Jogo entre Pinhalnovense e Barreirense em maio de 2005 |
O título deste artigo bem podia
ser “O dia em que Pinhal Novo foi invadido por uma multidão vinda do Barreiro”. A 22 de maio de 2005, o Benfica
conquistou o título nacional que lhe fugia há onze anos, mas horas antes outro
clube que veste de vermelho e branco poderia festejar a conquista de um campeonato.
Após ter perdido a liderança da
II Divisão B – Zona Sul para o Olhanense
nas últimas jornadas de 2003-04, o Barreirense
voltou a apostar no treinador Daúto Faquirá e, embora tivesse somado menos
pontos do que na época anterior, assumiu a liderança da prova à 16.ª jornada e só
durante uma semana a perdeu (entre a 22.ª e a 23.ª ronda) até ao final do
campeonato. Contudo, o Pinhalnovense
de Paco Fortes manteve-se sempre a poucos pontos de distância.
Quando os alvirrubros
visitaram o Campo Santos Jorge nessa tarde de maio, na penúltima jornada do
campeonato, os quatro pontos de vantagem tornavam as contas fáceis de fazer:
vitória do Barreirense
ou um empate asseguravam a promoção à II
Liga, uma derrota atirava a decisão para a última jornada.
No entanto, o facto de dois
resultados servirem os interesses do clube
do Barreiro levou a que os seus adeptos e muitos barreirenses se
deslocassem em peso a Pinhal Novo. Eu próprio o fiz, na companhia do meu pai.
Na altura, tinha 13 anos e geralmente acompanhava o Barreirense
a uma certa distância, pois era o Fabril
o clube local que eu seguia mais presencialmente. No entanto, a possibilidade
de um emblema da minha cidade poder ser promovido à II
Liga mexeu comigo.
No entanto, os alvirrubros
denotavam alguns sinais de ansiedade na reta final da temporada, algo comprovável
por vários empates caseiros frente a equipas da segunda meta da tabela – Oriental
(0-0 na 27.ª jornada), Vasco
da Gama de Sines (0-0 na 32.ª), Marítimo B (0-0 na 34.ª) e Estrela
Vendas Novas (0-0 na 36.ª). No Campo Santos Jorge, talvez a presença
massiva de adeptos não tenha sido benéfica para a equipa, que sofreu uma
estrondosa derrota (0-3) e adiou a decisão do título para a derradeira jornada.
Cau (36 minutos), Nuno Abreu (62’)
e André (63’) marcaram os golos do Pinhalnovense,
que curiosamente apresentava em campo uma figura das últimas décadas do Barreirense:
Bruno
Costa.
“Ainda não foi desta que o Barreirense
garantiu a subida à II
Liga, muito por culpa de uma equipa muito experiente como é a do Pinhalnovense
e que, claramente, beneficiou do facto de estar habituado a jogar no sintético.
Num campo a arrebentar pelas costuras, ambos os conjuntos lutavam pelos mesmos objetivos,
se bem que ao Barreirense
bastava um empate para desde já festejar a subida, enquanto que ao Pinhalnovense
não restava outra alternativa se não vencer para manter ainda a esperança no 1.º
lugar”, escreveu o site
não oficial do Barreirense na altura.
“O Pinhalnovense
entrou em campo muito agressivo, não dando possibilidade para que Carlitos e
Moreira pudessem criar os desequilíbrios para Moreno, o jogador mais avançado.
Paco Fortes, apostando em dois avançados, Rui Gomes e André, procurou correr
atrás do prejuízo e a verdade é que foi mais feliz que o seu homólogo alvirrubro”,
pode ler-se.
“Aos 38 minutos, o Pinhalnovense
chega ao golo, num lance típico deste tipo de piso. A defesa barreirense não
alivia a bola endossada pelo meio-campo azul e branco, após vários ressaltos
esta bate no sintético e trai Paulo
Silva indo parar aos pés de Cau que no coração da área rematou para o golo
(…). Num período de dois minutos, o jogo ficou decidido, com o segundo e o terceiro
golo do Pinhalnovense.
O 2-0 surgiu numa falha de marcação dos centrais barreirenses, numa situação de
bola parada, na qual Nuno Abreu, de cabeça, apareceu a desviar na pequena-área.
O 3-0, no minuto seguinte, foi apontado por André, que concluía uma bela jogada
de contra-ataque em que Rui Gomes serviu Brito e este cruzou para o desvio à
boca da baliza do pequeno avançado”, descreveu o portal.
A festa acabou por ficar adiada,
mas não cancelada. E, se calhar, até foi mais bonito assim. Uma semana depois,
numa tarde em que o Estádio
Dom Manuel de Mello se apresentou lotado, o Barreirense
consumou a subida à II
Liga com uma vitória sobre o União Micaelense (2-1). O apito final serviu
de tiro de partida para uma pacífica mas eufórica invasão de campo por parte
dos adeptos.
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