Campeonato de Portugal foi interrompido após a 25.ª jornada |
Depois de, a 8 de abril, a
direção da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) ter entendido dar por
concluídas todas as suas competições seniores devido ao impacto da pandemia
COVID-19, é possível agora fazer um balanço do que foi o Campeonato de
Portugal e eleger os seus protagonistas.
No caso da Série D, Olhanense
e Real
SC terminaram empatados na liderança, mas com os algarvios em vantagem
devido ao confronto direto, embora os realistas
tivessem o melhor ataque (58 golos marcados) e a melhor defesa (16 sofridos), numa
altura em que faltavam disputar nove jornadas.
À espreita estava o Alverca,
que ainda sonhava com a subida. Por outro lado, Sacavenense, Lusitano Évora, Fabril
Barreiro, Aljustrelense e Sintra Football ocupavam a zona de despromoção e
ganham assim mais uma oportunidade para permanecer no terceiro escalão.
A classificação acaba por ter
algum reflexo na escolha deste onze ideal, que aqui disponho em 4x3x3, mas em todos as equipas houve jogadores
em evidência.
Guarda-redes:
André Paulo |
Uma escolha difícil, porque a
Série D tem vários bons guarda-redes, mas arrisco dizer que não tem grandes
guardiões, daqueles que acreditamos que tenham qualidade para se imporem nas
ligas profissionais. Uns exibem reflexos apurados, mas revelam lacunas noutras
vertentes do jogo. Outros apresentam bom jogo de pés ou qualidade na saída aos
cruzamentos, mas não brilham entre os postes.
Na dúvida, escolho o dono da
baliza menos batida, André Paulo, do
Real
SC, que ganhou a titularidade no início de dezembro, na 12.ª jornada, e
sofreu nove golos nas 14 partidas que se seguiram, obtendo uma média de 0,64
golos sofridos por jogo. Talvez não tenha brilhado muito, mas sem dúvida que
deu boa conta do recado, revelando grande fiabilidade entre os postes, nas
saídas aos cruzamentos e até a jogar com os pés. Oriundo do Casa
Pia no último verão, tem 23 anos e uma grande margem de progressão.
Defesas centrais:
Ronaldo |
Mais uma escolha difícil, desta
vez pelo excesso de opções. Havia Muscat e Joshua (ambos do Olhanense),
André Almeida (Real
SC), João Freitas (Alverca)
ou João Sousa (Louletano), que certamente serão escolhidos por muitos os que
façam um exercício idêntico, mas não vou optar por nenhum desses três.
Para central do lado direito
escolho o
brasileiro Ronaldo, patrão da
defesa do Alverca,
depois de ter passado pela formação do Cruzeiro e pelos sub-23
do Sporting, além das seleções jovens do Brasil. Apesar
dos 22 anos, exibiu noção dos espaços que deve ocupar, tendo em conta a
coordenação com a linha defensiva, movimentações dos adversários diretos e
proteção da baliza. Também protege bem o espaço nas costas da defesa.
Ofensivamente oferece qualidade na construção, mostrando-se confortável a
conduzir a bola, até mesmo no meio-campo ofensivo. Além disso, foi uma das
armas dos ribatejanos nas bolas paradas, ao ponto de já ter marcado por três
vezes no campeonato, em 22 jogos.
Branco |
Lateral direito:
Miguel Lopes |
Os experientes Carlitos (Olhanense)
e Adilson (Pinhalnovense)
que me perdoem, mas vou escolher um
jovem central recentemente adaptado ao lado direito da defesa no Sacavenense, Miguel Lopes.
Dinamite |
Lateral esquerdo:
Mais uma escolha nada fácil, por
haver duas opções bastante fortes. Lelo
(Olhanense) era uma delas, mas preferi Dinamite
(Real
SC), um lateral ofensivo, que se envolve bem na manobra ofensiva, com um
bom remate e uma reação forte à perda da bola, oferecendo grande consistência
ao lado esquerdo da defesa. Titular indiscutível pela segunda temporada
consecutiva, disputou 23 jogos e apontou três golos no campeonato. Aos 25 anos,
vai bem a tempo de se aventurar numa liga profissional.
