Valorizado pela ideia de jogo bastante
atrativa do Rio Ave de Miguel Cardoso, o antigo internacional jovem português
Pelé mostrou ao futebol como era capaz de se relacionar com a bola e terá efetuado
uma das melhores épocas da carreira, se não mesmo a melhor.
À frente da defesa, integrado num
duplo pivot geralmente formado com Tarantini, era o internacional guineense que
tinha como missão baixar entre os centrais para iniciar a construção dos
ataques, funcionando como um organizador de jogo a partir de zonas recuadas.
A partir do momento em que a bola
lhe chegava aos pés, começava a mostrar as qualidades pelas quais o Mónaco despendeu 10 milhões de euros pelo seu passe em julho do ano passado, depois de
se ter falado de possíveis transferências para Sp. Braga, Benfica ou Wolverhampton
– curiosamente (ou não), todos clubes do círculo Jorge Mendes, tal como o
Nottingham Forest, emblema que milita no Championship (II liga inglesa) ao qual
o luso-guineense foi emprestado em janeiro, nos últimos dias dessa janela do mercado de transferências.
Dotado de visão de jogo
periférica e de um porte físico bastante razoável (1,82 m), exibiu capacidade
para sair a jogar e decidir bem mesmo em zonas e momentos de forte pressão dos
adversários e, sobretudo, precisão de passe a curta, média e longa distância.
Essa qualidade de passe dava ao Rio Ave a possibilidade de queimar linhas,
virar rapidamente o centro do jogo ou explorar o espaço nas costas da defesa
contrária – Guedes
brilhou nesse aspeto -, assim como de reter a posse de bola e gerir o ritmo do
encontro conforme a necessidade.
Também pelo aspeto defensivo
revelou estar apto para algo mais do que uma formação que apenas lute pelas
competições europeias em Portugal. Quase sempre bem posicionado, equilibrava a
equipa através da ocupação dos espaços, mostrando-se agressivo no momento de
morder os calcanhares aos adversários, mas ainda assim elegante, sem excessos.
Depois de 11 jogos pelo Mónaco na
primeira metade da temporada, este frio e exímio executante de grandes
penalidades ficou (ainda mais) tapado pela chegada de jogadores como Adrien Silva (emprestado pelo Leicester), Vainqueur (cedido pelo Antalyaspor) e
Fàbregas (contratado pelo Chelsea).
A cedência ao Nottingham Forest fez-lhe
bem, embora não tivesse feito muitos mais jogos: disputou nove, o primeiro dos
quais com uma exibição que lhe valeu um lugar na equipa da semana do
Championship. Agora, volta ao mesmo campeonato pela porta do Reading, orientado
pelo português José Gomes e que tem na equipa os portugueses João Virgínia e
Lucas João, novamente por empréstimo dos monegascos, até final da época.
Funções diferente na seleção
Se Pelé deu nas vistas a jogar
como primeiro médio no Rio Ave, na seleção da Guiné-Bissau o selecionador gosta
de libertá-lo para zonas mais ofensivas, mas o jogador fez notar algum
desconforto no desempenho de outro tipo de tarefas, nomeadamente as de n.º 10.
Organizar jogo de costas para a baliza adversária ou transportar a bola em
transições não são propriamente as funções em que se sente mais cómodo.
Percebeu-se a intenção de Baciro Candé em ter colocado mais perto do golo o mais experiente e um dos mais criteriosos dos futebolistas que tinha à disposição, mas não resultou. Um indicador que José Gomes deverá ter em conta.
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