Apenas três jogadores argentinos vestiram a camisola do Vitória |
Se há algo que o reforço sadino
Brian Mansilla não se poderá queixar é de um legado pesado deixado por
jogadores argentinos no Vitória de Setúbal. Em toda a história, foram apenas
três e nem um deixou propriamente saudades. Para se ter a noção, o que teve
mais sucesso não foi além de 20 jogos. Os outros não chegaram a atingir a
dezena de partidas com a camisola verde e branca. Neste trio, não há uma única
final para amostra e até há um que desceu de divisão.
Filpo Núñez |
Com treinadores argentinos as
coisas correram ligeiramente melhor. Filpo
Núñez assumiu o comando técnico em junho de 1962, estreou-se com uma
derrota na final da Taça de Portugal desse ano ante o Benfica de Eusébio (0-3),
esteve no primeiro jogo europeu de sempre do Vitória nas competições europeias
e despediu-se um ano depois de ter chegado, com um 9.º lugar no campeonato.
Antes, Núñez tinha levado o Leixões à conquista da Taça de Portugal. Depois,
tornou-se o único estrangeiro a ter orientado a seleção brasileira.
O substituto de Núñez também veio
da argentina: Francisco Reboredo.
Antigo médio de FC Porto e Deportivo da Corunha, orientou os dragões antes de
ter dirigido o Vitória nas primeiras 15 jornadas da I Divisão em 1963-64.
Deixou os setubalenses no 6.º lugar, bem perto dos lugares de acesso às
competições europeias, para ir adjuvar Anselmo Fernández no Sporting que
haveria de vencer a Taça das Taças nessa temporada.
Mas voltando aos futebolistas
argentinos, até os das equipas adversárias trazem más memórias. O nome de Miguel Perrichon ainda deve provocar alguns nós nos estômagos dos adeptos vitorianos que presenciariam a derrota na final da Taça de Portugal de 1965-66 frente ao Sp. Braga. Ainda assim, vale a pena recordar os três que vestiram a camisola
sadina.
Daniel Wild (1 jogo)
Daniel Wild |
A história deste argentino no
Vitória foi tão curta que descobrir uma fotografia dele num qualquer portal na
Internet é como encontrar uma agulha no palheiro. No zerozero
a indicação é de que foi avançado, no ForaDeJogo
escrevem que a posição dele era lateral esquerdo e numa conta de Facebook afeta
ao Vasco da Gama de Sines recordam-no como central.
Tudo isto é muito confuso.
Bastante mais simples é encontrar o único jogo em que foi utilizado, a 3 de
março de 1991, numa visita a Chaves de má memória, em que o Vitória perdia por
3-0 à passagem do minuto 36, quando Quinito resolve tirar de campo… Daniel
Wild. E pronto, é esta a história do primeiro argentino na história dos
sadinos, logo numa temporada que culminou com a despromoção à II Liga.
Depois disso, seguiram-se quatro
briosas épocas no Vasco da Gama de Sines, as duas primeiras na II Divisão B e
as duas últimas na III Divisão. Foi o antigo avançado vitoriano Vítor Madeira,
na altura treinador dos sineenses, quem o levou para o Litoral Alentejano. Os
vascaínos têm uma enorme admiração por ele, lembrando-o como “jogador leal, com
espírito de liderança, combativo e agressivo nos duelos” e como um “patrão da
defesa, fortíssimo nas dobras, intransponível”.
Carlos Bossio (20 jogos)
Carlos Bossio |
Guarda-redes internacional
argentino, representou a seleção albiceleste ao lado de nomes como Javier Zanetti,
Roberto Ayala, Ariel Ortega, Gabriel Batistuta, Hernán Crespo, Diego Simeone ou
Claudio Caniggia. Esteve na Copa América e na Taça das Confederações de 1995,
assim como nos Jogos Olímpicos do ano seguinte. Chegou a Portugal pela porta do
Benfica, no verão de 1999, mas a concorrência de Robert Enke, um atraso no
pagamento das águias aos Estudiantes, erros e uma média alta de golos sofridos
por jogo em nada o ajudaram.
