Sintrense e 1º Dezembro em dérbi no Campeonato de Portugal |
Nem sempre o futebol
acompanha a densidade populacional ou o volume do tecido empresarial
de um concelho. Estar na metrópole pode ajudar, mas não é
decisivo. Tanto assim é que os dez municípios mais populosos de
Portugal (segundo os censos de 2015) que nunca tiveram clubes na I
Liga estão todos inseridos nas áreas metropolitanas de Lisboa e
Porto. Uns ainda tiveram (ou têm) equipas bem perto da elite, na II
Liga, mas outros nunca estiveram próximos de realizar esse sonho.
Saiba quais são.
10. Paredes (86.554 habitantes)
Em 1991 ascendeu à
categoria de cidade, mas no futebol nunca subiu à categoria máxima,
num registo desportivo discreto que se estende às outras
modalidades.
O clube concelhio que
esteve mais perto de alcançar esse feito foi o Aliados Lordelo, que
com Jaime Pacheco na equipa ficou em 2.º lugar na Zona Norte da
antiga II Divisão em 1978-79 e não conseguiu bater a concorrência
do Académico de Viseu na fase de promoção. Na época seguinte foi
despromovido à III Divisão e nunca mais conseguiu um desempenho tão
assinalável, estando atualmente na Divisão de Elite da AF Porto.
9. Valongo (95.188 habitantes)
Em Valongo, o
desporto-rei é o hóquei em patins. Em 2014, a Associação
Desportiva de Valongo intrometeu-se entre os grandes e conquistou não
só o título nacional como a Supertaça.
Em termos de futebol, o
Ermesinde quase deu um ar de sua graça em 1945-46, mas o Famalicão
acabou por levar a melhor na luta pela passagem à fase de promoção
à I Divisão. Melhor não fez o Valonguense, que no início da
década de 1980 esteve na II Divisão mas sempre na metade de baixo
da tabela da Zona Norte.
8. Maia (135.678 habitantes)
O Águas Santas é
presença assídua no primeiro escalão do andebol português e a
União Ciclista da Maia patrocinada por companhias como Jumbo, CIN,
Milaneza e MSS foi uma equipa importante na Volta a Portugal nas
décadas de 1990 e 2000, mas no futebol nunca houve verdadeiramente
uma formação à altura dessas duas no concelho maiato.
Ainda assim, o Futebol
Clube da Maia não foi promovido à I Liga em 2000-01 por uma unha
negra. Com Mário Reis ao leme, ficou em quarto lugar na II Liga, com
os mesmos 64 pontos que Varzim e Vitória
de Setúbal, que subiram de divisão como segundo e terceiro
classificados. Embora tivesse ficado nos dez primeiros lugares nas
quatro temporadas seguintes, acabou por sofrer uma queda vertiginosa
que lhe ditou a extinção, tendo sido refundado em 2009 como Maia
Lidador.
7. Odivelas (154.462 habitantes)
Do norte ao sul, Odivelas
nunca conseguiu ter grande expressão não só no futebol como no
desporto em geral. O principal clube do concelho é o Odivelas
Futebol Clube, que desde 2015 que não tem qualquer atividade na
modalidade. O melhor conseguiu em 80 anos de história foi dois
oitavos lugares na Zona Sul da antiga II Divisão, em 1976-77 e
1983-84, curiosamente quando ainda pertencia ao concelho de…
Loures.
6. Almada (164.625 habitantes)
É o concelho de onde é
natural um Bola de Ouro, Luís Figo, e que viu nascer outros
desportistas de eleição como a judoca Telma Monteiro, o
motociclista Miguel Oliveira e o piloto de rali Carlos Sousa, mas
nunca teve um clube na I Liga.
Esse sonho até poderá
estar próximo, pois o Cova
da Piedade está desde 2016 a uma divisão de distância, mas
estes anos na II Liga têm ficado mais marcados por lutas pela
permanência do que pelo alimentar dessa ambição. O emblema
azul-grená somou mais de duas dezenas de participações na Zona
Sul da II Divisão nas décadas de 1960, 1970 e 1980. O melhor que
conseguiu foi três terceiros lugares, em 1962-63, 1966-67 e 1979-80.
Mais perto da bênção
do Cristo Rei, o Almada Atlético Clube esteve bastante próximo da
elite do futebol português quando ficou em 2.º lugar da sua
série/zona em 1945-46, 1946-47, 1950-51 e 1965-66.
