quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Hoje faz anos o Esposende. Quem se lembra de quando os lobos do mar chegaram às meias-finais da Taça?

Esposende eliminou o Boavista nos quartos de final da Taça em 1998-99
A Associação Desportiva de Esposende é um clube relativamente jovem, fundado a 27 de novembro de 1978, mas que atingiu o seu período de maior fulgor pouco após ter atingido a maioridade, quando participou na II Liga em duas épocas consecutivas (1998-99 e 1999-00) e atingiu as meias-finais da Taça de Portugal em 1998-99.
 
Às portas do Jamor ficou uma equipa na qual pontificavam o guarda-redes Jorge Vital, hoje treinador dos guardiões do Manchester United, o futuro médio internacional português Petit e filhos da terra como Vale, Rossi, Tiago Marques ou Paulinho Cepa.
 
Os lobos do mar entraram prova na 3.ª eliminatória e, sob a orientação de Luís Campos, venceram pela margem mínima (0-1) do Águias da Graça, equipa do concelho de Braga que na altura militava na III Divisão Nacional, graças a um golo tardio de José Carlos Barbosa ao minuto 90+2.
 
“O Águias da Graça caiu perante o Esposende, já em tempo de compensação, quando a formação local, em termos físicos já pouco mais tinha para dar. Na primeira parte, o jogo foi equilibrado, apesar do Esposende, em certos períodos conseguir fazer valer o seu estatuto de equipa mais forte. A formação comandada por Luís Campos apresentou-se em campo disposta a resolver a eliminatória, mas pela frente encontrou uma equipa determinada a vender cara a derrota. Apresentando um futebol mais forte que o do seu opositor, a equipa de Esposende dominou, mas a sua defesa não teve uma tarde tranquila. Muito seguros a defender, os jogadores do Águias ripostavam ao melhor futebol do adversário com rápidos contra-ataques, não permitindo que a defesa do Esposende facilitasse. Na segunda parte os jogadores da casa começaram a denotar algum cansaço, mas o guarda-redes Marco, com um punhado de excelentes defesas, foi adiando o golo do Esposende. Porém, mais preocupados em defender o nulo, as ‘águias’ sempre que dispunham de uma oportunidade para lançar a contraofensiva não se faziam rogados. Quando já todos esperavam pelo prolongamento, José Carlos Barbosa acabou com o sonho do Águias da Graça”, escreveu o jornal O Jogo na edição do dia seguinte, a 2 de dezembro de 1998.
 
 
Na quarta ronda, mais uma visita a uma equipa da III Divisão, neste caso o Loures, e mais uma vitória tangencial por 1-0 graças a um golo tardio. Desta feita o herói foi o nigeriano Augustine, que saltou para, de imediato, decidir a eliminatória aos 87’ a favor da equipa então já comandada por José Luís.
 
“A formação de Loures dominou todo o primeiro tempo e a turma visitante defendeu–se bem, sem nunca deixar de responder com contra-ataques rápidos e bem urdidos. No entanto, as grandes oportunidades de golo neste período do encontro pertenceram à turma de Loures, com Nelito (duas vezes) e Paulinho a perderem claras oportunidades para fazer funcionar o marcador. Na segunda parte, a equipa de José Luís não só equilibrou a partida como se tornou agressiva na área dos visitados. O resultado desse ímpeto atacante concretizou-se num golo obtido por Augustine, acabado de entrar, quando pouco faltava para terminar o encontro”, podia ler-se no jornal O Jogo na edição de 11 de janeiro de 1999.
 
 
Na quinta eliminatória, o nível de dificuldade, pelo menos em teoria, subiu, com a receção à Naval, outra equipa da II Liga. Mas, curiosamente, o Esposende até alcançou um resultado mais dilatado do que nas duas rondas anteriores, tendo vencido por 2-0, com golos de Petit aos 22 minutos e de Bambo aos 55’.
 
