sexta-feira, 14 de março de 2025

Quem se lembra do emocionante 4-4 entre Salgueiros e Beira-Mar da última jornada da I Liga em 1998-99?

Salgueiros e Beira-Mar protagonizaram jogo impróprio para cardíacos
Em vésperas de jogo entre Beira-Mar e Salgueiros (domingo, 15:00), desta feita para o Campeonato de Portugal, o quarto escalão do futebol nacional, adeptos dos dois clubes vão recordando grandes duelos do passado. Um dos mais lembrados por ambas as partes é o escaldante 4-4 de 30 de maio de 1999, na última jornada da I Liga de 1998-99.
 
Na altura, os salgueiristas então orientados por Dito estavam já com a permanência garantida, podendo até fechar o campeonato na primeira metade da tabela no caso de uma conjugação favorável de resultados. Pior estavam os aveirenses comandados por António Sousa, que estavam apurados para a final da Taça de Portugal, mas com a corda na garganta no que concerne à I Liga, pois entraram na derradeira ronda em zona de despromoção e a depender de terceiros para se salvar.
 
A tranquilidade de uns e o desespero de outros levou a que se assistisse, no mítico Estádio Engenheiro Vidal Pinheiro, a um encontro emocionante, impróprio para cardíacos, em que os aurinegros estiveram por três vezes em vantagem, mas acabaram na II Liga.
 
Marcou primeiro o Beira-Mar, por intermédio de um “petardo indefensável” do filho do treinador, Ricardo Sousa, aos quatro minutos. O Salgueiros empatou logo a seguir na sequência de um canto, por Ademir (6’); e chegou ao 2-1 a meio da primeira parte, por João Pedro, de calcanhar, a passe de Edu (21’).
 
Contudo, os aurinegros ainda conseguiram ir para intervalo em vantagem, com Ricardo Sousa a empatar o jogo à passagem da meia hora, na resposta a um cruzamento de Simic; e Fernando, de cabeça, a fazer o 2-3 aos 33 minutos.
 
A segunda parte abriu com o terceiro golo do conjunto de Paranhos, apontado por Abílio na conversão de uma grande penalidade a castigar mão na bola de Lobão. O Salgueiros ficou fragilizado a partir do minuto 59, devido à expulsão de Miguel, e veio a sofrer o 3-4 aos 72’, por intermédio do recém-entrado Fary, na recarga a um remate de Ricardo Sousa. Porém, os portuenses reagiram pouco depois, fixando o 4-4 final por Paulinho, num cabeceamento em resposta a um canto de Abílio (77’).
 
“Findo o jogo, a tristeza apoderou-se dos aveirenses. Em Paranhos, o empate, a quatro bolas (!), uma fartura para quem teve momentos magros de futebol ao longo da campanha, não foi suficiente face à vitória do Alverca sobre o Guimarães. O jogo foi louco, emotivo, com alternância no marcador e dignificou os dois conjuntos. Foram, na verdade, dois bravos pelotões, embora cometendo erros defensivos de palmatória, o que ajuda também a perceber o volume do desfecho”, escreveu o jornal O Jogo, que elegeu Ricardo Sousa – “exibição soberba” – como o melhor em campo, na crónica do encontro.
 
Este desfecho fez com que o Beira-Mar concluísse o campeonato em 16.º lugar, a mesma posição para a qual havia entrado na última jornada, com 33 pontos. O empate até seria suficiente para assegurar a permanência caso o Alverca tivesse perdido em casa com o Vitória de Guimarães, mas os ribatejanos venceram por 2-1.  “Não estávamos à espera que isto fosse acontecer, o que me leva a pensar que, às vezes, Deus não existe”, desabafou António Sousa após a partida.



 
Contudo, o dissabor da despromoção foi esquecido três semanas depois, no Jamor, quando o Beira-Mar bateu o Campomaiorense por 1-0, com golo de Ricardo Sousa, e ganhou a única Taça de Portugal da sua história.
 



 





  

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