domingo, 5 de setembro de 2021

Paulo Lourenço. O reforço da Ass. Murteirense que viveu no mesmo quarto de Eustáquio

Avançado Paulo Lourenço estava no Os Bucelenses
Reforço da Associação Murteirense para a nova época após um namoro “antigo” que já levava “uns quatro anos”, Paulo Lourenço espera ajudar o clube do concelho do Cadaval a alcançar pela primeira vez a subida à I Divisão Distrital da AF Lisboa.
 
Em entrevista, o avançado luso-angolano que chegou a ser orientado por João Henriques no Fátima fala do seu percurso no futebol, todo ele nos distritais da AF Leiria e AF Lisboa e fala sobre antigo companheiro de equipa do médio internacional canadiano Stephen Eustáquio na formação de União de Leiria e Torreense, com quem partilhava o quarto.
 
ROMILSON TEIXEIRA - Após ter passo o último ano e meio no Os Bucelenses, o Paulo Lourenço comprometeu-se com a Associação Murteirense para 2021-22. O que o levou a assinar pelo clube do concelho do Cadaval?
PAULO LOURENÇO - O que me levou assinar pela Associação Murteirense foi o grande interesse que tiveram por mim. Este namoro já é antigo, já leva uns quatro anos, é um clube com uma excelente direção, grandes adeptos e condições excelentes para competir e lutar sempre pelos lugares cimeiros da tabela. Pode dizer-se que a Associação Murteirense na AF Lisboa é dos clubes que tem uma grande estrutura. Estou muito feliz.
 
Que projeto lhe foi apresentado e quais são os objetivos da próxima época?
O que foi apresentado ainda não está bem definido, mas certamente será entrar todos os jogos para ganhar e, como todos os clubes desta divisão, alcançar a tão desejada subida, mas sempre jogando jogo a jogo.
 
O que está a achar da construção do plantel? Certamente que conhece muitos dos elementos que vão compor a equipa…
Bastante ansioso. Conheço alguns, que já defrontei. Outros não conheço, mas a Associação Murteirense tem sempre equipas muito fortes e certamente seremos uma equipa muito difícil de bater.
 
Para os adeptos da Associação Murteirense que não o conheçam e que estejam a ler esta entrevista, o que lhes pode dizer em relação a quem é o Paulo Lourenço e quais as suas características? É um avançado…
Bem, o que posso dizer é que sou um jogador que acima de tudo adora futebol, dá tudo pelo futebol e darei tudo por este clube. Posso descrever-me como um jogador rápido, bom tecnicamente e com um pé esquerdo com muita boa colocação de remate e cruzamento.
 
O Paulo Lourenço nasceu em Portugal, mas é descendente de angolanos. Quais são as suas raízes em Angola?
A minha mãe e o meu pai. A minha mãe nasceu em Luanda e o meu pai em Malange. A maior parte da minha família está em Angola, onde já tive o prazer de ir. Foi fantástico estar com a minha avó e os meus tios, já a família do meu pai está em Portugal e estou bastantes vezes com eles.
 

“Só depois de alguns anos é que me estreei na formação do Fátima porque não tinha documentos”

Começou a jogar futebol nas camadas jovens do Fátima. Que memórias guarda desses tempos?
Muitas, posso dizer que não foi fácil. Comecei a jogar no Fátima com seis ou sete anos e quando passei para o futebol  de7 passaram-me me logo para equipa A do escalão, que já competia a nível federado, mas eu não podia competir porque não tinha documentos. Estou agradecido até hoje ao Fátima por me ter ajudado bastante, porque, por fim, depois de uns três ou quatro anos, consegui estrear-me como jogador federado nos infantis A e fomos campeões com 98% de vitórias e só duas derrotas. Éramos muito fortes, foi uma estreia fantástica.
 

“Foi uma honra representar a União de Leiria

Paulo Lourenço esteve dois anos em Leiria
Entre 2012 e 2014 representou os juvenis e os juniores da União de Leiria. Qual foi o sentimento de representar um clube histórico no futebol português?
Para mim foi uma honra, como é óbvio. Também já era um namoro antigo, lembro-me muito do Dr. Diogo, que na altura era o responsável da formação, ir até minha casa falar com a minha mãe e com o meu avô na altura em que tinha 13 anos, mas na altura decidi ficar no Fátima. No entanto, passados três anos juntei-me à União de Leiria e volto a dizer que foi uma honra. Evolui imenso.
 

