terça-feira, 30 de julho de 2024

“Apartheid? Não conheço, mas se é perigoso vou fazer marcação em cima”. As melhores pérolas de Amaral

Amaral disputou 29 jogos pelo Benfica entre 1996 e 1998
Amaral era o típico jogador brasileiro proveniente de raízes humildes, com poucos estudos, que não era conhecido pelo nome de batismo (Alexandre da Silva Mariano) e que construiu uma carreira de muito bom nível. Aos 14 anos já trabalhava numa funerária na sua cidade natal, Capivari, no estado de São Paulo, mas manteve sempre vivo o sonho de ser futebolista.
 
Depois de despontar no Palmeiras e de ter chegado à seleção brasileira, foi contratado pelo Parma, que por sua vez o emprestou ao Benfica no final de 1996. Esse empréstimo de cerca de meio ano correu tão bem que os adeptos encarnados promoveram a “Operação Fica Amaral”, uma conta que convidava os benfiquistas a depositar dinheiro para a compra do passe do jogador. No entanto, a quantia angariada não chegou e o médio teve de voltar ao Palmeiras. Haveria de voltar à Luz entre dezembro de 1997 e maio do ano seguinte, mas sem o mesmo brilho do que na passagem anterior, na qual havia exibido uma contagiante entrega ao jogo e uma simplicidade admirável.
 
Amaral “Coveiro”, alcunha que erradamente ganhou – “fazia maquilhagem, colocava no caixão, arrumava, mas cova nunca fiz não”, explicou ao Canal 11 –, tem no currículo 12 internacionalizações pela seleção principal do Brasil e passagens por clubes como Corinthians, Vasco da Gama, Fiorentina, Besiktas, Grêmio e Atlético Mineiro, e sempre demonstrou uma capacidade rara de rir dele próprio.
 
 
 
Quando vivia em Lisboa, passou à frente de alguém numa fila de supermercado e ouviu um “ei, vai para a bicha”. “Está me estranhando? Eu não te conheço de lado nenhum não”, respondeu, desconhecendo na altura os vários significados da palavra “bicha” em Portugal.
 
 
 
Da mesma forma, riu-se a meio de uma conversa entre Edmundo e Vanderlei Luxemburgo que envolvia outdoors, quando os três estavam no Palmeiras, o que levou o treinador a perguntar-lhe se Amaral sabia o que era um outdoor. “Estão de brincadeira comigo? Claro que sei o que é um outdoor. É um cachorro quente”, respondeu.
 
 
 
Noutra ocasião, após uma vitória em Recife, sugeriu aos companheiros de equipa festejar ao Forró do Gerson, uma suposta discoteca que tinha visto ao passar no autocarro, com muitas luzes e carros à porta, na ponta da Praia da Boa Viagem. Chamaram quatro táxis, mas os taxistas foram avisando que nunca tinham ouvido falar de tal coisa. À chegada ao local, depararam-se com o letreiro: “Ferro e Gesso, materiais de construção.”
 
 
 
A melhor de todas as tiradas surgiu antes de um jogo particular que disputou pelo Brasil na África do Sul frente à seleção da casa em abril de 1996. À chegada a Joanesburgo, os jornalistas quiseram conhecer a opinião de Amaral, negro e jovem, sobre o Apartheid. “Apartheid? Não conheço, mas se é perigoso vou fazer marcação individual em cima.”
 
 



 
 
  
 




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