“No encontro entre o Esposende e a Naval 1º de Maio, ambos os técnicos optaram por utilizar um onze diferente do habitual, deixando de fora alguns dos jogadores considerados titulares. Por isso, pese embora o esforço despendido pelos atletas, o certo é que o encontro decorreu de forma cinzenta numa tarde excelente para a prática do futebol. E não fora as excelentes exibições de Pedro Maciel e Petit, nos locais, e Raquete e Vítor Covilhã, pelos forasteiros, quase se poderia dizer que estávamos a assistir a um jogo de um qualquer campeonato amador”, escreveu o jornal O Jogo no dia seguinte, a 17 de fevereiro de 1999.


 
Nos oitavos de final o sonho do Jamor começou a ganhar forma. É que os três grandes já tinham sido eliminados e o sorteio colocou o Esposende a visitar uma equipa da II Divisão B, os Caçadores das Taipas. Tiago Marques adiantou os lobos do mar aos seis minutos e Telmo Pinto aumentou a vantagem para 0-2 no final da primeira parte (41’), ao passo que o conjunto visitado reduziu ao cair do pano, por intermédio de Martinho (90’).
 
“A licença para caçar caducou no dia em que mais precisavam dela. Depois de caça grossa nas anteriores eliminatórias, em que afastou o União de Lamas e o Felgueiras, o Caçadores das Taipas cedeu perante uma equipa mais experiente e que soube tirar partido das falhas naturais do adversário. O sonho de chegar ao Jamor, tantas vezes apregoado pelo seu treinador, Fernando Faria, ruiu quando a meta estava próxima e ganhou força para o Esposende. Com os grandes fora da competição, é legítimo que a formação comandada por José Luís, pense em algo mais que não a simples permanência na II Divisão de Honra, tarefa que passou a rivalizar no lote de objetivos da equipa com a Taça de Portugal”, escreveu o jornal O Jogo no dia seguinte, a 8 de março de 1999.


 
Nos quartos de final, cumpriu-se o desejo do treinador José Luís: o Boavista no Estádio Padre Sá Pereira. Os axadrezados, então comandados por Jaime Pacheco, até viriam a sagrar-se vice-campeões nacionais nessa época, mas não passaram em Esposende. Nuno Sousa marcou o golo solitário do encontro aos 23 minutos, apurando os lobos do mar para as meias-finais. Uma das maiores surpresas numa edição da Taça de Portugal das mais surpreendentes de sempre.
 
“O Esposende passou ontem, pela primeira vez no seu ainda curto historial, às meias-finais da Taça de Portugal através de um triunfo justo, embora tangencial e custoso, sobre o Boavista, que confirmou estar a atravessar um claro declínio de rendimento, após ter cumprido três quartos de época a um nível verdadeiramente notável. Para os do Bessa, não foi o fim do mundo, mas apenas o de um sonho: a conquista de um troféu, no qual tem pergaminhos, e que este ano estava quase ali à mão de semear, dadas as eliminações - precoces à luz da lógica futebolística - dos três grandes. Era, pois, natural que os responsáveis boavisteiros, incluindo os jogadores, tivessem já assumido o propósito claro de acrescentar mais um ‘Caneco’ aos seus já vários troféus, numa época em que o segundo lugar no Campeonato, a sete jornadas do final, lhes permite acalentar perspetivas importantes na luta pelos lugares cimeiros da tabela e, em particular, no do acesso à multimilionária Liga dos Campeões. Toda a concentração reside agora neste objetivo”, podia ler-se na edição de 12 de abril de 1999 do jornal O Jogo.
 
 
 
Nas meias-finais, mais uma vez no Estádio Padre Sá Pereira, o Esposende recebeu o Campomaiorense, da I Liga. Ambas as equipas procuravam a primeira presença no Jamor, mas, desta feita, prevaleceu a lei do mais forte, com os alentejanos, orientados por José Pereira, a vencer por 2-0, graças a golos dos brasileiros Isaías (37 minutos) e Demétrius (67’).
 
“Num estádio completamente cheio, o Esposende tentou realizar o sonho de chegar à final da Taça de Portugal, mas não o conseguiu. Pela frente encontrou um Campomaiorense moralizado por um empate conseguido na Luz, mas a jogar um futebol de fraca qualidade. No fim do encontro, a festa pertenceu aos alentejanos, que pela primeira vez na história do clube vão marcar presença na final do Jamor”, escreveu o Diário de Notícias na edição de 6 de maio de 1999.
 


 





Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...