Bola pontapeada por Lampard tocou no interior da baliza |
Recordo-me de que, quando
Portugal se apurou para o Mundial
2002, houve um jornal desportivo que produziu uma revista dedicada ao
balanço da qualificação lusa e falou sobre as seleções já apuradas para o
torneio. Uma dessas seleções era Inglaterra, e no espaço reservado aos three lions estavam enumerados os vários
resultados da fase de apuramento, entre os quais dois frente à Alemanha que me
chamaram à atenção: derrota por 0-1 em casa e sobretudo a goleada por 1-5 fora.
Foi a derrota mais pesada de sempre da mannschaft
em casa desde a Segunda Guerra Mundial e derrota mais volumosa dos germânicos
em apuramentos para fases finais.
Por outro lado, também cresci a
ler e a ouvir sobre a final do Mundial 1966 e o polémico golo de Geoff Hurst,
validado pelo árbitro apesar de, ainda hoje, passados tantos anos, existirem
dúvidas sobre se a bola terá efetivamente entrado na baliza alemã.
No entanto, o primeiro jogo de
que tenho memória de assistir entre Inglaterra e Alemanha remonta ao Mundial
2010, realizado na África do Sul – o tal Campeonato do Mundo que introduziu uma
nova palavra no vocabulário da língua portuguesa: vuvuzela.
E foi com o som das vuvuzelas
como banda sonora que as duas poderosas seleções mediram forças nos oitavos de
final. Inglaterra, orientada pelo italiano Fabio Capello, mostrou-se implacável
na fase de qualificação após ter falhado o Euro 2008: 27 pontos em 30
possíveis. Já não havia David Beckham nem Paul Scholes, mas os three lions apresentaram-se com vários
jogadores titulares de principais clubes da Premier
League, como John Terry, Ashley Cole e Frank Lampard (Chelsea),
Glen Johnson e Steven Gerrard (Liverpool)
e Wayne Rooney (Manchester
United).
Do lado alemão estavam alguns jogadores
que tinham acabado de disputar a final da Liga
dos Campeões ao serviço do Bayern
Munique frente ao Inter
de Milão de José
Mourinho, como Philipp Lahm, Bastian Schweinsteiger, Thomas Müller, Miroslav
Klose e Mario Gómez. No entanto, também estavam no lote de convocados uma série
de jovens jogadores que ainda eram desconhecidos do grande público, mas que
viriam a marcar os anos seguintes na seleção germânica, como Manuel
Neuer (Schalke
04), Jérôme Boateng (Hamburgo), Sami Khedira (Estugarda), Mesut
Ozil (Werder Bremen) e Toni Kroos (Bayer
Leverkusen por empréstimo do Bayern
Munique), este último não utilizado no encontro diante dos ingleses.
A partida previa-se bastante
equilibrada, mas terminou em goleada. Na sequência de um pontapé de baliza de Neuer,
a defesa inglesa deixou a bola bater no relvado e foi lenta a prevenir o ataque
à profundidade de Klose, que aos 20 minutos bateu David James e igualou Pelé
com 12 golos em fases finais.
Aos 32’, um ataque bem ao estilo
alemão: retilíneo, vertiginoso e objetivo. Podolski concluiu a jogada em golo,
a passe de Muller, perante um David James que protegeu muitíssimo mal a sua
baliza.
No entanto, os ingleses responderam
pouco depois. Na sequência de um cruzamento de Gerrard, o central Matthew Upson
antecipou-se a Neuer
e cabeceou para o fundo das redes (37’).
No minuto seguinte, o momento do
jogo: Lampard rematou de fora da área, fazendo a bola embater na trave, depois
no solo e sobrar para as mãos do guarda-redes germânico. Todas as repetições
foram esclarecedoras: a bola entrou. Mas o árbitro uruguaio Jorge Larrionda e
os seus assistentes julgavam que não.
O mesmo Lampard voltou a estar
perto do 2-2 na segunda parte, na execução de um pontapé livre direto que fez a
bola embater na trave.
A vantagem alemã parecia injusta,
mas a verdade é que a mannschaft foi
a tempo de construir uma goleada, marcando mais dois golos através de
contra-ataques velozes e furiosos, ambos concluídos de forma letal por jovem de
20 anos chamado Thomas Muller, a passes de Schweinsteiger (67’) e Ozil
(70’).
“Aí está a primeira grande bronca
do Campeonato do Mundo. Um remate de Lampard que foi à trave e ultrapassou
claramente a linha fatal no regresso ao solo, mas o árbitro não viu. Seria um
golo que permitiria à Inglaterra chegar ao 2-2 no minuto seguinte ao golo de
Upson que tinha reduzido a vantagem inicial da Alemanha. Polémica à parte,
assistiu-se a um grande jogo de futebol no Estádio Free State, um daqueles que
fica para a história. No final, como previa Gary Lineker, ganhou a Alemanha
(4-1), sem espinhas”, escreveu o Maisfutebol.
A seguir ao Mundial 2010, os
jovens talentos alemães mudaram de ares: Jérôme Boateng transferiu-se para o Manchester
City e Mesut
Ozil e Sami Khedira para o Real
Madrid - Toni Kroos voltou ao Bayern
Munique para se afirmar em definitivo. Quatro anos depois, o núcleo duro
desta seleção sagrou-se campeão mundial no Brasil.
E para o caro leitor, qual é o primeiro jogo entre Inglaterra e Alemanha de que tem memória? E quais foram as melhores e mais marcantes jogos de sempre entre as duas seleções?
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