O artista peruano que encantou as Antas. Quem se lembra de Cubillas?
Cubillas somou 66 golos em 110 jogos pelo FC Porto
Três anos e meio depois de ter
feito um Mundial fantástico e de ter sido considerado o sucessor de Pelé pelo
próprio brasileiro e um ano e meio após ter recebido o prémio atribuído ao
melhor jogador da América do Sul e de ter sido o melhor marcador da Taça
Libertadores, Teófilo Cubillas foi contratado pelo FC
Porto ao Basileia em janeiro de 1974 por uma verba astronómica na altura:
5600 contos. O próprio salário, de 125 contos por mês, era considerado uma
fortuna naquela época.
Os adeptos portistas
já conheciam as suas façanhas e receberam-no em apoteose na Invicta. “As ruas
encheram-se! O trajeto do aeroporto ao Estádio das Antas foi emocionante.
Receberam-me como um herói. Os adeptos do FC
Porto gritavam o meu nome, batiam no carro, estavam loucos! Nunca me tinha
sentido assim e nunca mais me voltei a sentir”, recordou o antigo médio
ofensivo/avançado internacional
peruano ao Maisfutebol
em março de 2010. “Lembro-me de olhar para o
contrato e ficar embasbacado. Em Portugal nunca ninguém tinha assinado um
acordo tão longo e tão valioso. Senti que tinha de dar tudo de mim àquelas
pessoas. Veja bem: no segundo ano fui eleito capitão de equipa pelos meus
colegas. Foi um gesto lindo”, prosseguiu.
E Cubillas, a primeira grande
contratação de uma estrela mundial por parte de um clube português – muito antes
de Preud’homme, Schmeichel ou Casillas
–, não desiludiu, apesar de ter deixado Portugal de mãos a abanar ao fim de
três anos. Os seus 66 golos em 110 jogos e as suas brilhantes exibições
deliciaram os adeptos azuis
e brancos. “Havia um senhor chamado Eusébio
e uma equipa, o Benfica,
que tinha o Simões e o Torres. Não ganhei o campeonato nacional e, mesmo assim,
era tratado como uma estrela. Imagine se tivesse sido campeão no FC
Porto. É um clube especial”, lembrou. Em 1975 tornou-se no primeiro
jogador de sempre dos portistas a vencer a Copa América, o ponto alto da
carreira de Cubillas, que também foi eleito o melhor jogador da competição.
Em janeiro de 1977 foi
requisitado pela Federação
do Peru por seis meses para preparar a qualificação para o Campeonato do
Mundo desse ano. O FC
Porto não aceitou e respondeu que só libertava ao jogador se a entidade
pagasse pelo seu passe, exigindo um determinado preço. A Federação aceitou e
Cubillas acabou por se despedir repentinamente das Antas. “Tenho de voltar e
pedir desculpas aos portistas. Nunca me despedi convenientemente”, confessou.
É, ainda hoje, considerado um dos
melhores jogadores de sempre do FC
Porto.
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