“Não sou a Gina Lollobrigida nem a Marilyn Monroe, mas também tenho um belo rabo”. As melhores frases de Trapattoni
Trapattoni orientou e guiou o Benfica ao título nacional em 2004-05
Futebolista de topo na década de
1960 e um dos técnicos mais titulados de sempre, Giovanni
Trapattoni é um dos poucos treinadores a ter vencido quatro ligas europeias
(italiana, alemã, portuguesa e
austríaca), o único a ter conquistado Taça
dos Campeões Europeus, Taça
UEFA, Taça das Taças, Supertaça Europeia e Taça Intercontinental e um dos
poucos que ergueu Taça
dos Campeões Europeus, Taça das Taças e Taça Intercontinental como jogador
e treinador.
É também um homem incomum, com um
discurso nem sempre coerente ou harmonioso e no qual incluía neologismos e
conceitos inventados pelo próprio. “Encontrámos o nosso fio elétrico
condutor”, disse um dia. “Não vamos contratar um jogador qualquer para fazer
qualquerismos”, afirmou noutra ocasião. Tinha também um estilo inato para
a confrontação, gostava de falar alto e quando se irritava cometia gafes e não
fazia amigos. “Ícaro voava, mas Ícaro era um estúpido, raios o portam”, atirou
certo dia. Na verdade, a lenda dizia que Ícaro sonhava voar, mas não voava, e
até morreu por causa desse sonho. Desde que começou a falar com
regularidade à imprensa, quando se tornou treinador na década de 1970, até se
retirar, em 2013, que repetia princípios de jogo e algumas ideias. Até as que
se foram tornando desatualizadas. “Não sou Gina Lollobrigida nem a Marilyn
Monroe e não mereço tanta atenção, embora saiba que também tenho um belo rabo”,
afirmou, algures em 2012 ou 2013, numa altura em que Gina Lollobrigida já tinha
cerca de 85 anos e Marilyn Monroe já havia morrido há meio século.
Antigo defesa natural de uma
localidade nos arredores de Milão, representou as camadas jovens e a equipa
principal do AC
Milan, clube pelo qual conquistou tudo o que havia para conquistar entre
1957 e 1971. Após pendurar as botas começou a
trabalhar como treinador na formação dos rossoneri,
acabando por assumir interinamente o comando da equipa principal em 1973-74,
tendo sido convidado para se tornar no treinador definitivo em 1975. A primeira aventura como técnico
não correu propriamente bem, mas redimiu-se quando assumiu a rival Juventus em
1976-77. Combinando o velho rigor defensivo italiano com uma liberdade de
movimentos inspirada no “futebol total” neerlandês, arrebatou tudo o que havia
para ganhar ao longo de uma década em Turim. Além dos troféus internacionais já
citados, venceu ainda seis campeonatos e duas taças. Seguiram-se cinco anos também gloriosos
no Inter de Milão: uma Taça
UEFA, um campeonato e uma supertaça. Haveria ainda de regressar
à Juventus para
vencer a Taça
UEFA, conquistar a Alemanha ao
leme do Bayern
Munique e passar pela Fiorentina e
pela seleção
italiana antes de ser convidado para treinar o Benfica no
verão de 2004. Pragmático, manteve a estrutura
da equipa construída e oleada pelo espanhol José Antonio Camacho nos dois anos
anteriores, com Moreira
na baliza, Luisão e Ricardo
Rocha no eixo defensivo, Miguel e Fyssas
nas laterais, Petit e Manuel Fernandes no duplo pivot do meio-campo, Zahovic
atrás do ponta de lança, Geovanni e Simão Sabrosa nas alas e Nuno Gomes na
frente de ataque. Depois, a dinâmica da época fez com que Quim passasse a ser o
guarda-redes titular, Manuel dos Santos maioritariamente escolhido para a
lateral esquerda e Zahovic
preterido ao ponto de até ter rescindido quando Nuno
Assis foi contratado.
Perante a concorrência de
um FC
Porto instável e que havia batido no teto depois de conquistar a Liga
dos Campeões e de um Sporting irregular,
o treinador
italiano guiou o Benfica ao
primeiro título nacional desde 1993-94. Nessa época, 65 pontos em 34 jogos
bastaram, num dos mais emocionantes campeonatos de sempre. Para a conquista desse campeonato
muito contribuíram a magia de Simão, os golos ao cair do pano da arma secreta
Mantorras, os desempenhos menos conseguidos dos rivais, a vitória na penúltima
jornada sobre o Sporting na Luz com
golo de Luisão e um empate no jogo do título, no Bessa. Uma semana após o fim da I
Liga, Trapattoni
teve a possibilidade de levar o Benfica à
dobradinha, mas perdeu a final da Taça
de Portugal para o Vitória
de Setúbal. Deixou o cargo porque tinha o desejo de voltar a Itália, para
estar mais perto dos netos, mas acabou por assinar pelo Estugarda
poucas semanas depois.
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