Clube do concelho de Cascais retomou o futebol sénior em 2016 |
Três anos depois de ter retomado
o futebol sénior após quase década e meia de ausência, o Abóboda tem vindo a
fazer um percurso ascendente na I Divisão da AF Lisboa, último patamar do
futebol distrital. Depois de se ter classificado em 7.º lugar em 2016/17 e em
5.º na época passada, a equipa do concelho de Cascais não se deixou intimidar
pela concorrência de Belenenses
e Estrela
da Amadora, termina a Série 2 na 3.ª posição, que dá acesso a um playoff de promoção. O sonho da subida
está a pouco mais de uma semana de se tornar realidade, mas para tal é
necessário ultrapassar o Atlético Povoense a duas mãos, a primeira este domingo
em Póvoa de Santa Iria, a segunda em casa na semana seguinte.
A comandar a equipa técnica dos
abobodenses está Daniel Simões, 29 anos. Depois de ter trabalhou durante cinco
anos em vários escalões no Dramático de Cascais quando ainda era jogador do
clube, abraçou em 2015 o projeto da Next Level Sports, que prepara e envia
jovens jogadores entre 15 e 23 anos para os Estados Unidos com bolsas
académicas e desportivas. Para dar competição a todos esses miúdos e conseguir
com que jogassem juntos, a empresa entendeu ter uma equipa sénior. Nesse
sentido, reparou que na zona de Cascais o Abóboda não tinha seniores e avançou
para uma parceria com o emblema da freguesia de São Domingos de Rana em que a
Next Level gere o futebol sénior do clube desde a época 2016/17.
Daniel Simões começou como
adjunto, mas assumiu os destinos da equipa após partida de Domingos Cardoso
para o Casa
Pia B em março de 2017 e agora está a 180 minutos de fazer história. Em
entrevista a poucos dias do playoff,
o técnico faz um balanço da época, antevê os dois jogos que faltam e fala do
impacto de uma subida de divisão para o projeto.
Daniel Simões orienta o Abóboda desde março de 2017 |
O Abóboda tem melhorado a classificação de ano para ano. No início da
época, onde esperavam estar nesta altura? Era no playoff de promoção?
Não necessariamente no playoff. Queríamos lutar para subir de
divisão, embora saibamos que devido ao projeto Next Level o plantel nunca é o
mesmo de ano para ano. Perdemos mais de 50 por cento dos jogadores, porque vão
para os Estados Unidos. Todos os anos temos de reformular o plantel. Temos uma
base de 14 jogadores fora do projeto Next Level, que vêm dos juniores do
Abóboda, de zonas próximas e de jogadores cujas capacidades eu conheço já há
alguns anos. Tudo o resto é do projeto Next Level: temos 50/50 a nível de
plantel. Mas obviamente que estando na I Divisão Distrital, que é a última, o
objetivo principal passaria sempre por tentar a subida de divisão, também para
elevar a marca Next Level.
Mas imagino que pelo menos tenha ficado um pouco assustado quando viu
os nomes de Belenenses
e Estrela
da Amadora na mesma série…
Exatamente! Ficámos um pouco
receosos sabendo que o Estrela
ia avançar com o mister Ricardo Monsanto, que foi meu treinador no
Torreense, e que o Belenenses
ao iniciar um projeto novo não vinha para brincar, mas para subir o mais
rapidamente possível. Isto juntando à equipa B do Linda-a-Velha, que foi das
que mais gostei de ver este ano. Agarrámo-nos ao nosso trabalho e fomos vendo o
que podíamos fazer. Foi uma luta muito difícil.
O adversário do playoff é o
Atlético Povoense. O que já sabe sobre essa equipa?
Sabemos que tem atletas que já
tiveram em patamares mais acima a nível distrital, na Pró-Nacional, e que tem
um plantel mais experiente do que o nosso e jogadores que compõem uma frente de
ataque muito forte. É o pouco que sabemos, não se consegue saber muito mais.
