Embora tenha chegado ao emblema
algarvio à beira dos 31 anos, após ter despontado em África (Stationery
Stores e Femo Scorpions na Nigéria e Dragons no Benim) e jogado na Bélgica
(Lokeren e Beveren) e Países Baixos (Go Ahead Eagles), foi a tempo de realizar
duas temporadas e meia de grande nível. Ao serviço dos leões
de Faro atuou em 67 partidas e sofreu 69 golos. “Surgiu a hipótese de ir para o Farense
através do empresário Luís Ribeiro. Foi uma boa experiência. Mais, foi uma
ótima experiência. Adorei Faro, adorei o Algarve.
Foi uma fase muito boa da minha vida. (…) Sabe porque gostei? Pelas pessoas.
Foram todas muito boas para mim. Tratavam-me tão bem que ainda hoje digo que
sou um filho de Portugal, também. Os meus colegas no campo, os meus
treinadores... Paco
Fortes, Joaquim Sequeira, o doutor Fernando Belo. O presidente era médico
no Algarve
[Gomes Ferreira]. Conhecia toda a gente e era muito bom no clube também”,
contou ao Maisfutebol
em janeiro de 2016.
“Aquele Farense
tinha muitos pontos fortes. O treinador [Paco
Fortes] era muito bom. Isso fazia a diferença. Tínhamos adeptos fantásticos
também. O estádio estava sempre cheio. Até nos treinos estava sempre muita
gente. Depois os jogadores conheciam-se bem. Havia muita união. O Farense
vai estar sempre no meu coração”, prosseguiu o guarda-redes que defendeu a
baliza dos leões
de Faro no duplo
confronto da Taça UEFA diante do Lyon, em setembro de 1995. Quando esteve no lugar, chegou a
ser assediado por Boavista,
Sporting
e Lyon,
mas “nenhum avançou”. “No caso do Sporting
lembro-me bem, foi mesmo o Farense
que me pediu para ficar e eu aceitei. Foi no final da época em que nos apurámos
para a Taça
UEFA. Não queriam que eu saísse e eu pensei que jogar a Taça
UEFA ia ser muito bom e como gostava muito da minha vida no Algarve
escolhi ficar. Se saísse não era bom para o clube. Preferiram deixar sair
outros jogadores e eu fiquei”, explicou. Rufai acabou por deixar o Farense
no início de 1997, mas para rumar aos espanhóis do Hércules, país onde também
representou o Deportivo
da Corunha.
Na última temporada carreira,
1999-00, regressou a Portugal pela porta do Gil
Vicente, mas não foi além de dois jogos e três golos sofridos, não
conseguindo sair da sombra do pequeno (1,75 m) mas elástico Paulo Jorge. Pela seleção
nigeriana fez parte da equipa
que no Mundial 1994 mostrou ao mundo craques como Amunike, Yekini, Amokachi,
Okocha, Finidi ou Oliseh e também daquela que quatro anos depois, em França,
teve também Kanu, Babayaro e West. “Os Mundiais foram experiências
maravilhosas. É o ponto mais alto de qualquer carreira, o sonho de todos os
jogadores. Acho que a Nigéria
poderia ter feito ainda melhor, sinceramente. Tínhamos equipa para mais”, recordou
Rufai, que venceu a Taça das Nações Africanas em 1994, tendo ainda marcado
presença nas edições de 1984, 1988 e 1994 do torneio africano, assim como na
Taça das Confederações de 1995. Somou um total de 66 internacionalizações e… um
golo, apontado de penálti numa goleada em casa sobre a Etiópia (6-0) em 1993.
O guardião tinha ainda a
particularidade de ser príncipe, já que era filho de um rei tribal da região
nigeriana de Idimu. Na fase final da carreira, após a morte do pai, abdicou do
trono para continuar a jogar futebol: “Nunca quis ser Rei. Se aceitasse não
poderia ser futebolista. Eu sei que ia ter uma vida boa, porque seu sei como
viviam os meus pais. Mas aquilo não era para mim. Não me fazia feliz. Eu queria
era o futebol.” Após pendurar as luvas continuou
ligado ao futebol através de um programa que visava treinar jovens nigerianos
entre os 15 e os 20 anos e coloca-los em clubes da Nigéria, de outros países africanos
e até da Europa. Antes tirou o curso de treinador no Reino Unido e fez formação
para trabalhar com jovens na Bélgica. Viria a morrer cedo, aos 61 anos,
a 3 de julho de 2025, vítima de doença prolongada.
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