Médio defensivo:
Feiteira |
Uma das decisões mais fáceis. É
verdade que também pensei em Luan
(Alverca), Geraldo (Amora), Biai (Lusitano Évora SAD) ou Celestino (Fabril),
mas optei por Feiteira (Sintrense), um jogador de 27 anos que nem sempre
joga como médio mais defensivo, é verdade, mas que exibe grande capacidade para
desempenhar a função.
Médio centro:
Ruizinho |
Confesso que tenho um fascínio
por centrocampistas, e na Série D do Campeonato de Portugal abundam em
qualidade. Crucifiquem-me, que eu sei que é criminoso deixar de fora Dwann
(Esperança de Lagos), Léléco (Olhanense),
Tiago Morgado (Real
SC), Edson Pires (Mineiro Aljustrelense), Labdi (Armacenenses) ou Gonçalo
Silva (Pinhalnovense),
mas tomar decisões tem destas coisas.
Médio ofensivo:
Hugo Machado |
Já cansa escrever isto – e também
imagino que já canse ler… -, mas era quase impossível escolher alguém de caras
para esta posição. Nomes como Márcio Meira (Real
SC) ou Alex
Apolinário (Alverca) seriam opções bastante válidas, mas optei pelo veterano
Hugo Machado (Loures), 37 anos. A
velocidade das pernas, é bem visível, está uns furos abaixo da dos companheiros
e adversários com quem partilha o terreno de jogo todos os fins de semana. Mas
a velocidade do cérebro, essa, está a um nível superior.
Extremo direito:
Felipe Ryan |
Caleb (Olhanense),
Ivo Braz (Oriental), Yair Castro (1º Dezembro) ou Nico (Pinhalnovense/Olímpico
Montijo) seriam opções válidas, mas vou optar por Felipe Ryan (Real
SC), futebolista brasileiro que atua preferencialmente atrás do ponta de lança,
mas que também pode jogar nas alas. Sempre em pezinhos de lã, este talentoso esquerdino
goza de grande liberdade de movimentos para dar asas à sua enorme criatividade.
Capaz de causar desequilíbrios no
último terço e de pormenores deliciosos com bola, apontou 10 golos em 24 jogos
no campeonato, naquela que foi a temporada de relançamento da carreira, aos 22
anos, depois de uma experiência negativa no Académico Viseu após o sucesso pelo
Caldas na caminhada até às meias-finais da Taça
de Portugal.
Extremo esquerdo:
Sapara |
Desta vez não vou dizer que a
decisão era complicada, porque tinha de ser ele e mais dez. Falo obviamente do nigeriano
Adewale Sapara (Olhanense), que
embora atue numa ala sagrou-se o melhor marcador da Série D, com 15 golos, e o
quinto melhor das quatro séries do Campeonato de Portugal. Embora o físico dele
possa sugerir um futebol à base da potência, essa perceção muda por completo
quando o vemos com a bola nos pés. É um jogador muito evoluído tecnicamente, um
excelente executante, com grande capacidade para colocar a bola à distância e
na… baliza adversária.
Ponta de lança:
Érico Castro |
Hipóteses não faltavam. Pelos
números, teria de optar entre Hassan
(Olhanense) e Diego
Zaporo (Pinhalnovense), que completam o pódio de melhores marcadores com 13
golos cada. Ou então por Jonata Oliveira, que reforçou o Alverca
em janeiro, mas que foi a tempo de faturar por nove vezes em 10 jogos.
Treinador:
Hugo Martins |
Apesar da dinâmica ganhadora de
Vasco Faísca à frente do Olhanense,
do bom arranque de Vasco Matos no comando do Alverca
e do arrojo e qualidade de Zé Nando (Louletano) e Tiago Zorro (Sintrense)
na implementação de sistemas com três centrais, não tive grandes dúvidas na
hora de escolher Hugo
Martins (Real
SC) como melhor treinador da Série D em 2019-20.
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