Ion Timofte, o romeno que conquistou a Invicta. Quem se lembra dele?
Timofte brilhou com a camisola do Boavista entre 1994 e 2000
Talentoso médio ofensivo
esquerdino com elevada qualidade de passe e com faro para o golo, Ion Timofte
foi figura de proa no campeonato português durante a década de 1990, tendo
brilhado e conquistado títulos com as camisolas dos dois grandes da Invicta, FC
Porto e Boavista.
Às Antas chegou no verão de 1991,
por empréstimo do Poli Timisoara, poucos meses após ter somado as primeiras de
apenas dez internacionalizações pela seleção
da Roménia. “No FC
Porto joguei sempre emprestado pelo Poli Timisoara. Eu não era muito
conhecido, o FC
Porto não quis arriscar um investimento definitivo”, recordou ao Maisfutebol
em junho de 2018. De dragão
ao peito somou 97 jogos e 36 golos, um registo invejável para um não ponta de
lança, e conquistou dois campeonatos, uma Taça
de Portugal e duas Supertaças
Cândido de Oliveira. Ainda assim, não foi convocado para o Mundial 1994. “Um
Mundial onde eu devia ter estado. Merecia ter estado. Não digo que seria titular
indiscutível, mas vinha de três temporadas de muito bom nível no FC
Porto e merecia indiscutivelmente pelo menos estar nos convocados. Fiquei
uma semana muito aborrecido, admito, mas não valia a pena chorar. E decidi
vibrar com a minha Roménia,
por fora”, acrescentou. Apesar dos bons anos que passou
de azul
e branco, o FC
Porto não avançou para a sua contratação em definitivo. “A época no FC
Porto acabou, eu fui de férias e havia negociações para eu continuar nas
Antas. Esperei uns dias e disseram-me que as coisas estavam emperradas. Adorei
trabalhar com o Bobby Robson, tive muita estima por ele. Mas, pronto, a verdade
é que o negócio não foi fechado e ainda hoje não sei porquê. Só sei que o
senhor Robson me disse que estava farto de esperar por mim e ia avançar para
outras contratações. É nessa altura que eu saio e entram o Walter Paz e o
Mogrovejo, dois argentinos que nunca jogaram no FC
Porto”, lembrou. No entanto, Timofte acabou por
voltar à Invicta por insistência de Manuel José, então treinador do Boavista.
“Acabou a época no FC
Porto e voltei à Roménia,
convencido de que ia voltar às Antas. As semanas passaram e percebi que isso
não ia acontecer, por isso voltei ao Porto para ir buscar as minhas roupas, as
malas todas. Já me estava a preparar para jogar num clube em França.
Entretanto, por coincidência, o meu melhor amigo fora do futebol cruzou-se com
o treinador Manuel José e disse-lhe que eu ia sair do FC
Porto. E que era um jogador livre. Meia-hora depois, o major Valentim
telefonou-me e marcou uma reunião comigo. Numa vivenda no Mindelo. Estava lá
ele, o João Loureiro e o engenheiro Sebastião Fernandes. Cheguei, o major quase
não me deixou falar, chegámos facilmente a acordo, tirei uma foto e assinei
pelo Boavista.
Simples, não? No fundo, o Boavista teve mais vontade do que o FC
Porto em me ter”, recordou. Em meia dúzia de anos com a
camisola axadrezada,
venceu uma Taça
de Portugal e uma Supertaça
e jogado a Liga
dos Campeões, tendo somado um total de 174 jogos e 44 golos. Pelo meio,
teve uma lesão grave que o impediu de ir ao Euro 1996. “Adorei jogar no Boavista.
Eu não conheço ninguém que não goste de viver em Portugal. A não ser alguns
portugueses”, rematou.
Quis o destino que, na época
imediatamente a seguir à sua saída, o Boavista
tivesse conquistado o inédito título nacional.
Sem comentários:
Enviar um comentário