O Benfica foi ontem a Portimão derrotar o Portimonense por 2-0, num jogo a contar para a 3ª eliminatória da Taça de Portugal.
Eis a constituição das equipas:
Portimonense
Quando voltou à Orangina no inicio deste ano, chegou a haver a ameaça de acabar com o futebol profissional, no entanto, isso não se cumpriu mas notou-se um menor investimento, tanto que o clube de Portimão ocupa a última posição da II Liga Portuguesa, onde são igualmente a pior defesa (10 sofridos), embora no ataque até sejam das equipas que marquem mais golos (7 marcados), especialmente por intermédio de Simmy, Traoré e Rafa, um trio de jogadores de características ofensivas à disposição de João Bastos que leva dois golos cada.
Do Portimonense versão 2011/2012, é apenas isso que conheço, a estatística.
Benfica
O Benfica apresenta um onze inédito esta temporada, com Jorge Jesus a poupar alguns jogadores, especialmente aqueles que a meio da semana tiveram compromissos nas selecções.
Artur cedeu o seu lugar a Eduardo, Miguel Vítor e Capdevilla ocupam as laterais normalmente frequentadas por Maxi Pereira e Emerson, Matic e David Simão surgem no meio-campo onde costuma actuar Javi Garcia e Witsel, Bruno César e Nolito jogam em simultâneo em vez de Gaitán e um deles como geralmente acontece, e na frente de ataque, nem Aimar como “10” nem Cardozo como “9” nem Saviola, mas sim Rodrigo e Nélson Oliveira a formarem a dupla de pontas-de-lança.
Os encarnados apresentavam-se aqui com uma versão menos rodada, mas que com certeza iria manter competitividade.
O jogo começou muito fechado, com o Portimonense a fazer uma abordagem bastante defensiva ao jogo, apresentando apenas três jogadores de características ofensivas (Vitor Gonçalves e Rafa nas alas e Fabrício, médio-ofensivo de origem, a jogar no eixo do ataque) e três elementos no meio-campo que pouco ou nada sobem no terreno, fazendo uma primeira barreira perante o jogo do Benfica.
O Benfica durante toda a primeira parte esmagou completamente na posse de bola (cerca de 75%), mas em termos de jogo ofensivo organizado não teve muitas oportunidades para marcar, sendo de longe algumas das principais ocasiões de golo, especialmente por Capdevila aos 17’ na sequência de um livre indirecto a enviar a bola ao poste, e também por Matic, com um remate forte aos 27’ permitindo uma grande defesa a Goda.
Foi muito difícil ao Benfica conseguir furar por cerca de sete jogadores muito defensivos, ainda que desse a entender que se aumentasse a intensidade de jogo poderia conseguir expressar de uma forma mais evidente a superioridade sobre a turma algarvia.
Tal era a enorme posse de bola que os encarnados apresentavam e tal era a forma como estavam instalados no meio-campo que muitas vezes pareciam estar a jogar em 3-5-2, com Matic a jogar entre os centrais que abriam nesse momento, e Miguel Vítor e Capdevila a jogarem muito adiantados no terreno nos respectivos flancos.
No meio, David Simão fez, e até com alguma qualidade, a função que geralmente cabe a Aimar que é guiar o jogo ofensivo do Benfica pelo centro do terreno. Mostrou ter uma boa qualidade técnica e é daqueles jogadores que se jogar regularmente (não necessariamente no Benfica) pode vir a ter uma grande carreira.
Quanto ao Portimonense, foi apostando nas suas armas ofensivas, que são os seus extremos rapidíssimos, assim que o Benfica permitia situações de contra-ataque. Rafa então foi uma dor de cabeça para Miguel Vítor, do outro lado Vítor Gonçalves não foi tão incomodativo para Capdevila. No entanto, foi pelo seu homem do eixo do ataque que a equipa de Portimão criou a sua principal ocasião de golo, num remate fortíssimo de Fabrício (124 km/h) que foi desviado para canto por Eduardo aos 15’.
Para a segunda parte, esperava-se um Benfica que iria tentar aumentar a intensidade do seu jogo, e uma equipa do Portimonense, que aos poucos e poucos, se fosse aguentando o 0-0, ganhar alguma confiança e daí surtirem efeitos, positivos ou negativos.
A utilização dos jogadores menos rodados do Benfica estava a resultar em alguma falta de entrosamento e de qualidade, e ao intervalo Jesus começou por trocar Nélson Oliveira por Saviola, no entanto, após 10 minutos sem grandes oportunidades, o treinador das águas volta a mexer, desta vez colocando Witsel em campo para o lugar de David Simão.
Logo depois, na transformação de um livre directo na direita, Bruno César faz golo, estavam decorridos 58 minutos.
Com o golo sofrido, o Portimonense teve de mexer na equipa e subir no terreno, e o seu treinador rapidamente colocou Simmy e Traoré em campo, dois jogadores de características ofensivas, no entanto, ao abrir o jogo contra uma equipa com o Benfica, já se sabe que arrisca-se a sofrer, e foi isso que os encarnados fizeram por intermédio de Rodrigo, aos 72’, após um excelente passe de Bruno César.
A partir daí, o jogo foi muito tranquilo, o Benfica já tinha praticamente o jogo ganho, e os minutos que se seguiram foi apenas para passar tempo, ainda que tenham havido algumas oportunidades de golo, as equipas estavam conformadas com o resultado, os encarnados porque tinham a sua vantagem assegurada e o Portimonense porque não tinha grandes argumentos para recuperar.
Analisando as equipas, o Portimonense não foi muito inferior a outras equipas da 1ª Divisão que jogam contra os grandes. Mostrou solidez a defender sobretudo na 1ª parte, no entanto, ofensivamente criou poucas ocasiões.
Tem alguns jogadores que mereciam talvez jogar no primeiro escalão, como o caso do capitão Ricardo Pessoa, e alguns jovens que podem chegar lá como Rafa, Wakaso ou Vítor Gonçalves, sendo que o primeiro é o que provavelmente chegará aos grandes palcos mais cedo, já que está emprestado pelo Vitória de Guimarães.
Quanto ao Benfica, a segunda linha não tremeu mas também não teve assim tantos argumentos para desbloquear o empate.
Eduardo praticamente foi um espectador, Luisão e Garay foram sólidos, Miguel Vítor revelou algumas fragilidades porque foi por aí que o Portimonense mais atacou e Capdevila mostrou argumentos para disputar a titularidade com Emerson.
Matic esteve ao seu nível, David Simão é um jogador corajoso e que tem qualidade mas precisa de jogar com mais regularidade, Nolito esteve algo apagado e amuou quando lhe foi atribuído o cartão amarelo. Bruno César foi a figura do jogo, tendo feito um golo e uma grande assistência. Nélson Oliveira precisa de ritmo de jogo e Rodrigo ganhou certamente confiança com o golo apontado, um golo só para alguém com dotes de goleador. Saviola mexeu com o jogo, e de resto, quando Witsel entrou, foi numa fase do jogo que o Benfica colocou-se em vantagem e que de uma forma tranquila foi gerindo a vantagem, mesmo não apresentando a tal nota artística a que Jorge Jesus gosta de se referir.
Com esta vitória, o Benfica apura-se para a 4ª eliminatória da Taça de Portugal.