Dá a sensação de que o Chelsea tem
vindo a perder fulgor nos últimos anos. O proprietário Roman Abramovich
aparenta estar demasiado ausente e já não moram em Stamford
Bridge jogadores de referência como John Terry ou o agora treinador Frank
Lampard, mágicos como Eden
Hazard, goleadores como Didier Drogba ou Diego
Costa e centrais imponentes como Ricardo Carvalho ou Ivanovic.
Os londrinos parecem estar a
perder o comboio europeu, pois desde 2013/14 que não passam dos oitavos de
final da Liga dos Campeões, e também vão sentindo dificuldades para acompanhar
o andamento de Liverpool e sobretudo do Manchester
City a nível interno. A recente proibição de contratar jogadores até ao
verão de 2020 e o atraso no recrutamento do novo treinador são fortes
indicadores de que algo está a correr mal para os blues.
As expetativas estão realmente
baixas. Muito se tem falado na juventude da equipa e, em virtude disso, na
pouca pressão que Lampard terá pelo menos neste primeiro ano, uma vez que não
terá as condições ideais para trabalhar em termos de mão-de-obra. A pesada
derrota sofrida em Old Trafford (0-4) no arranque da Premier League trouxe
validade a essa teoria, mas daí a menosprezar este Chelsea vai uma longa
distância.
Se há coisa que a equipa londrina
ainda tem e que faz inveja a muitas outras no futebol europeu é o seu
meio-campo, uma autêntica sala de máquinas onde laboram Jorginho, Kanté
e Kovacic, três jogadores que se completam muito bem embora partilhem algumas
características, como a qualidade de passe e a alta rotação que patenteiam em
campo.
Juntos, oferecem aos blues uma capacidade enorme para
pressionar alto e estrangular a primeira fase de construção do adversário, mas,
por outro lado, combinar bem em espaços curtos e sair com a bola jogável de uma
zona de pressão. Bem posicionados e dotados de pulmões que permitem rapidamente
e constantemente estar no sítio certo à hora certa, não deixam exposta a linha
defensiva e, em situação ofensiva, conseguem que pelo menos um deles se solte
para o último terço do canto para apoiar os homens da frente. É um trio que
vale acima de tudo pelo seu todo e pela coordenação que ostenta do que pela
soma das partes, embora estejamos a falar de jogadores talentosíssimos, que
estão entre os melhores do mundo.
Individualmente, Jorginho
é o mais posicional dos três, o que menos se solta para os últimos 30 metros,
assumindo as funções de primeiro pensador e organizador de jogo dos londrinos e
de principal ponto de equilíbrio da equipa na hora de defender - é ele, mais do
que os outros, que se desloca de um flanco ao outro do campo para dar cobertura
em situação defensiva. Kanté
é o que mais dispensa apresentações: é um campeão do mundo, uma figura cuja simpatia
se traduz em jogo numa enorme generosidade para fazer piscinas de área a área,
a atacar e a defender, uma autêntica formiguinha (1,68 m) que enche o campo e que
concilia como poucos no futebol mundial capacidade de trabalho e talento,
nomeadamente no transporte de bola e no passe. Kovacic, sendo
também uma centrocampista sempre em alta rotação e que ajuda o meio-campo blue a funcionar como tampão à
construção de jogo da equipa adversária, é um homem de último passe e aquele
que, dos três, mais se aproxima das funções de número 10.
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