Miguel Assunção está na segunda época em Castelo Branco |
Foi companheiro de equipa do “diferenciado”
Sérgio
Oliveira e do “soneca” Rafa, integrou um plantel do Feirense
na I
Liga e concretizou um sonho de menino ao jogar pela equipa principal dos fogaceiros,
mas uma grave lesão num joelho tem-lhe adiado a afirmação na carreira.
Em entrevista, o guarda-redes
Miguel Assunção fala sobre o clube que representa, o Benfica
Castelo Branco “que merece outros patamares” e recorda o ponto alto da
carreira no Real
SC e as passagens por clubes como o “gigante adormecido” Recreio
de Águeda e o “grande e especial” Sp. Espinho.
RUI COELHO – O Miguel realizou apenas um jogo esta temporada e o Benfica
Castelo Branco ocupa o 2.º lugar da Série E. Como tem estado a correr a
época a nível individual e coletivo?
MIGUEL ASSUNÇÃO – A época tem
estado a correr bem, apesar dos poucos minutos de jogo. Trabalho forte
diariamente para poder estar a um bom nível e a competir pelo lugar. Quanto ao
coletivo, tem sido uma época boa. Visto que estamos na luta pelo objetivo a que
nos propusemos, que é o acesso à Liga 3.
Está a cumprir a sua segunda época no Benfica
Castelo Branco, um clube que tem estado a perseguir a subida à II
Liga. O que tem achado do emblema
albicastrense?
O Benfica
Castelo Branco é uma equipa com muito nome neste campeonato. As condições
são boas, o alojamento é top e as pessoas são sérias. É um clube que paga
sempre a tempo e horas. Portanto, este é um clube que merece outros patamares
por tudo o que engloba o futebol.
Como tem sido treinar sob a orientação do treinador Pedro Barroso e, no
seu caso concreto de guarda-redes, com o técnico Vítor Maia?
O mister Vítor Maia é um jovem treinador,
está no começo de carreira, procura sempre analisar as vertentes de jogo, tal
como os nossos pontos menos fortes, e trabalha-os com bastante qualidade. Temos
uma boa relação e ele tem qualidade para mais altos voos.
E relativamente aos seus companheiros de equipa, quem prevê que possa
atingir as ligas profissionais a breve prazo?
Não falo de ninguém em específico
porque penso que todos os elementos do plantel têm qualidade e capacidade para
atingir os mais altos patamares, mas todos eles sabem do trabalho e dedicação
que são precisos. O Benfica
Castelo Branco vale mais pelo seu todo.
Voltemos atrás no tempo. O Miguel nasceu em Fornos, Santa Maria da
Feira. Como surgiu o gosto pelo futebol?
Aos seis anos, o meu primo (que
jogava na formação do Feirense)
desafiou-me. Desde o primeiro dia que aquela paixão despontou, na altura como
avançado [risos], uns tempos depois como guarda-redes.
Fez quase toda a formação no Feirense.
Qual foi a importância deste clube para a sua vida?
O Feirense,
além de ser o clube da minha terra e, é um clube do qual fui habituado a ver e
a gostar. Foi o clube que me formou como jogador, mas também como homem. Sem
dúvida que foi o clube mais importante para o meu percurso como jogador.
“Sérgio Oliveira sempre foi um jogador diferenciado, competitivo e ambicioso”
Miguel Assunção nos tempos do Feirense |
Em 2007-08 assinou pelo FC
Porto e foi ganhar rodagem para o Padroense, onde teve Sérgio
Oliveira como companheiro de equipa. Como era ele na altura? Já revelava a
qualidade e as características que hoje patenteia ao mais alto nível? Como tem
visto a carreira dele?
O Sérgio sempre foi um jogador
diferenciado, competitivo e ambicioso. A qualidade esteve sempre lá, mas teve
de ganhar rodagem e crescer como jogador para ser o que é hoje. Tenho
acompanhado a evolução dele e não me surpreende, pelo que ele é como
profissional. Estou muito feliz por ele.
O Miguel integrou pela primeira vez a equipa principal do Feirense
em 2011-12, numa época em que os fogaceiros
jogaram na I
Liga. Foi um choque passar dos juniores para um nível tão elevado?
A verdade é que o meu último ano
de júnior foi um pouco atípico, porque fiz uma rotura dos ligamentos cruzados e
perdi grande parte da época. Portanto, a minha esperança de ficar no plantel era
reduzida, mas aconteceu e na altura não foi um choque tão grande porque já
tinha integrado os treinos em júnior de primeiro ano. Mas, evidentemente que a
qualidade é muito superior.
“Vestir a camisola do Feirense
foi o realizar de um sonho de menino”
Em 2012-13 estreou-se ao serviço da equipa principal do Feirense.
Qual foi a sensação?
A sensação de vestir a camisola
do Feirense
num jogo da II
Liga foi o realizar de um sonho de menino e principalmente um prémio pelo meu
esforço, dedicação e trabalho. Foi sem
dúvida uma grande sensação.
