quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Latón. O polvo do novo Estrela da Amadora

Médio defensivo luso-angolano Latón tem apenas 22 anos
Poucas semanas antes de morrer, o saudoso treinador Vítor Oliveira disse que “uma equipa de futebol é como uma orquestra em que uns tocam violino, violoncelo e outros tambor” e que “é preciso sapato de verniz, tamancos e jogadores que se possam complementar”.
 
No novo Estrela da Amadora, talvez seja o artista Luís Mota e os outros homens de ataque os que mais aparecem nos resumos, assim como o gigante central Yuran quando são focadas as ações ofensivas da equipa adversária, mas nas highlights não aparece quem trava (sem falta) os contra-ataques à nascença, recupera bolas a meio-campo, surge sucessivamente a dar cobertura à linha defensiva e cria superioridade numérica na zona da bola.
 
Na orquestra que é o novo Estrela da Amadora, uns tocam violino e violoncelo, mas a sinfonia dificilmente soaria tão bem sem Latón no tambor. Embora jogue quase de igual forma com os dois pés e seja criterioso e assertivo no passe, o jovem médio defensivo de 22 anos sente dificuldades em verticalizar o jogo, preferindo quase sempre jogar pela certa, lateralizando, colocando a bola num companheiro pouco pressionado.
 
No conjunto orientado por Rui Santos, essa menor aptidão do futebolista luso-angolano em construir é colmada pelo recuo do organizador Chapi Romano, que se vê obrigado a baixar mais no terreno do que é habitual para um n.º 10 para começar a desenhar os ataques a partir de zonas mais recuadas.
 
Pelo que vale ofensivamente, talvez fosse difícil encaixá-lo numa equipa com uma filosofia demasiado romântica, que estimula e é estimulada pela relação de cada jogador com a bola. Porém, é pelo que oferece à equipa no plano defensivo que Latón se destaca.
 
Um autêntico polvo à frente da defesa, onde costuma atuar em cunha com Horácio Jau, oferece uma excelente cobertura à linha mais recuada durante o processo defensivo, basculando a toda a largura do campo à procura de criar superioridade numérica e cortar linhas de passe. E no momento da perda da bola assume um papel fundamental para funcionar como tampão às transições ofensivas da equipa adversária.
 
Além de um posicionamento bastante assertivo, o possante futebolista de 1,85 m também mostra o que vale nos duelos, quase que aparentando ter uma terceira perna, tal a forma como soma desarmes atrás de desarmes e ganha bolas divididas ao longo de cada jogo.
 
 
Embora nas temporadas anteriores tivesse passado entre os pingos na chuva, uma vez que representou o Chaves Satélite nos distritais da AF Vila Real, a equipa B do espanhóis do Alcorcón e um Sintra Football que parecia destinado ao último lugar da sua série no Campeonato de Portugal, pegou de estaca no onze do novo e pujante Estrela da Amadora. E nem a chegada do brasileiro Miranda, com experiência de II Liga adquirida ao serviço do Sp. Covilhã e blindado com cláusula de rescisão de 1,5 milhões de euros, o perturbou minimamente.





   





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