domingo, 24 de agosto de 2025

Hoje faria anos o príncipe nigeriano que brilhou na baliza do Farense. Quem se lembra de Rufai?

Peter Rufai defendeu a baliza do Farense entre 1994 e 1997
Titular da seleção nigeriana em dois Mundiais (1994 e 1998), é considerado por muitos o melhor guarda-redes da história do Farense. Afinal, chegou ao São Luís após ter ajudado as superáguias a atingir os oitavos de final no Campeonato do Mundo disputado nos Estados Unidos – algo que parece impensável nos dias de hoje – e logo na época de estreia contribuiu para o quinto lugar na I Divisão e consequente inédito apuramento para a Taça UEFA.
 
Embora tenha chegado ao emblema algarvio à beira dos 31 anos, após ter despontado em África (Stationery Stores e Femo Scorpions na Nigéria e Dragons no Benim) e jogado na Bélgica (Lokeren e Beveren) e Países Baixos (Go Ahead Eagles), foi a tempo de realizar duas temporadas e meia de grande nível. Ao serviço dos leões de Faro atuou em 67 partidas e sofreu 69 golos.
 
“Surgiu a hipótese de ir para o Farense através do empresário Luís Ribeiro. Foi uma boa experiência. Mais, foi uma ótima experiência. Adorei Faro, adorei o Algarve. Foi uma fase muito boa da minha vida. (…) Sabe porque gostei? Pelas pessoas. Foram todas muito boas para mim. Tratavam-me tão bem que ainda hoje digo que sou um filho de Portugal, também. Os meus colegas no campo, os meus treinadores... Paco Fortes, Joaquim Sequeira, o doutor Fernando Belo. O presidente era médico no Algarve [Gomes Ferreira]. Conhecia toda a gente e era muito bom no clube também”, contou ao Maisfutebol em janeiro de 2016.
 
 
“Aquele Farense tinha muitos pontos fortes. O treinador [Paco Fortes] era muito bom. Isso fazia a diferença. Tínhamos adeptos fantásticos também. O estádio estava sempre cheio. Até nos treinos estava sempre muita gente. Depois os jogadores conheciam-se bem. Havia muita união. O Farense vai estar sempre no meu coração”, prosseguiu o guarda-redes que defendeu a baliza dos leões de Faro no duplo confronto da Taça UEFA diante do Lyon, em setembro de 1995.
 
Quando esteve no lugar, chegou a ser assediado por Boavista, Sporting e Lyon, mas “nenhum avançou”. “No caso do Sporting lembro-me bem, foi mesmo o Farense que me pediu para ficar e eu aceitei. Foi no final da época em que nos apurámos para a Taça UEFA. Não queriam que eu saísse e eu pensei que jogar a Taça UEFA ia ser muito bom e como gostava muito da minha vida no Algarve escolhi ficar. Se saísse não era bom para o clube. Preferiram deixar sair outros jogadores e eu fiquei”, explicou.
 
Rufai acabou por deixar o Farense no início de 1997, mas para rumar aos espanhóis do Hércules, país onde também representou o Deportivo da Corunha.
 
 
Na última temporada carreira, 1999-00, regressou a Portugal pela porta do Gil Vicente, mas não foi além de dois jogos e três golos sofridos, não conseguindo sair da sombra do pequeno (1,75 m) mas elástico Paulo Jorge.
 
Pela seleção nigeriana fez parte da equipa que no Mundial 1994 mostrou ao mundo craques como Amunike, Yekini, Amokachi, Okocha, Finidi ou Oliseh e também daquela que quatro anos depois, em França, teve também Kanu, Babayaro e West. “Os Mundiais foram experiências maravilhosas. É o ponto mais alto de qualquer carreira, o sonho de todos os jogadores. Acho que a Nigéria poderia ter feito ainda melhor, sinceramente. Tínhamos equipa para mais”, recordou Rufai, que venceu a Taça das Nações Africanas em 1994, tendo ainda marcado presença nas edições de 1984, 1988 e 1994 do torneio africano, assim como na Taça das Confederações de 1995. Somou um total de 66 internacionalizações e… um golo, apontado de penálti numa goleada em casa sobre a Etiópia (6-0) em 1993.
 
 
O guardião tinha ainda a particularidade de ser príncipe, já que era filho de um rei tribal da região nigeriana de Idimu. Na fase final da carreira, após a morte do pai, abdicou do trono para continuar a jogar futebol: “Nunca quis ser Rei. Se aceitasse não poderia ser futebolista. Eu sei que ia ter uma vida boa, porque seu sei como viviam os meus pais. Mas aquilo não era para mim. Não me fazia feliz. Eu queria era o futebol.”
 
Após pendurar as luvas continuou ligado ao futebol através de um programa que visava treinar jovens nigerianos entre os 15 e os 20 anos e coloca-los em clubes da Nigéria, de outros países africanos e até da Europa. Antes tirou o curso de treinador no Reino Unido e fez formação para trabalhar com jovens na Bélgica.
 
Viria a morrer cedo, aos 61 anos, a 3 de julho de 2025, vítima de doença prolongada. 







Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...