Após duas temporadas na sombra do
alemão, Bossio é emprestado em agosto de 2001 ao Vitória de Setúbal, então
recém-promovido à I Liga e que tenha em Marco Tábuas e Cândido outras opções
para baliza. “Tenho ganas de
trabalhar muito nesta nova equipa e vou com certeza poder mostrar que tenho
categoria para apagar, de uma vez por todas, a imagem que poderá estar um pouco
distorcida”, afirmou, na chegada ao Bonfim.
Chiquito agarrou a titularidade
assim que chegou, logo à 4.ª jornada, e somou 20 encontros consecutivos no
campeonato, nos quais sofreu apenas 11 golos, uma média fantástica para uma
equipa como a dos sadinos. Ainda assim, Luís Campos tirou-lhe a titularidade e
deu-a a Marco Tábuas. A média de golos sofridos por jogo piorou, mas
curiosamente os setubalenses conseguiram dar um salto na classificação.
César La Paglia (5 jogos)
César La Paglia |
Mais um caso de um jogador
argentino que chegou ao Bonfim com algum currículo. La
Paglia era internacional pelas seleções jovens do seu país e tinha passado cinco
anos pelo Boca Juniores, clube pelo qual venceu vários torneios, incluindo a
Copa Libertadores em 2000, ao lado de nomes como Hugo Ibarra, Walter Samuel,
Juan Román Riquelme ou Martín Palermo.
Também passou pelo Tenerife, da
II Liga espanhola, antes de chegar a Setúbal no verão de 2006. “Sou um atleta
criativo, que gosta de pensar o jogo”, disse Leche no dia em que foi apresentado. No Vitória, o médio ofensivo
não foi além de cinco jogos disputados, todos para o campeonato e com um
denominador comum: a derrota.
Depois de uns míseros 231
minutos, voltou à América do Sul em janeiro, mas não voltou a ser feliz. Na
verdade, só se deu bem num clube durante toda a carreira, o Talleres de
Córdoba, que representou entre 2001 e 2003.
Além destes três, houve
pelo menos outros dois que estiveram no Vitória mas que não chegar
a realizar um único encontro oficial.
Adrián Giampietri |
No verão de 2002, o
médio ofensivo Adrián Giampietri chegou ao Bonfim
proveniente do Quilmes, do seu país, e com a promissora alcunha de
La Maquina. “Já há algum tempo que o observávamos. Tem
cartel e qualidade”, chegou a dizer Luís Campos, treinador dos
setubalenses na altura. O jogador argentino, então com 23 anos,
efetuou dois jogos ainda sem contrato, frente ao Belenenses no
Torneio da Amora e diante do Benfica no Torneio do Guadiana, e disse
ter ficado “admirado com a dimensão do clube”, mas a direção
sadina acabou por decidir não concretizar a contratação.
Cristian Tissone |
Mais recentemente, em
junho de 2015, o Vitória garantiu a contratação do central
Cristian Tissone, que tinha jogado no Anadia (Campeonato de
Portugal) na época anterior, após passagens por clubes italianos e
espanhóis. “Hoje é um dia de enorme felicidade. Jogar na I Liga
sempre foi um objetivo e o Vitória está a dar-me essa oportunidade.
Apesar de não ser português, sempre ouvi falar da importância
deste clube a nível nacional e internacional”, afirmou o
argentino, que não chegou a estrear-se nem pelos sadinos nem no
primeiro escalão português. Durante a época 2015-16, o melhor que
conseguiu foi sentar-se no banco numa visita ao Estoril. Depois
voltou ao Anadia. Melhor carreira tem feito o irmão Fernando
Tissone, que jogou por Udinese, Atalanta, Sampdoria, Maiorca, Málaga,
Desp. Aves e Nacional da Madeira.
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