Drogba e Costinha disputam a bola no Velódrome |
Na altura, o FC Porto era o detentor do campeonato português, da Taça de Portugal e da Taça UEFA, enquanto o Marselha regressava à Liga dos Campeões após três anos de ausência e procurava recuperar a hegemonia em França.
À partida para o primeiro jogo
entre as duas equipas, no Velódrome, o Real Madrid liderava o grupo, com seis
pontos, seguido do Marselha (três), do FC
Porto (um) e do Partizan (um). Ou seja, se os gauleses vencessem os dragões
nessa noite de 22 de outubro de 2003, criavam um fosso já difícil de recuperar
no que concerne ao apuramento para a fase seguinte.
Esse cenário ganhou alguma vida quando
a formação do sul de França
abriu o ativo aos 24 minutos, por intermédio de Didier Drogba, principal
estrela de uma equipa que também contava com jogadores como o gigante central
internacional belga Van Buyten, o médio ofensivo francês Camel Meriem, o
avançado internacional egípcio Mido e o atacante internacional francês Steve
Marlet, precisamente o autor da assistência para o costa-marfinense.
Essa vantagem não durou muito tempo, uma vez que pouco depois da meia hora Maniche combinou com Derlei e rematou cruzado para o fundo das redes do guardião croata Vedran Runje.
Quatro minutos depois, os papéis inverteram-se. Maniche, com um toque de cabeça, lança Derlei em profundidade. O avançado brasileiro tirou um defesa do caminho e apontou o segundo golo dos portistas.
Para assistir a mais golos foi
necessário esperar até à reta final do encontro. Aos 81 minutos, Deco faz um
extraordinário trabalho no corredor direito e serve o médio russo Alenichev,
que com um remate colocado à entrada da área faz o 1-3.
Pouco depois o Marselha reduziu,
por Marlet, de cabeça, na resposta um livre apontado por Meriem.
“Um sucesso para a história. O FC Porto conseguiu arrancar três pontos de um reduto muito complicado, onde a pressão oriunda das bancadas galvaniza a equipa do Olympique de Marselha. Completamente imunes à barulheira infernal que ameaçava deixar toda a gente surda, os dragões fincaram pé, marcaram posição, e impuseram a sua qualidade. Eis o triunfo fora de casa na Liga dos Campeões que faltava o currículo de José Mourinho, mas também de um FC Porto que há demasiado tempo (seis jogos) não se impunha longe das Antas na principal competição europeia”, resumiu o Record.
Duas semanas depois, no Estádio
das Antas, o cenário era bem diferente. Ao contrário do jogo anterior, era o FC
Porto que ficava em posição privilegiada para seguir para oitavos de final em
caso de vitória.
Recordo-me de ter sido um
encontro difícil para a formação então orientada por José
Mourinho, que não contou com o maestro Deco, mas teve em Alenichev um digno
substituto, uma vez que o internacional russo marcou o único golo da partida
aos 21 minutos através de um chapéu magnífico que deixou Runje pregado ao
relvado. McCarthy ainda cabeceou para fundo das redes, mas bola já se encontrava
no interior da baliza do Marselha. Depois foi segurar a vantagem até ao apito
final.
“Fantástica. Mesmo fantástica.
Que grande vitória conseguiu ontem o FC
Porto sobre o Marselha, por 1-0, num encontro intensíssimo, em que acabou
por ser mais importante a capacidade de sofrimento dos homens de José Mourinho
do que o futebol propriamente dito. Pelo menos, o futebol nos termos em que
habitualmente falamos dele. Ontem, ao contrário do que vem sucedendo na SuperLiga,
os dragões
não foram sempre a melhor equipa. Nem a mais poderosa. Mas souberam, com uma
raça inigualável nos terrenos nacionais, defender, cerrar os dentes, suportar a
pressão e com isso saber merecer uma vitória sofrida, é certo, mas merecida. E
o FC
Porto reaprendeu a ganhar na Europa... mesmo sem ter Deco”, escreveu o Record
no dia seguinte.
As duas equipas voltaram a defrontar-se
na fase de grupos da Liga
dos Campeões em 2007-08, com empate a um golo em Marselha e vitória do FC
Porto no Dragão
(2-1).
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