“Rafa é supertranquilo e calmo, até lhe chamávamos de soneca”
Nessa temporada partilhou o balneário com Rafa, hoje internacional
português e jogador do Benfica.
Como era ele na altura como jogador e pessoa? Achava que ele iria atingir um
nível tão elevado?
O Rafa é uma pessoa supertranquila
e calma, por vezes até lhe chamávamos de soneca, mas a qualidade sempre esteve
lá. O que ele é hoje é só uma consequência do seu trabalho e qualidade.
“Apoio e carinho das pessoas tornam o Sp. Espinho num clube grande e
especial”
Ainda nessa época, acabou por sair por empréstimo para o Sp. Espinho
para ter mais minutos de jogo. O que achou do clube?
Na altura o Sp. Espinho
atravessava uma fase complicada, não havia dinheiro e as condições não eram as
melhores, mas sentia-se o apoio e o carinho das pessoas e adeptos que tornam o Sp.
Espinho num clube grande e tão especial.
Miguel Assunção com a camisola do Vila Real |
Seguiram-se empréstimos ao Esmoriz e Vila Real. como correram essas
aventuras?
Foram épocas muito positivas em
geral, pois joguei e valorizei-me, mas acima de tudo cresci como jogador.
Seguiram-se as primeiras passagens por emblemas do distrito de Castelo
Branco, Vitória de Sernache e Sertanense. O que o levou a mudar-se para a Beira
Baixa e como correram essas experiências?
Na altura tinha rescindido com o Feirense
e foi uma fase complicada. Não estava a conseguir arranjar clube e foi aí que
apareceu a oportunidade do Vitória de Sernache, que eu agarrei. Joguei,
valorizei-me e ano seguinte consegui ir para o Sertanense fazer uma meia época que
foi muito positiva.
No Vitória de Sernache foi orientado por Daniel Kenedy, uma figura do
futebol português. O que achou dos métodos do antigo jogador de Benfica
e FC
Porto?
O mister Kenedy é uma pessoa
incrível e, na altura como meu treinador, ajudou imenso todos os elementos daquele
plantel, não só com toda a sua experiência, mas também com o conhecimento de
jogo.
“O ponto alto da minha carreira foi subir à II Liga pelo Real SC”
A meio da época 2016-17 mudou-se para o Real
SC sagrou-se campeão do Campeonato
de Portugal. O que achou do clube e como viveu essa conquista?
Nessa época o Real
SC era um clube de topo, oferecia todas as condições para podermos ter
sucesso. Cheguei a meio da época, mas ainda a tempo de criar grandes amizades e
de subir à II
Liga, o ponto alto da minha carreira.
“Recreio de Águeda é um gigante adormecido”
Miguel Assunção foi campeão ao serviço do Real SC |
Em 2017-18 regressou à região de Aveiro para representar o Recreio
de Águeda. Com que impressão ficou do clube e dos métodos de trabalho do
carismático José Rachão?
O Recreio
de Águeda, por tudo o que engloba, é um gigante adormecido. É talvez dos
clubes com melhores condições do campeonato. O mister Rachão sem dúvida que é muito
carismático, um treinador com a sua maneira própria de ser, duro, mas que na
altura e perante a equipa que tinha, fazia as coisas funcionarem bem.
Propomos-lhe um desafio. Elabora um onze ideal de futebolistas com os
quais tenha jogado.
Complicada essa pergunta [risos].
Desculpem aqueles que não mencionei. Evidentemente que há outros que gostava
que estivessem aqui:
1 – André Caio, 2- Jorge
Bernardo, 3 – Nuno Tomás; 4 – Pedro Santos, 5 – Zezinho, 6 – Kelvin, 7 –
Palacios, 8 – Thabo Cele, 9- Érico, 10 – Diego, 11 – Marcelo Lopes.
O Miguel foi orientado por treinadores como Francisco Chaló, Nuno Manta
Santos, Tiago Oliveira, Quim
Machado, Henrique Nunes, Bruno Moura, Filipe Moreira, Filipe Martins e José
Rachão. Quem mais o marcou? Tem histórias engraçadas com alguns deles que nos
possa contar?
Nuno Manta Santos foi sem dúvida o
que mais me marcou, pois foi um treinador que apanhei desde os iniciados aos juniores
e até nos seniores do Feirense.
Aos 29 anos, tem algum sonho no futebol que gostasse de cumprir ou
algum clube que gostasse de representar?
Neste momento o meu maior sonho é
voltar a conseguir consolidar o meu nome e tentar fazer o máximo número de
jogos possível, pois desde a época de Águeda, em que me lesionei gravemente no
joelho, que essa lesão me vem atormentando. Portanto, depois do que passei,
primeiro gostaria de subir de divisão no Benfica
Castelo Branco, para poder na época seguinte aqui ou noutro lugar poder apresentar-me
a bom nível.
Entrevista realizada por Rui Coelho
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