Aqui não havia muito por
onde escolher. A minha primeira memória de um jogo entre o FC Porto
e o Rangers teria de remontar a 1983 ou a 2005, anos em que as duas
equipas se defrontaram. Mas como só nasci em 1992, só poderia mesmo
ser a segunda opção.
Ao contrário do que
acontece em 2019, em que ambas se defrontam na Liga Europa e com os
escoceses afastados da ribalta há vários anos, em 2005 os encontros
entre as duas formações aconteceram na Liga dos Campeões e com o
conjunto de Glasgow a gozar de um estatuto superior no panorama
continental. Afinal, era campeão da Escócia, tinha vencido 13 dos
17 últimos campeonatos e era presença assídua na Champions, nem
que fosse na última pré-eliminatória.
No histórico emblema da
Escócia, então orientado pelo antigo internacional escocês e atual
selecionador Alex McLeish, atuavam jogadores com algum nome como o
guarda-redes internacional holandês Ronald Waterreus, o central
internacional grego Sotirios Kyrgiakos, os vice-campeões europeus
pelo Mónaco em 2003-04 Julien Rodríguez e Dado Prso, o defesa/médio
internacional holandês Fernando Ricksen, o ex-Arsenal Francis
Jeffers e o guarda-redes campeão europeu pelo Borussia Dortmund em
1996-97 Stefan Klos.
Já o FC Porto, orientado
por Co Adriaanse, pouco ou nada já tinha a ver com o que tinha
conquistado a Champions menos de um ano e meio antes. Dos habituais
titulares, Vítor Baía era o único que mantinha o estatuto. Depois
havia Ricardo Costa, Pedro Emanuel e César Peixoto, que beneficiaram
das saídas de Jorge Costa, Ricardo Carvalho e Nuno Valente para
terem mais oportunidades. Era uma equipa renovada, com Pepe,
Lucho
González, Quaresma
e Diego com alguns das principais figuras.
O primeiro jogo entre as
duas equipas, referente à fase de grupos da Liga dos Campeões, foi
em Glasgow, a 13 de setembro de 2005. Recordo-me de ir espreitando o
encontro de vez em quando na minha televisão no quarto no intervalo
dos meus jogos na Playstation, mas já não me lembrava do
resultado nem tão pouco dos autores dos golos ou da marcha do
marcador. Felizmente existe a Internet para me avivar a memória.
Os escoceses abriram o
ativo aos 35 minutos, por Peter Lovenkrands, avançado dinamarquês
com passagens por Schalke 04 e Newcastle, que bateu Vítor Baía
através de um grande remate de pé esquerdo, numa jogada tipicamente
britânica de kick and rush.
No início da segunda
parte, Pepe
empatou de cabeça, na resposta de um canto muito bem executado por
César Peixoto no lado esquerdo (47'). Porém, o escoceses voltaram a
colocar-se em vantagem à passagem da hora de jogo, em mais um lance
de chutões e repelões em que Vítor Baía acaba mal batido, desta
vez com Dado Prso como autor do golo.
Pepe voltou a
restabelecer a igualdade, num golo algo atabalhoado de Pepe
com o peito na sequência de mais um canto de César Peixoto (71').
No entanto, Kyrgiakos surpreendeu Baía com um cabeceamento certeiro
após bola bombeada por Barry Ferguson e devolveu a vantagem aos gers
(85').
“O
FC Porto entrou na 14.ª edição da Liga dos Campeões aos
tropeções. Esteve a perder e empatou, voltou a sofrer um golo e,
quando parecia ter voltado a recompor-se, sofreu o terceiro (3-2),
que pode vir a ser definitivo nas contas finais do Grupo H. Co
Adriaanse baralhou a equipa e saiu do estádio Ibrox, em Glasgow, com
a primeira derrota oficial da temporada. A saída airosa dos
portistas esteve por um triz, mas este jogo ficará na Hall
of Fame do Rangers”, escreveu
o Público.
Sobre
segundo jogo entre ambos, a contar para a 5.ª jornada da fase de
grupos, confesso que não tenho qualquer recordação. Nem mesmo
depois de ver o golo de cabeça de Lisandro López (60') ou o do
empate por parte de Ross McCormack (83') a minha memória ficou
avivada. O que me lembro é que este foi mais um episódio de uma
fase de grupos desastrosa para o FC Porto, que não conseguiu sequer
ser repescado para a Taça UEFA.
“Os
jogadores do FC Porto tiveram muito tempo a bola nos pés – os
números oficiais confirmam-no (63 por cento, contra 37 por cento do
seu adversário) –, mas só a breves espaços é que souberam o que
fazer com ela. Muito por culpa própria – não conseguiram
sobretudo encontrar soluções – mas também pela capacidade
evidenciada pelos escoceses na defesa da sua grande área – quase
sempre com nove homens atrás da linha da bola”, pode ler-se na
crónica do Record.
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