quinta-feira, 24 de outubro de 2024

“Tenho um rabo à prova de terramotos”. As melhores frases de Carlo Ancelotti

Ancelotti já venceu cinco Champions como treinador
Carlo Ancelotti não é um treinador que tenha uma imagem de marca, porque não tem sistema tático, modelo de jogo preferencial ou princípios de jogo que sejam identificáveis em todas as suas equipas. Mas talvez seja essa a sua imagem de marca: adapta-se (muito bem) ao que tem e é em função disso que constrói o jogar das suas equipas. E também é um bom gestor de egos, tal como já demonstrou ao leme de plantéis recheados de estrelas como os de AC Milan (2001 a 2009), Chelsea (2009 a 2011), Paris Saint-Germain (2011 a 2013), Real Madrid (2013 a 2015 e desde 2021) ou Bayern Munique (2016 e 2017).
 
No AC Milan começou com um 4x4x2 losango para conciliar Shevchenko e Inzaghi no ataque (com Rui Costa nas costas), mas a dada altura mudou para um sistema que ficou conhecido como a árvore de Natal (4x3x2x1), que permitia conciliar Rui Costa e Kaká no apoio ao ponta de lança

4x4x2 losango do Milan na final da Champions em 2002-03

Porém, nesta segunda estadia na capital espanhola ganhou a Champions em 2021-22 com um 4x3x3 com Valverde como falso extremo direito, ganhou o campeonato em 2023-24 com um 4x4x2 losango em que Bellingham atuava nas costas de Rodrygo e Vinícius Junior e agora tem experimentado um 4x4x2 losango para conciliar Bellingham, Vinícius Junior, Mbappé e Rodrygo. Já temos visto as suas equipas a pressionar alto e a dar recitais em organização ofensiva, mas também a esperar mais atrás e a tentar sair em contra-ataque, como nos jogos dos últimos anos diante do Manchester City na Liga dos Campeões.
 
A árvore de Natal no scudetto do Milan em 2003-04
A carreira de treinador começou depois de ter sido um jogador também de elevado nível, que fez parte do grande AC Milan do final da década de 1980 e princípio dos anos 1990, ainda que como uma figura secundária de uma equipa que tinha como principais protagonistas Van Basten, Gullit ou Rijkaard.
 
Depois de pendurar as botas com duas Taças dos Campeões Europeus e três campeonatos de Itália no currículo, começou a trabalhar como adjunto de Arrigo Sacchi na seleção italiana e aceitou iniciar o seu percurso como treinador principal no clube da terra, o Reggiana, conseguindo logo nessa época de estreia (1995-96) a subida à Serie A.
 
Seguiram-se dois anos no Parma, tendo apurado os parmesãos para a Liga dos Campeões em 1997. No início da temporada seguinte, o clube havia chegado a acordo para contratar Roberto Baggio, mas Ancelotti impediu a transferência por não sentir que um jogador com Baggio se pudesse encaixar no seu sistema tático. “Baggio fez 25 golos nesse ano… pelo Bolonha. Perdi 25 golos, no mínimo. Foi um grande erro”, admitiu, talvez percebendo aí que a tática é que tinha de se adaptar aos craques e não o contrário, numa fase em que ainda estava muito agarrado ao 4x4x2 de Sacchi.
 
4x3x3 do Real Madrid com BBC no ataque
Entretanto deu o salto para a Juventus, mas não foi propriamente feliz, uma vez que só venceu uma Taça Intertoto (1999).
 
Após cerca de meio ano no desemprego, sucedeu a Fatih Terim no comando técnico do AC Milan em novembro de 2001 e viveu um grande período de sucesso, guiando os rossoneri à conquista de duas Ligas dos Campeões, duas Supertaças Europeias, um Mundial de Clubes, um campeonato italiano, uma Taça de Itália e uma Supertaça de Itália.
 
Em Milão ganhou o estatuto de treinador de topo mundial, mas nunca deixou de ser um homem discreto, tranquilo e por vezes algo cinzento. Assumiu sentir pressão quando citou Nils Liedholm: “O treinador tem a melhor profissão do mundo, com a exceção dos dias de jogo.”
 
Porém, nunca se deixou intimidar, como disse um dia, desta vez com palavras suas: “Tenho um rabo à prova de terramotos.”



 
 

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