A antiga promessa do Benfica que se tornou médico. Quem se lembra de Vasco Firmino?
Vasco Firmino esteve no Benfica entre 2003 e 2006
Vasco Firmino foi uma das muitas promessas
não cumpridas do futebol português, mas não deixa de ser um exemplo inspirador.
Avançado de elevada estatura (1,86 m) natural do Barreiro,
fez quase toda a formação no Barreirense,
tendo dado o salto para o Benfica
a meio da última época de júnior, em janeiro de 2003, quando até já se tinha
estreado pela equipa principal dos alvirrubros.
Nos primeiros meses de águia
ao peito deu logo nas vistas e somou as únicas internacionalizações que tem no
currículo, todas pela seleção nacional de sub-19. Quis o destino que a última,
a 2 de abril de 2003, fosse num jogo disputado no Barreiro,
mais concretamente no Estádio Alfredo da Silva, um empate a zero com a Rússia
a contar para a fase de apuramento para o Campeonato da Europa da categoria. Nessa
tarde atuou ao lado de Paulo Ribeiro, Amoreirinha, Paulo Sérgio, Hugo Almeida,
João Pereira, Hélio Pinto e Filipe Oliveira, entre outros, às ordens do
selecionador Carlos Dinis. Pelos russos
jogaram, por exemplo, os futuros internacionais A Igor Denisov e Vladimir
Bystrov. No arranque da temporada
seguinte, o treinador da equipa principal do Benfica,
o espanhol José Antonio Camacho, viu-se privado dos lesionados Nuno Gomes, Tomo
Sokota e Mantorras e por isso decidiu chamar Vasco Firmino, que treinou com
craques como Simão Sabrosa, Miguel, Tiago, Petit ou Geovanni e chegou a ser
convocado para uma receção ao Vitória
de Guimarães em agosto de 2003, mas sem surgir na ficha de jogo. Em
fevereiro do ano seguinte, poucas semanas após a morte de Miki
Fehér, voltou a ser convocado, desta feita para uma partida da Taça
de Portugal diante do Nacional,
mas tornou a ficar de fora.
“Trabalhei com a equipa principal
e estive em duas convocatórias, embora tenha acabado por ficar na bancada. Foi
pena, mas convivi com jogadores de topo. Infelizmente, nesse ano perdemos o Miki
Fehér, uma situação trágica e que muito me marcou. Ainda por cima, perdemos
pouco tempo depois outro jogador que conhecia bem: o Bruno Baião”, recordou ao Maisfutebol
em junho de 2015.
Com contrato com o Benfica
até junho de 2006, atuou quase sempre pela equipa B, tendo contribuído para a
conquista do título de campeão da Série E da III Divisão em 2004-05. “O meu
melhor registo foram 20 golos numa época em que não joguei sempre. E não
esqueço o ano em que fomos campeões da III Divisão, com a equipa B. A verdade é
que é o único título do Benfica
nas divisões inferiores”, lembrou o avançado, que durante a sua passagem pela Luz
só viu dois produtos da formação encarnada
terem algum sucesso na equipa principal: João Pereira e Manuel Fernandes.
A diferença entre Vasco Firmino e
tantas outras promessas é que o antigo avançado, agora com 40 anos, nunca
descurou os estudos. Enquanto treinava na equipa principal do Benfica,
concluiu o ensino secundário com uma média de 17,8 valores e decidiu seguir
medicina, beneficiando do estatuto de atleta competição.
Durante a vigência do contrato profissional
com as águias
foi-lhe difícil conciliar futebol e percurso académico, mas a partir de 2006
acelerou a fundo no curso de medicina até o terminar em 2012. Paralelamente,
foi continuando a jogar futebol perto de casa, ao serviço de Alcochetense, Pinhalnovense,
Fabril
e Barreirense.
Quis o destino que a sua última época,
2012-13, fosse a melhor da carreira, com 17 golos que ajudaram o Barreirense
a ascender ao Campeonato
de Portugal, incluindo o que valeu a promoção, curiosamente já após lhe ter
sido diagnosticada uma arritmia. Depois pendurou as botas, aos 29 anos, para
exercer a profissão de médico. Trabalhou no Centro Hospitalar Barreiro-Montijo e,
entretanto, especializou-se em pneumologia e é hoje pneumologista na CUF.
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