Um playoff a duas mãos é algo
novo para o Abóboda nesta época, uma vez que na Taça AF Lisboa disputou três
eliminatórias a jogo único e o campeonato foi uma prova de regularidade de 30
jornadas. O que é que isto muda na forma de encarar o jogo?
É tudo diferente. Para já, as
informações que temos do adversário são muito básicas, o que nada muda a
estratégia para o jogo. Temos que nos cingir às preocupações com as nossas
rotinas e o nosso modelo de jogo. De resto, fiquei um pouco mais satisfeito por
a primeira mão ser em Póvoa de Santa Iria, num campo muito grande e onde vamos
passar por dificuldades, porque o Povoense marcou muitos golos e enfrentou
equipas fortes como o Bocal, Alverca
B e Sintrense
B, o que significa que é uma grande equipa com certeza. E depois, nos últimos
anos passou da Pró-Nacional para a Divisão de Honra e da Divisão de Honra para
a I Divisão, portanto rapidamente vai querer sair daqui. Vai ser um jogo muito
complicado.
Sendo ingrato fazer uma avaliação da época com base nesses 180 minutos
que faltam jogar, que balanço faz da temporada do Abóboda?
Faço um balanço muito mas mesmo
muito positivo. Todas as equipas têm os seus contextos e as suas dificuldades,
e nós temos esta característica própria de termos de reformular o plantel todos
os anos. E temos um plantel muito jovem, com oito juniores: seis de primeiro
ano e dois de segundo. Isso não dificulta, mas é sem dúvida uma experiência
completamente diferente. Pegando em tudo, o balanço é extremamente positivo. O
nosso atleta mais velho tem 35 anos e não estava à espera de estar num balneário
tão jovem. Foi esta mistura de experiência e juventude que nos fez dar um
bocadinho mais, porque todos estão a passar por experiências novas. Foi uma
época bastante proveitosa, em que ficámos com o segundo melhor ataque do
campeonato [80 golos, apenas superado pelos 143 do Belenenses].
Foi pena termos sofrido tantos golos [40], ficámos com a quinta melhor defesa
[atrás dos 17 do Belenenses,
30 do Porto Salvo, 32 do Linda-a-Velha B e 37 do Operário] e queríamos ter
estado um pouco acima nesse ranking.
Mas acaba por ser uma época muito positiva, independentemente do que possa
acontecer. É isso que digo aos meus atletas, nada nos tira o que já fizemos.
Fomos à final da Taça de Cascais e só perdemos para o União
de Tires, que é da Pró-Nacional, e conseguimos avançar duas eliminatórias
na Taça AF Lisboa, o que nunca tínhamos conseguido.
Jogadores do Abóboda esperam festejar a subida a 23 de junho |
O que significaria a subida de divisão para o projeto Next Level
Sports/Abóboda?
Elevaríamos com certeza a marca
Next Level e conseguiríamos captar atletas com mais qualidade técnica e permitir-nos-ia
elevar os parâmetros dos nossos atletas. Essas seriam as diferenças mais
significativas. Jogar numa divisão que não a última dá outro gosto e o
recrutamento de atletas que não são da Next Level seria muito mais fácil.
Uma figura conhecida muito ligada ao Abóboda é Hélder Cristóvão, antigo
central do Benfica e da seleção nacional. Ele tem-vos dito alguma coisa acerca
da época que estão a fazer?
Ele tem estado na Arábia Saudita
[como diretor geral do Al Nassr e agora como treinador do Al Ettifaq] e tem
passado pouco tempo connosco. Tem o seu braço-direito na figura de José Justo,
que é um dos presidentes da escola de futebol e tem estado próximo de nós. Mas
sempre que o Hélder está cá tenta estar próximo, nos treinos ou nos jogos, para
ser uma figura presente. Sabemos que a imagem Abóboda é a de Hélder Cristóvão.
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