Foi notícia esta segunda-feira o
regresso do Sporting aos treinos. Não foi o primeiro clube a fazê-lo após a
paragem das competições devido ao covid-19,
porque uma semana antes o Nacional
da Madeira, líder da II Liga, já tinha feito o mesmo. Não colocando em
causa as condições de segurança que os dois clubes tenham garantido aos seus
atletas, a decisão de ambos no cenário atual não passa de uma chico-espertice
para obter alguma vantagem desportiva.
Num cenário como este, em que
todos são afetados, mas todos estão inocentes, exigia-se mais união e medidas
concertadas para enfrentar a paragem e estipular o regresso aos treinos. Em
teoria, Sporting e Nacional
poderão aparecer melhor preparados quando o futebol voltar em virtude de terem
mais semanas de trabalho, o que poderá provocar uma espécie de efeito dominó
que arriscará apressar o regresso aos treinos de outras equipas, mesmo aquelas
cujos responsáveis sintam que ainda não terá chegado o momento para retomar a
atividade. Afinal, é legítimo que concorrentes diretos dos leões aos lugares
europeus, como Sp.
Braga, Rio Ave, Vitória
de Guimarães ou Famalicão,
se sintam pressionados a voltar precocemente aos aprontos, assim como as
equipas que pretendam ultrapassar os nacionalistas
na II Liga.
Para quem tinha esperança que o covid-19
melhorasse o ambiente do futebol português, aqui está a prova de que não vale a
pena acreditar em impossíveis. A pandemia do mau dirigismo e da falta de
cultura desportiva tão cedo não encontrará vacina.
Por falar em regressos precoces,
a Liga Portugal equaciona retomar os campeonatos no final de maio/início de
junho com jogos à porta fechada ou, quanto muito, abrindo o estádio apenas aos
donos dos lugares cativos. Como
já alertei num artigo anterior, é bastante perigoso procurar um meio termo para
encontrar solução para o regresso ao futebol.
Os jogos até poderão decorrer sem
público, mas será que Pedro Proença e seus pares estão à espera que, com a luta
ao título ao rubro, adeptos de FC Porto e Benfica
se limitem a ficar em casa a roer as unhas enquanto acompanham os jogos das
suas equipas pela televisão? E as receções aos autocarros? E as idas aos hotéis
e/ou centros de estágios para transmitir apoio? Haverá capacidade e/ou
disponibilidade das autoridades para impedir grandes concentrações de adeptos
junto aos locais por onde as equipas vão passar ao longo das últimas semanas
dos campeonatos?
Recorde-se que, antes da
interrupção das competições, a UEFA decidiu que o Valencia-Atalanta dos quartos
de final da Liga dos Campeões fosse disputado à porta fechada. Mas os adeptos che, crentes de que a sua equipa poderia
dar a volta à derrota em Itália (1-4) e passar a eliminatória, aglomeraram-se nas
imediações do Mestalla para protagonizarem uma receção apoteótica ao autocarro da
equipa e para se fazerem ouvir em campo. Será possível evitar algo semelhante
em Portugal em todos os 180 jogos das ligas profissionais que faltam disputar
até ao final da temporada? Eis a questão.
Sem comentários:
Enviar um comentário