A minha primeira memória de um
jogo entre o Benfica
e equipas gregas remonta a 27 de novembro de 2008, quando as águias
se deslocaram ao Pireu para defrontar o Olympiacos
num encontro da fase de grupos da Taça
UEFA.
Afinal, só acompanho futebol
desde meados de 2000, já os encarnados
tinham defrontado o PAOK em 1999-00, e apenas tenho remotas memórias de alguns
jogos particulares com o AEK e o Panathinaikos nos anos seguintes.
Embora tivesse a hegemonia do
futebol grego, o Olympiacos
vinha a fazer campanhas discretas nas competições europeias, não indo além dos
oitavos de final da Liga
dos Campeões em 2007-08. Nesse aspeto até o rival Panathinaikos parecia
mais pujante, uma vez que tinha atingido os quartos de final da Champions
em 2001-02 e quartos da Taça
UEFA em 2002-03.
Porém, o impensável aconteceu ao Benfica
de Quique Flores, que vinha a protagonizar um início de campeonato prometedor –
era segundo classificado a um ponto do líder Leixões e com quatro de avanço
sobre o FC
Porto e cinco sobre o Sporting,
com nove jornadas decorridas – e tinha eliminado o Nápoles na ronda de
qualificação para a fase de grupos da Taça
UEFA.
Em pleno Estádio Georgios
Karaiskakis, um Benfica
que tinha no onze jogadores como Quim, Maxi Pereira, David Luiz, Reyes, Rúben
Amorim, Nuno Gomes e Suazo foi goleado por 5-1. Curiosamente, um dia depois
de o
Sporting ter sido goleado em casa pelo Barcelona por 5-2 e sete dias após a
seleção nacional ter sido goleada em Gama pela congénere brasileira por 6-2.
Os onzes iniciais dos treinadores espanhóis Ernesto Valverde e Quique Flores |
Num jogo transmitido para
Portugal pela Benfica TV, que dava os
primeiros passos, o extremo argentino Luciano Galletti inaugurou o marcador
logo no primeiro minuto, numa jogada de insistência. O médio grego Patsatzoglou
aumentou a vantagem aos 18’ e Diogo fez o 3-0 aos 24’, num começo de jogo
diabólico.
David Luiz ainda deu alguma
esperança aos encarnados
ao reduzir o marcador aos 33 minutos, na sequência de um canto de Reyes pela
direita. Porém, em cima do intervalo o Olympiacos
marcou o 4-1 por intermédio de Belluschi, que na época seguinte viria a
reforçar o FC
Porto, após mais uma boa iniciativa de Galletti. Na segunda parte, o
brasileiro Diogo fechou a contagem aos 54 minutos, em mais um lance que contou
com a participação do endiabrado Galletti.
O Benfica,
que nessa fase de grupos já tinha empatado em Berlim com o Hertha (1-1) e perdido
na Luz diante do Galatasaray
(0-2), ficou a depender de terceiros para seguir em frente, o que não aconteceu
até porque na última jornada foi derrotado em casa pelos ucranianos do Metalist
(0-1).
No dia seguinte, os jornais
desportivos não perdoaram. Não só o Benfica,
mas também o futebol português pela pálida imagem dada no espaço de uma semana.
“Uma desgraça nunca vem só! Depois da seleção e do
Sporting, Benfica
arrasado em Atenas”, destacava A Bola
na capa. “É sempre a aviar. Depois dos leões
anjinhos foram os passarinhos da Luz a levar 5”, rematou o Record na
primeira página.
Capas de A Bola e Record no dia seguinte à goleada sofrida na Grécia |
Na crónica, o jornal O Jogo falou de “tragédia à moda…
lusitana”. “Aos 35 segundos já estava 1-0 para os gregos. Pararam nos 5-1. De
erro em erro, a equipa da Luz fez um jogo inacreditável de tão mau. Só Reyes
tentou evitar a tragédia grega dos portugueses”, podia ler-se.
“Foi uma noite muito negra para o
Benfica,
em Atenas. A equipa portuguesa foi goleada pelo Olympiacos
(5-1) e fica com as contas muito complicadas, nesta Taça
UEFA. Na mente dos adeptos benfiquistas
esteve, por certo, o jogo de Vigo. Os pupilos de Quique Flores estiveram
absolutamente desastrados no capítulo defensivo e nunca foram capazes de travar
Diogo, Belluschi, Galletti e companhia”, salientou o Maisfutebol
nas primeiras frases da crónica do jogo.
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