-2. Romero e Balbuena marcaram dois golos de rajada que
colocaram o Corinthians
em vantagem, Yerry Mina reduziu para o Palmeiras
pouco depois, mas logo a seguir Jô fez o terceiro para o time alvinegro. No segundo tempo, o palmeirense Moisés estabeleceu
o resultado final, insuficiente para relançar a luta pelo título.
Sem comentários:
Enviar um comentário