sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

A minha primeira memória de… um jogo entre Benfica e Arouca

Luisão saltou mais alto do que toda a gente para fazer o 4-0
O Arouca conquistou ao longo da última década algum estatuto no futebol português, fruto de cinco participações na I Liga e de uma presença na Liga Europa, mas em outubro de 2010 era apenas um estreante na II Liga e o clube em que o apresentador de televisão Jorge Gabriel tinha trabalhado como treinador (em 2006-07 como adjunto e na época seguinte como treinador principal).
 
Após terem afastado o Esposende na 2.ª eliminatória da Taça de Portugal (2-0 no Minho), os beirões visitaram o então campeão nacional Benfica, que não tinha propriamente começado da melhor maneira a segunda temporada de Jorge Jesus no comando técnico, mas que mostrava qualidade para golear praticamente todas as equipas que lhe aparecessem pela frente.
 
Recordo-me perfeitamente de ter ido a um café com uma amiga no Lavradio, no concelho do Barreiro, e que fui assistindo no interior do estabelecimento à goleada das águias, que apresentaram um misto de habituais titulares como Luisão, Javi García, Pablo Aimar, Toto Salvio, Nico Gaitán e Javier Saviola e segundas linhas como o guarda-redes Júlio César (o ex-Belenenses, não o ex-Inter de Milão), Sidnei, César Peixoto, Airton e Alan Kardec. Os laterais Maxi Pereira, com uma gastroenterite, e Fábio Coentrão, que apresentava uma entorse na tibiotársica, ficaram de fora.
 
Já o Arouca de Henrique Nunes tinha como nome mais sonante o avançado Jorge Leitão, goleador do Walsall nas divisões secundárias de Inglaterra nas primeiras épocas após a viragem do milénio.


Após 24 minutos sem golos, o brasileiro Alan Kardec inaugurou o marcador, de cabeça, após cruzamento de Gaitán a partir do lado direito. Aos 31’, Kardec cabeceou ao poste na resposta um livre de Aimar na esquerda, mas Saviola fez o 2-0 na recarga, com… os joelhos. E à beira do intervalo, o avançado brasileiro chegou ao bis, na sequência de um canto apontado na esquerda por Gaitán.
 
No segundo tempo, apenas se cumpriu calendário. Ao minuto 66, no seguimento de um livre lateral de César Peixoto na esquerda, Luisão saltou mais alto do que toda a gente e cabeceou para o 4-0. E aos 86’, Gaitán tabelou com Nuno Gomes e picou a bola sobre o guarda-redes Pedro Soares, completando a mão cheia de golos do Benfica. O tento de honra do Arouca chegou no minuto a seguir ao 5-0, pelo médio Diogo Santos, a encostar ao segundo poste na sequência de um canto executado na direita.
 
“Ele tinha avisado, não tinha? Kardec acreditava que iria marcar o primeiro golo oficial em Portugal (só tinha faturado na Liga Europa, em Marselha, na última temporada) diante do Arouca. Dito e feito, prometeu e cumpriu, abusando até um pouco da premonição, pois em vez de um apontou dois, ajudando a equipa a despachar o Arouca na terceira eliminatória da Taça de Portugal. Kardec só descansou depois de ver duas bolas saídas da sua cabeça com destino certo, satisfazendo também Jorge Jesus. Afinal, o treinador pedira entrega total, pois 'o descanso só faz é mal'. Os encarnados carimbaram o acesso à próxima fase da prova com uma goleada (5-1) frente a um adversário que resistiu 24’, mas depois cedeu pouco a pouco, não se conseguindo opor à melhor organização e qualidade dos jogadores benfiquistas. A equipa da II Liga também teve, contudo, o seu prémio na parte final do jogo pondo a bola no fundo das redes de Júlio César, um espectador durante quase todo o desafio”, escreveu o jornal O Jogo na edição do dia seguinte.
 
 

Os confrontos que se seguiram entre as duas equipas já aconteceram com o Arouca na condição de primodivisionário.









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