Nos últimos anos têm chovido
críticas à falta de competitividade do campeonato
português. Há quem diga o contrário, defendendo que os pontos estão cada
vez mais caros, mas a verdade é que esta discussão tem sido feita de uma forma
demasiado abstrata e superficial, sem uma análise concreta dos números e a
devida comparação com o que se passa lá fora.
Olhando para as últimas três
temporadas (2016-17 a 2018-19), o Benfica amealhou 81,7% dos pontos em disputa
e o FC Porto 81,37%. Esta proximidade percentual (apenas 0,33%) vem confirmar a
perceção de que a luta pelo título é das mais acesas do panorama europeu.
Aliás, é até a mais equilibrada entre as principais seis ligas europeias, se
tivermos em conta as duas equipas de cada um dos cinco principais campeonatos
com maior percentagem de pontos conquistados. Em média, a Juventus tem somado
mais 5,85% dos pontos do que o Nápoles em Itália; o Manchester
City mais 8,19% do que o Liverpool em Inglaterra; o
Barcelona mais 9,65% do que o Real Madrid em Espanha; o PSG mais 15,79% do
que o Lyon em França; e o Bayern Munique mais 16,01% do que o Borussia
Dortmund na Alemanha.
Porém, Benfica
e FC Porto são as duas equipas das seis principais ligas com maior
percentagem de pontos amealhados. Será algo positivo? Não. Reflete a falta de
competitividade geral do campeonato
português e da enorme dificuldade que existe para retirar pontos aos dois
crónicos candidatos ao título em Portugal.
Embora exista a perceção que Juventus,
Bayern Munique e Paris Saint-Germain passeiem todas as temporadas rumo ao
título nos respetivos países, os números mostram que a vecchia signora conquista 80,7% dos pontos em disputa, os bávaros
79,74% e os parisienses, que em 2016-17 viram o Mónaco
interromper a hegemonia interna, 79,24%. Nota ainda para o Manchester
City, que em 2016-17 não foi além do terceiro lugar em Inglaterra, mas que
nas três últimas épocas somou 80,7% dos pontos. Em Espanha, onde historicamente
a luta pelo título é das menos democráticas e há a perceção de que existe um
fosso enorme entre os maiores clubes e os mais pequenos, o Barcelona
conquistou (apenas) 78,95% dos pontos em disputa.
Outro dado que atesta a falta de
competitividade geral do campeonato
português é o facto de o Sporting, que concluiu as últimos três épocas em
terceiro lugar, ter maior percentagem de pontos conquistados em Portugal
(72,55%) do que Liverpool (72,51%), Real Madrid (69,3%), Chelsea
(68,71%), Tottenham
(68,42%), Atlético
Madrid (68,13%) e Borussia
Dortmund (63,73%) nos respetivos países.
Entre os seis principais
campeonatos europeus, o português e o espanhol são aqueles que menos equipas
tiveram no pódio nas últimas três épocas: três. Benfica, FC Porto e Sporting no
caso luso, Barcelona,
Real Madrid e Atlético
Madrid no de nuestros hermanos.
Em Inglaterra (Manchester
City, Liverpool, Chelsea,
Tottenham
e Manchester United), Alemanha (Bayern Munique, Borussia
Dortmund, Leipzig,
Hoffenheim e Schalke 04) e França (Paris Saint-Germain, Lyon, Mónaco,
Nice e Lille) houve cinco e em Itália (Juventus,
Nápoles, Roma e Atalanta) quatro.
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