quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

A minha primeira memória de... um jogo entre Rangers e equipas lusas

Léo Lima e Mladenović no jogo dos Barreiros, na primeira-mão
A minha primeira memória de um jogo entre o Glasgow Rangers e uma equipa portuguesa remonta a uma fase de grande fulgor dos escoceses, no início deste século. Afinal, o emblema do Ibrox tinha vencido 12 dos últimos 16 campeonatos da Escócia e era presença assídua na Liga dos Campeões, nem que fosse na última pré-eliminatória.

Foi precisamente após cair na 3.ª pré-eliminatória da Champions, aos pés do CSKA Moscovo, que os britânicos foram repescados para a Taça UEFA, em 2004-05. Pela frente, na primeira eliminatória da segunda competição europeia, encontraram o Marítimo.


O favoritismo estava, pois claro, do lado do Rangers, orientado por Alex McLeish, no cargo desde 13 de dezembro de 2001. Na equipa estava, por exemplo, o avançado internacional croata Dado Prso, que na época anterior tinha ajudado o Mónaco a chegar à final da Liga dos Campeões. Mas havia mais jogadores com algum nome, como o guarda-redes campeão europeu pelo Borussia Dortmund em 1996-97, Stefan Klos; o central internacional francês Jean-Alain Boumsong; o defesa central/esquerdo internacional italiano Paolo Vanoli; o médio defensivo internacional holandês Fernando Ricksen; o avançado internacional georgiano Shota Arveladze, ex-Ajax; o irrequieto avançado espanhol Nacho Novo; e o avançado internacional dinamarquês Peter Lovenkrands.

Porém, era difícil passar nos Barreiros, onde o Marítimo tinha vencido por duas vezes o Leeds em épocas anteriores, apesar de não ter passado a eliminatória. Neste caso concreto, o treinador Mariano Barreto tinha à sua disposição jogadores como o guarda-redes brasileiro Marcos, os centrais Tonel e Mitchell van der Gaag, os laterais Ferreira e Briguel, os médios Wênio, Bino Chaínho, Silas e Léo Lima e os atacantes Luís Filipe, Alan e Manduca.

Na primeira mão, a 16 de setembro de 2004 na Madeira, os maritimistas venceram por 1-0, com um golo de Manduca à passagem da meia hora. No entanto, o resultado soube a pouco, tendo em conta as ocasiões criadas.

“Faltou traquejo para quebrar sina britânica. O Marítimo conseguiu um bom resultado frente a um adversário bem mais cotado e experiente, mas perdeu uma oportunidade soberana de dar um passo importante para a passagem da eliminatória. Não foi capaz de quebrar a sua sina britânica: em 1998 e 2000 foi eliminado da mesma Taça UEFA pelo Leeds, a quem venceu em casa pelo mesmo 1-0. Faltou claramente ao Marítimo maior maturidade e experiência ao nível das taças europeias para agarrar a oportunidade. O 1-0 não é mau resultado, mas os jogadores do Marítimo não fazem ideia nem estão preparados para enfrentar o ambiente infernal de Ibrox Park, do primeiro ao último minuto. Sei do que falo. O Rangers em casa é outra equipa, muito mais perigosa e avassaladora. E com aquele ambiente entra logo a ganhar por 1-0...”, escreveu o Record.


Em Glasgow, o guarda-redes brasileiro Marcos assinou uma exibição notável, adiando sucessivamente o golo dos escoceses. Contudo, Dado Prso viria mesmo a igualar a eliminatória aos 70 minutos, com um remate de pé esquerdo. O placard não sofreu alterações, o que levou a decisão para prolongamento e para o desempate por grandes penalidades, em que o Rangers foi mais forte, vencendo por 4-2: Nacho Novo, Dado Prso, Steven Thompson e Grégory Vignal marcaram para os da casa, Silas e Léo Lima para os madeirenses.

“Pecado do último passe mas... grande Marítimo. O Marítimo realizou uma exibição quase perfeita para o potencial e o nível qualitativo do seu quadro de jogadores. Só teve um pecado capital: o último passe nunca entrou - e a equipa criou inúmeras situações de contra-ataque em que poderia ter dado o xeque-mate. Este aspeto do acerto no último passe distingue os grandes jogadores dos medianos e dos bons jogadores e o plantel do Marítimo não integra executantes daquele primeiro patamar. Custa perder assim, nos penáltis - até aí a qualidade técnica fez a diferença como se viu entre os jogadores do Marítimo que as cobraram... - mas os insulares fizeram um grande jogo, mostrando uma coragem, uma personalidade, um autocontrolo que se julgava não estar ao seu alcance”, frisou o Record.





















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