Hoje faz anos o mais “fabuloso” flop da história do FC Porto. Quem se lembra de Luís Fabiano?
Luís Fabiano marcou apenas três golos em 27 jogos pelo FC Porto
É talvez um dos maiores mistérios
do futebol português: apelidado de “Fabuloso”, Luís Fabiano marcou golos em
quase todo o lado, nomeadamente Ponte
Preta, São
Paulo, Sevilha
e seleção
brasileira, conquistou troféus internacionais e afirmou-se no Brasil, em Espanha
e na China como um goleador-nato, mas não vingou – nem de perto nem de longe –
no FC
Porto.
Melhor marcador do Brasileirão em
2002 e da Taça
Libertadores em 2004, reforçou o FC
Porto no verão de 2004, logo após ter contribuído com dois golos para a
conquista da Copa
América, numa transferência que custou aos dragões
cerca de 3,5 milhões de euros, uma verba baixa tendo em conta as pretensões do São
Paulo. “Ele mudou a postura dele e disse que queria ir embora. Não dá para
pagar um jogador caro e insatisfeito”, afirmou na altura o presidente do tricolor
paulista, Marcelo Portugal Gouvêa. Apresentado já com a temporada a
decorrer, a 31 de agosto, estreou-se como suplente utilizado num empate
caseiro diante do CSKA Moscovo (0-0), no arranque da defesa do título europeu
por parte dos azuis e brancos. Quatro dias depois, foi titular numa receção
ao Estoril (2-2) e confirmou as credenciais de goleador ao marcar um golo.
Esse haveria de ser, porém, um dos apenas três golos apontados ao longo de 27
encontros (15 a titular) nessa temporada – faturou também diante do Marítimo
nos Barreiros (1-1), em dezembro de 2004, e numa receção ao Rio
Ave (1-1), em janeiro de 2005.
“Era um ano de reconstrução no FC
Porto. Foi um momento difícil porque a equipa estava à procura de
entrosamento e a tentar acertar novamente. Mas no meu caso, em particular,
houve outros problemas. Além de um processo de adaptação difícil, também sofri
muito com problemas fora do campo, principalmente com o sequestro da minha mãe
no Brasil”, justificou o avançado brasileiro ao Maisfutebol
em abril de 2014.
Como consolação, conquistou a
Taça Intercontinental, tendo até sido titular na partida frente ao Once Caldas
em Yokohama, no Japão. “Eu acho que o meu melhor jogo foi na final da Taça
Intercontinental (…) Foi muito especial, em tudo. Pela importância do título,
claro, e para mim ainda tinha um sabor redobrado por ser contra o Once Caldas.
Esse clube tinha eliminado o São
Paulo, onde eu atuava, na meia-final da Taça
Libertadores nesse mesmo ano de 2004. Foi um jogo muito complicado, pois a
equipa deles jogava muito defensivamente e, mesmo criando as melhores
oportunidades no jogo, não conseguimos sair com a vitória no tempo normal.
Fomos felizes nos penáltis e levámos o título para Portugal”, recordou.
Apesar da época pouco produtiva
no Dragão,
foi transferido para o Sevilha
no verão de 2005 por quase o triplo do que custou: 10 milhões de euros. Na
Andaluzia, tornou-se um ídolo, tendo sido peça fundamental para as conquistas
da Taça
UEFA em 2005-06 e 2006-07,
da Supertaça
Europeia em 2006, da Taça do Rei em 2006-07 e 2009-10 e da Supertaça de
Espanha em 2007. Adicionalmente, esteve perto de se sagrar campeão espanhol em
2006-07, tendo os sevilhistas
entrado para a última jornada a apenas dois pontos dos líderes Real
Madrid e Barcelona,
mas os triunfos de merengues
e catalães
e a derrota caseira às mãos do Villarreal
impediram a concretização desse sonho. “Foi um período muito importante
na minha carreira. Fui muito feliz profissionalmente. Em sete anos conquistei
sete títulos. No Sevilha,
inclusivamente, voltei à seleção
do Brasil. Disputei a Taça das Confederações, em 2009, e o Mundial de 2010,
dois momentos especiais na minha carreira”, lembrou o ponta de lança, nomeado
para a Bola de Ouro e para melhor jogador do ano para a FIFA em 2009, ano em
que venceu a Taça das Confederações.
Em março de 2011, numa altura em
que já tinha 30 anos, regressou ao São
Paulo, que pagou 7,6 milhões de euros pelo seu passe. Neste regresso ao Morumbi
venceu a Copa Sul-Americana e sagrou-se melhor marcador da Copa do Brasil em
2012. No entanto, os anos que se
seguiram ficaram marcados por lesões e críticas por parte dos próprios adeptos
do São
Paulo e da imprensa desportiva brasileira. Uma claque chegou a entoar o
cântico “Luís Fabiano, amarelão, sai do Tricolor
e vai jogar no Itaquerão” no centro de treinos da Barra Funda em 6 de abril de
2013. “Eles estão satisfeitos? Não? Então, paciência. Tenho o meu contrato e
farei o meu melhor. Sei que muitas coisas podem acontecer no futebol, mas, a
princípio, vou ficar aqui. Se depender de mim, cumpro esses dois anos mesmo com
xingamento, desconfiança e tristeza”, chegou a afirmar o jogador em janeiro de
2014.
Aos 35 anos, Luís Fabiano deixou
finalmente o tricolor
paulista e assinou pelo Tianjin Tianhai, da II Divisão Chinesa, ajudando a
equipa a conseguir a promoção ao primeiro escalão em 2016. No último ano da carreira, em
2017, representou o Vasco
da Gama, mas em outubro, numa altura em que não vinha a conseguir jogar
devido a problemas físicos, pediu para não receber mais salários até estar
apto. Acabou por rescindir contrato com os vascaínos
em fevereiro de 2018, mas só anunciou que estava retirado no final de 2021,
quatro anos após o seu último jogo oficial.
Sem comentários:
Enviar um comentário