O Amora
tem passado discreto nesta janela do mercado de transferências, o que não
significa que esteja a atuar no acerto. Mauro de Almeida, que nas últimas três
épocas exerceu o cargo de vice-presidente da SAD do Sintrense,
assumiu a direção geral da sociedade desportiva amorense
e apressou-se a levar consigo Tiago
Feiteira, médio nascido e com grande parte do percurso feito essencialmente
na margem
sul do Tejo, mas na última temporada atuou no conjunto
de Sintra.
Não será fácil encontrar
jogadores no Campeonato
de Portugal dotados de uma qualidade de passe superior à deste
centrocampista natural de Almada. A curta, média ou longa distância, junto ao
relvado ou por alto, para o pé, cabeça ou em profundidade, a entrega de bola do
jogador formado no Sporting
e no Vitória
de Setúbal é pautada pela grande precisão. Não era por acaso que era o
homem das bolas paradas do Sintrense.
No 3x5x2 (ou 5x3x2) da formação
orientada por Tiago Zorro, Feiteira
encaixava no vértice mais recuado do triângulo do meio-campo, o que lhe permitia
mostrar-se aos defesas durante a construção de jogo e a partir daí começar a
pensar os ataques do conjunto amarelo e azul e a fazer a bola rolar através dos
seus passes certeiros. Além disso, é capaz de deixar a bola jogável mesmo em
situações de aperto, saindo a jogar ou endereçando o esférico a um companheiro.
No fundo, funcionava como
organizador de jogo apesar de ser o médio que atuava mais atrás, fazendo uso de
uma assinalável leitura de jogo para a divisão em que compete. Na terminologia
do futebol
italiano, quem desempenha essa função é apelidado de regista e Paulo Sousa e Andrea Pirlo foram alguns dos melhores a
interpretá-la.
Dos magos dos tempos áureos do calcio
ao Campeonato
de Portugal vão anos e anos-luz de distância, mas não deixa de ser
prazeroso encontrar talentos no terceiro escalão do futebol português. E Feiteira
é um deles, até porque consegue conciliar alguma classe e qualidade de execução
nos momentos ofensivos com a boa leitura de jogo que lhe permite também em
termos defensivos ganhar os lances na antecipação e ser a principal referência
da sua equipa na recuperação de bola. Era por isso um dos esteios de um Sintrense
que à data da interrupção das competições ocupava o quinto lugar da Série
D, apenas atrás de Olhanense,
Real
SC, Alverca
e Louletano.
O futebol de Tiago
Feiteira merecia melhores relvados e campeonatos, mas os seus 27 anos - comemora 28 dia 6 - já
são considerados uma idade avançada para muitos dirigentes de clubes das ligas
profissionais, que olham cada vez mais para questões extradesportivas. Quem
ganha com isto é o Amora,
que já teve o jogador nas suas fileiras em 2016-17.
Além do antigo médio do Sintrense,
Marcos Silva e Matheus Souza (ambos ex-Praiense) e Dwann (ex-Esperança de
Lagos), Janú Silva (ex- Tulsa Roughnecks, dos EUA) são outros dos reforços que
vão aguçando o apetite de quem gosta do Amora,
que terá ainda Pedro Hipólito (ex-Anadia, 3.º classificado da Série C na época
passada) como treinador e Diogo Fonseca (ex-Praiense, 1.º classificado da Série
C em 2019-20) como diretor desportivo.
Sem comentários:
Enviar um comentário