Liedson em dificuldades na luta com o central Ümit Bozkurt |
As minhas primeiras
memórias entre Sporting e equipa turcas remontam à primeira derrota
de sempre (em jogos oficiais ou particulares) dos leões no novo
Estádio José Alvalade, mais de três meses e meio após a
inauguração. Esse feito foi alcançado por um clube com um nome
esquisito, difícil de pronunciar e quase impossível de escrever sem
estar a copiar, o Gençlerbirligi, que calhou em sorte à formação
portuguesa na segunda ronda da Taça
UEFA em 2003-04.
O Gençlerbirligi tinha
concluído o campeonato da Turquia em 3.º lugar na época anterior,
a melhor classificação de sempre da história do clube - nunca
tinha ido além da quinta posição – e tinha sido finalista
vencido da Taça do seu país. E antes de defrontar o Sporting, tinha
afastado os ingleses do Blackburn Rovers na primeira eliminatória.
Ainda assim, não havia
grandes craques, nem promissores nem em fim de carreira. Para se ter
a noção, os nomes com maior relevância eram os de Filip Daems,
lateral esquerdo que haveria de se tornar internacional belga e
figura importante no Borussia M'gladbach; e Josip Skoko, médio que
atuou na Premier League ao serviço do Wigan e esteve no Mundial 2006
ao serviço da Austrália. Mas até foram outros, como o lateral
direito turco Ali Tandogan, que viria a ser internacional e a passar
pelo Besiktas, e os avançados turcos Mustafa Özkan e Veysel Cihan,
que nunca haveriam de representar o seu país, que viraram
protagonistas.
A eliminatória até
parecia encaminhada para o Sporting após o empate a um golo em
Ankara, num encontro transmitido pela TVI e em que João Pinto
começou do banco, uma raridade no seu percurso em Alvalade – só
tinha sido suplente em jogos da Taça
ou quando os treinadores o poupavam para encontros mais importantes.
Essa é até uma das principais memórias que tenho desse duplo
confronto com os turcos.
Relativamente ao jogo em
si, Ricardo começou por defender uma grande penalidade de Mustafa
Özkan, a castigar uma alegada falta de Custódio sobre Serkan Balci,
aos 18 minutos. No início da segunda parte, um remate de Liedson
ainda desviado por Erkan Ozbey deu vantagem aos leões (50'). Mas a
vantagem sportinguista durou pouco, tendo sido anulada cinco minutos
depois por Veysel Cihan, acabado de saltar do banco, na recarga a um
cabeceamento de Mustafa Özkan.
“Foi o que se esperava:
um jogo tão difícil como pronunciar Gençlerbirligi. O Sporting
saiu de Ancara com um empate animador após um jogo feito de tudo e
no qual o leão teve força, talento, inteligência, coragem e...
sorte. A eliminatória sorri para o Sporting, mas atenção que os
turcos, apesar de tudo, têm, entre outras, uma qualidade que os
distingue como povo lutador que é: nunca desistem. Fica dado o
recado para quem eventualmente já estará a pensar no próximo
sorteio. Fernando Santos e os seus leões podem estar felizes mas não
estão seguramente tranquilos”, escreveu
o Record.
No segundo jogo,
transmitido pela RTP 1, houve banho turco em Alvalade. O
Sporting até só precisava de segurar o 0-0, mas dois golos de
rajada no final da primeira parte e um outro no arranque da segunda
deitou tudo a perder. Ali Tandogan fez o primeiro de livre direto aos
45', depois de algumas oportunidades dos turcos que provocaram
assobios por parte dos sportinguistas. Logo a seguir, Mustafa Özkan
foi lançado em profundidade e, ao tentar o corte, Polga fez a bola
embater no companheiro Mário Sérgio e entrar na baliza de Ricardo
(45+2'). E no início do segundo tempo, Veysel Cihan saltou mais alto
do que toda a gente na área leonina para cabecear para o 0-3, na
sequência de um cruzamento de Ali Tandogan.
Estava consumada a
derrota do Sporting, a primeira de sempre no novo estádio, a 27 de
novembro de 2003. “Vai ser muito difícil ao Sporting apagar a
triste imagem que deixou no jogo em Alvalade e que conduziu a tão
inesperada como incompreensível mas também justa eliminação da
Taça
UEFA. Isto não vai lá só com desculpas públicas de Fernando
Santos e seus jogadores porque o que se passou frente ao
Gençlerbirligi terá certamente envergonhado o mais tolerante adepto
leonino. Os leões andaram muito tempo perdidos no relvado de
Alvalade e nem talento tiveram para se encontrarem. Um pingo de
classe talvez tivesse feito renascer o orgulho e recuperar alguma da
dignidade perdida. Mas nem isso aquele irreconhecível leão
conseguiu fazer. Ficou congelado no grande banho turco”, escreveu
o Record.
Para encontrar novos
duelos do Sporting com equipas turcas é preciso avançar até julho
de 2011, no caso um
particular diante do Ankaragücü; e até finais de 2015 para
descobrir um jogo oficial, um duplo confronto com o Besiktas na fase
de grupos da Liga
Europa.
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