5. Oeiras (168.339 habitantes)
Oeiras deveria aparecer
com um asterisco, uma vez que o Belenenses
SAD no Taguspark, mas atendendo a que os azuis
não são oeirenses de gema, excluir o concelho deste exercício só
o desvirtuaria.
Oeiras é o município de
todo o complexo do Jamor, da conceituada Faculdade de Motricidade
Humana, onde estão sediadas federações de várias modalidades e
que tem clubes respeitados nas modalidades de pavilhão como o Paço
de Arcos no hóquei em patins e os Leões de Porto Salvo no futsal
ou, noutro âmbito, o Sport Algés e Dafundo na natação, ginástica,
judo e vela. No entanto, no futebol nunca esteve perto de cheirar a I
Liga.
A Associação Desportiva
de Oeiras, que venceu por três vezes consecutivas a Taça das Taças
de hóquei em patins (1976-77, 1977-78 e 1978-79), não foi além de
uma presença na extinta II Divisão B em 2012/13, caindo
imediatamente nos distritais.
4. Gondomar (173.644 habitantes)
Colado ao Porto, Gondomar
foi o concelho que viu nascer o múltiplas vezes melhor jogador de
futsal do mundo Ricardinho e até teve em Valentim Loureiro alguém
que liderou em simultâneo a Câmara Municipal e a Liga de Clubes,
mas ainda procura afirmar-se no futebol.
O Gondomar
Sport Clube participou na II Liga entre 2004-05 e 2008-09, mas o
melhor que conseguiu foi um 5.º lugar em 2006-07. Anos antes, quando
ainda estava na II Divisão B, causou furor ao eliminar o Benfica da
Taça
de Portugal em pleno Estádio da Luz.
3. Loures (205.870 habitantes)
Nos arredores de Lisboa,
Loures viu nascer o comendador Beto,
campeão europeu em 2016, mas ainda nenhum clube do concelho atingiu
a elite do futebol português.
O que esteve mais perto
de conseguir foi o Sport
Clube Sacavenense, que contabilizou mais de 20 presenças na
antiga na II Divisão. Em 1962-63, 1971-72, 1979-80 e 1981-82,
alcançou o quarto lugar na Zona Sul. Já Águias de Camarate,
Loures
e Fanhões nunca passaram do terceiro escalão nacional.
2. Vila Nova de Gaia (301.172 habitantes)
A sul do Douro, Vila Nova
de Gaia é o concelho onde trabalha diariamente o FC Porto, no centro
de treinos e formação do Olival, mas os gaienses ainda não tiveram
oportunidade de ver uma equipa da terra na I Divisão. Já no futsal,
o Modicus é uma das principais equipas nacionais, assim como o Valadares Gaia no futebol feminino.
Vários clubes
participaram na II Divisão, mas nenhum conseguiu ascender até entre
os grandes da modalidade. Em 1941-42, o Vilanovense venceu a sua
série, mas caiu na fase de apuramento de campeão, tendo ficado
longe desse sonho nas restantes participações no segundo escalão,
durante as décadas de 1940 e 1970. Na época seguinte, o Candal
passou o mesmo, caindo aos pés do Leça.
Avintes, Oliveira do
Douro, Valadares Gaia e Coimbrões
também participaram no segundo escalão, mas sem o mesmo
protagonismo.
1. Sintra (382.521 habitantes)
De
acordo com os últimos dados, Sintra tem mais de quase 25 mil
habitantes do que a Islândia,
país cuja seleção nacional esteve no Euro 2016 e no Mundial 2018,
mas tal tem valido de pouco para os clubes do concelho, embora por lá
tivessem passado os campeões europeus Danilo Pereira (Arsenal 72),
William
Carvalho (Algueirão e Mira Sintra) e Nani (Real).
O Real
Sport Clube até esteve recentemente na II Liga, em 2017-18, mas
não foi além do último lugar. Antes, nas décadas de 1960 e 1970,
o Sintrense
obteve classificações honrosas na Zona Sul da II Divisão, mas o
melhor que conseguiu foi a 5.ª posição em 1964-65. Já o 1º
Dezembro tem sido mais feliz no futebol feminino, tendo
conquistado o campeonato nacional por 12 vezes, 11 delas
consecutivas.
Análise muito curiosa e interessante. Mas faltou falar da componente feminina .
ResponderEliminarAcrescentaria o Valadares como tendo futebol feminino de primeira. O Colégio de Gaia é campeão nacional de andebol feminino (ainda que infelizmente muito fechado e pouco divulgado até nas redes sociais o que é uma pena).
Penso que em Sintra, o Massamá tb se destaca no hóquei feminino.