Valorizado pela ideia de jogo
bastante atrativa do Rio Ave de Miguel Cardoso em 2017-18, o antigo
internacional jovem português Pelé mostrou ao futebol como era capaz de se
relacionar com a bola e terá efetuado uma das melhores épocas da carreira, se
não mesmo a melhor. Agora, aos 29 anos, regressa a Vila
do Conde por empréstimo do Mónaco para fazer o que tão bem sabe.
À frente da defesa, integrado num
duplo pivot geralmente formado com
Tarantini, era o internacional guineense que tinha como missão baixar entre os
centrais para iniciar a construção dos ataques, funcionando como um organizador
de jogo a partir de zonas recuadas.
A partir do momento em que a bola
lhe chegava aos pés, começava a mostrar as qualidades pelas quais o Mónaco
despendeu há dois anos 10 milhões de euros pelo seu passe, depois de se ter
falado de possíveis transferências para Sp.
Braga, Benfica
ou Wolverhampton – curiosamente (ou não), todos clubes do círculo Jorge Mendes,
tal como o Nottingham Forest, emblema que milita no Championship (II liga inglesa) ao qual o
luso-guineense foi emprestado em janeiro de 2019, nos últimos dias dessa janela
do mercado de transferências. Na época transata esteve cedido ao Reading,
da mesma divisão, o que lhe permite regressar a Portugal com experiência
adquirida em países futebolísticos que prezam mais as capacidades físicas.
Dotado de visão de jogo
periférica e de um porte físico bastante razoável (1,82 m), exibiu na primeira
passagem pelos Arcos
capacidade para sair a jogar e decidir bem mesmo em zonas e momentos de forte
pressão dos adversários e, sobretudo, precisão de passe a curta, média e longa
distância. Essa qualidade de passe dava ao Rio Ave a possibilidade de queimar linhas, virar
rapidamente o centro do jogo ou explorar o espaço nas costas da defesa
contrária – Guedes brilhou
nesse aspeto -, assim como de reter a posse de bola e gerir o ritmo do encontro
conforme a necessidade.
Também pelo aspeto defensivo
revelou estar apto para até algo mais do que uma formação que apenas lute pelas
competições europeias em Portugal. Quase sempre bem posicionado, equilibrava a
equipa através da ocupação dos espaços, mostrando-se agressivo no momento de
morder os calcanhares aos adversários, mas ainda assim elegante, sem excessos.
Depois de 11 jogos pelo Mónaco nos
derradeiros meses de 2018, este frio e exímio executante de grandes penalidades
ficou (ainda mais) tapado pela chegada de jogadores como Adrien Silva (emprestado pelo Leicester), Vainqueur (cedido
pelo Antalyaspor) e Fàbregas (contratado pelo Chelsea).
A cedência ao Nottingham Forest fez-lhe bem, embora
não tivesse feito muitos mais jogos: disputou nove, o primeiro dos quais com
uma exibição que lhe valeu um lugar na equipa da semana do Championship. Em 2019-20 continuou no mesmo campeonato para
jogar no Reading,
tendo sido inicialmente orientado pelo português José Gomes e amealhado mais 34
encontros (e um golo).
Funções diferente na seleção
Se Pelé deu nas vistas a jogar como primeiro médio
no Rio Ave, na seleção da Guiné-Bissau o selecionador gosta de libertá-lo
para zonas mais ofensivas, mas o jogador fez notar algum desconforto no
desempenho de outro tipo de tarefas, nomeadamente as de n.º 10. Organizar jogo
de costas para a baliza adversária ou transportar a bola em transições não são
propriamente as funções em que se sente mais cómodo.
Percebeu-se a intenção de Baciro Candé no CAN 2019 em ter
colocado mais perto do golo o mais experiente e um dos mais criteriosos dos
futebolistas que tinha à disposição, mas não resultou. Um
indicador que Mário Silva deverá ter em conta.
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