“Eu e Eustáquio vivíamos no mesmo quarto no Torreense. Ele está preparado para jogar num grande”

Na União de Leiria foi, durante época e meia, companheiro de equipa de Stephen Eustáquio, que atualmente joga no Paços de Ferreira e na seleção do Canadá. Como tem visto a carreira dele? O que lhe falta para chegar a um grande do futebol português?
Fui companheiro do Stephen na União de Leiria durante época e meia, porque depois ele entretanto saiu porque queria jogar e hoje digo que foi a melhor decisão que tomou. Eu e Stephen fomos mais que companheiros, éramos amigos, inclusivamente no nosso último ano de juniores jogámos os dois no Torreense e vivíamos no mesmo quarto, e só quem esteve com ele sabe que ele trabalhou muito, mas mesmo muito para chegar onde está, ele tem todo o mérito, é um jogador exemplar dentro e fora de campo. Acho que ele já está preparado para estar num grande do futebol português. Vamos esperar, mas não muito, acreditem.
 

“A nossa equipa fez a melhor época de sempre dos juniores do Torreense

Paulo Lourenço no Torreense
No entanto, foi no Torreense que concluiu a sua formação. Que balanço faz do ano que passou em Torres Vedras?
Posso dizer que foi a melhor época em toda a história dos juniores do Torreense, lutámos até à última jornada para irmos ao apuramento de campeão, discutimos a vaga com a União de Leiria, mas infelizmente não conseguimos. Mas como mister João Paulo nos disse, já estamos na história do clube. Éramos uma grande equipa.
 


“Fui muito bem-recebido no Alqueidão da Serra e comecei bem, mas rompi o tendão de Aquiles”

Entretanto iniciou o seu trajeto no futebol sénior ao serviço do Alqueidão Serra, nos distritais da AF Leiria. Quais as principais dificuldades que sentiu na transição de júnior para sénior?
No meu primeiro ano de sénior talvez até poderia ter ficado no Torreense, mas preferi voltar para perto de casa e assinei pelo Fátima, que na altura estava com um projeto muito aliciante, onde me encontrei com mister João Henriques que hoje em dia já está no patamar alto do futebol português, tendo já treinado o Vitória de Guimarães, encontrando-se agora no Moreirense.
Entretanto, fui emprestado ao Alqueidão da Serra, onde fui bem-recebido e as coisas começaram logo a correr super bem individualmente. Cheguei a ser chamado para os treinos para seleção da AF Leiria para preparar a competição UEFA Regions League, mas em janeiro tive uma lesão muito grave, rompi o tendão de Aquiles, mas felizmente agora estou completamente recuperado.
 

AF Lisboa é mais forte e competitiva do que a AF Leiria”

Paulo Lourenço com a camisola do Pinheiro de Loures
Nos anos que se seguiram representou Mirense e União da Serra nos distritais da AF Leiria e Pinheiro de Loures, Vialonga e Os Bucelenses nos distritais da AF Lisboa. Existe algum tipo de diferença no nível competitivo nas duas associações?
Posso dizer que são ambas muito competitivas, mas digo que a AF Lisboa é mais forte na minha opinião, é muito mais competitiva, há mais intensidade, vê-se jogadores que podiam estar a jogar em divisões muito superiores aos quais só falta sorte. Temos o caso do Matheus Nunes, do Sporting, que há dois ou três anos jogava nestas competições.
 
Aos 25 anos, quais são os seus objetivos no futebol?
Obviamente que o meu sonho é ser profissional, mas agora com 25 a idade já é avançada, as oportunidades já são menores e posso dizer que a covid-19 queimou logo duas épocas, mas neste momento penso em desfrutar do futebol, jogar aquilo que sei, esperar pela oportunidade e não deixar de trabalhar.
 
Tem acompanhado o futebol angolano? Que opinião tem e quais são os atletas angolanos que mais admira?
Sim, acompanho de vez em quando, por vezes vejo a TPA. Gosto de saber como está a seleção, os jogadores que conheço da atualidade são Gelson Dala, Ary Papel e Bastos e obviamente as lendas Akwá e Mantorras.
 
Gostava de experimentar o Girabola? Que opinião tem sobre o futebol angolano?
É algo em que já pensei, agora é preciso ter uma porta aberta. Gostaria imenso. A minha opinião sobre o futebol angolano é que tem muito bons jogadores, só que dentro campo ainda falta muito e isso reflete-se na nossa seleção a nível tático, de intensidade e de disciplina, mas certamente vão conseguir evoluir, como tem vindo a acontecer, e por isso muitos jogadores angolanos já assinam contratos profissionais com grandes equipas da Europa.
 
Entrevista realizada por Romilson Teixeira



 




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